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Sherlock Holmes - 2010 traz versão renovada do famoso detetive e prevê um bom ano para o cinema


Sherlock Holmes - 2010 traz versão renovada do famoso detetive e prevê um bom ano para o cinema

Nota: 8 / 10
Inglaterra/EUA, 2009 - 128 min
Aventura / Suspense
Direção:
Guy Ritchie
Roteiro:
Michael Robert Johnson, Anthony Peckham, Simon Kinberg
Elenco:
Robert Downey Jr., Jude Law, Rachel McAdams, Mark Strong, Kelly Reilly


Lupa, boina, sobretudo e um cachimbo. A figura aústera do londrino mais famoso da literatura policial sempre volta a mente quando falamos de crimes e detetives. Sherlock Holmes inspirou as histórias de detetive e seriados policiais que habitam o mundo atual, com sua forma diferente de analisar evidências. Claro, que também mostrou as imperfeições de um herói viciado em ópio e cocaína, obcecado por seu trabalho. Nos cinemas, apesar de inúmeras participações em filmes, próprios do detetive apenas alguns se destacaram, como O Enigma da Pirâmide, produzido por Steven Spielberg e que tornou-se um clássico dos anos 80. No Brasil, o Holmes clássico conhece as terras tupiniquins em O xangô de Baker Street, mas sua capacidade de dedução é perturbada pelo clima e temperos brasileiros. Foi Guy Ritchie quem trouxe a lenda de volta, com as devidas modificações Ritchianas: o estilo irlandês bom de briga, bêbado e mulherengo substitui a calma e mentalização do personagem de Doyle, mas com a boa intenção de adequá-lo a uma Londres difícil de lidar no século 19.

A história acompanha Holmes enfrentando Blackwood, o líder de uma seita parecida com a maçonaria. Após sua execução, rumores de sua ressureição precisam ser investigados antes que o mundo como o conhecemos seja destruído. Para essa missão, o fiel escudeiro de Holmes, Watson e uma misteriosa garota vão ajudar o detetive, ao mesmo tempo que um conhecido inimigo se levanta nas sombras.

As mãos do estiloso Guy Ritchie podem não tocar mais Madonna, mas ainda provam que o diretor sabe mostrar aquilo que o público quer ver. Conhecido pelo seu trabalho interessante em filmes como Snatch: porcos e diamantes e Jogos, trapaças e dois canos fumegantes, ele também consegue criar obras menos talentosas como o horroroso Destino insólito. Felizmente, Holmes parece trazer de volta não apenas as características visuais do diretor, como também o Ritchie Old School. Os cenários e a música trazem de volta o tom sombrio da Londres em plena revolução industrial. Máquinas a vapor, o auge da tecnologia em um mundo que está prestes a deixar o obscurantismo da idade das trevas. A sujeira aparece mesmo nos filtros de luz pálida que o diretor joga no ambiente e consegue deixar a cidade com o mesmo estilo dos estacionamentos de trailer em Snatch.

Robert Downey Jr. é um ótimo Tony Stark, um século atrás. É impossível não comparar o maior papel do ator com essa nova versão de Holmes. Sai toda a classe do personagem para entrar um Holmes das ruas, violento intempestivo, mas competente como sempre. E pé-de-cana. Aqui, ele ainda luta boxe, como forma de extravasar a tensão. Destaque para a forma competente da utilização dos slow motions em meio as lutas, onde Sherlock visualiza o inimigo antes de acertá-lo . A habilidade dedutiva do detetive também esta lá, e até o final Scoobidiniano(quando Scooby Doo revela que o dono do parque é na verdade o fantasma fantasiado) que faz parte das histórias de Conan Doyle estão presentes. Para ajudar Downey, Jude Law encarna Watson, um verdadeiro veterando de guerra, cheio de surpresa nas mangas e muito mais do que apenas a deixa para falar a frase(que não aparece no filme) "elementar, meu caro Watson. O rival Blackwood(Mark Strong) é assustadoramente místico e serve bem como opositor ao talento inegável do protagonista.

O que mais podemos reconhecer em Holmes é essa luta entre a tecnologia e o sobrenatural, digna dos livros de Sir Conan Doyle. Em todos os momentos nota-se a eterna luta entra a razão e a religião, o medo sendo o principal catalisador da fé. Ao invés de abraçar o desenvolvimento, busca-se o progresso através da subjugação da humanidade, algo que a igreja católica já havia feito e cabia a essa nova religião. Essa discussão claro é obscurecida pelas explosões e ganchos para futuras continuações, mas não se mantém distante do espectador mais atento.

Sherlock Holmes é diferente daquele que conhecemos do livro, mas ainda assim, é um estranho que funciona na telona.

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