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Indicações do Blog Day:

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Não dá pra fugir desse universo que é a blogosfera e nem deixar de citar companheiros de viagem. São eles

www.accirs.com.br - Não é um blog mas paga a conta do cinema. É graças a Associação que tantas críticas podem ser postadas por aqui. Textos e artigos bem legais no site.

www.lematine.wordpress.com - Colega recente que tem um pensamento bem parecido com relação ao cinema. Boas críticas, ótimas listas e sempre comenta por aqui. Vale a pena!

Abraços!

Os Mercenários - Fantasia homoerótica digna dos anos 80!

Os Mercenários - Fantasia homoerótica digna dos anos 80!

NOTA: 3 / 10

The Expendables
EUA , 2010 - 103 min.
Ação

Direção:
Sylvester Stallone

Roteiro:
Dave Callaham, Sylvester Stallone

Elenco:
Sylvester Stallone, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Eric Roberts, Randy Couture, Steve Austin, David Zayas, Giselle Itié, Gary Daniels, Terry Crews, Mickey Rourke



Mercenários é o filme gay do ano. Um monte de astros do cinema de ação malhados ao máximo, nenhuma mulher seminua e muitas cenas comprometedoras detonam qualquer estereótipo desses rapazes que no fundo são sensíveis e apreciam a companhia de seus amigos. Audácia do diretor Sylvester Stallone que soube criar em um filme aparentemente troglodita um marco na história do subliminar. Basta ler nas entrelinhas...

A história mostra um grupo de ex-soldados super treinados que aceita uma missão: assassinar um general que comanda uma ilha na América Central. Claro que eles vão descobrir que existe muito mais por trás dessa missão.

Vou deixar bem claro: entrei para a sessão de cinema esperando um filme de ação tão competente quanto os realizados nos anos 80 e saí satisfeito, neste aspecto. Stallone sabe o que seu público quer e isso se reflete em muitas cenas de ação descabidas, recheadas de explosões e chuvas de balas. Não precisa nem justificar, muito menos quando uma metralhadora explode uma casamata. Mas se o objetivo era emular esse cinema que não se assiste mais recentemente, não tente dar profundidade. É com momentos desnecessário e fora de ordem cronológica que o filme derrapa feio. Fora isso, erros de continuidade toscos, má edição e o típico cinema do diretor, sem pé nem cabeça conseguem tirar do filme o pouco de qualidade que ele poderia ter. Sem contar que nem mesmo a utilização de maquiagem para as cenas de mutiliação é respeitada: temos que nos contentar com efeitos de computador toscos que depreciam ainda mais o filme.

Stallone também é um péssimo ator, quando não interpreta Rocky. É de longe o pior do filme, visto que ao final da sessão é o que menos lembramos. Jason Statham praticamente tem que levar nas costas como co-protagonista, com uma historinha infame sobre sua sensibilidade, plot que apenas serve para mostrar porque ele é o maior ator de ação atualmente. Jet Li e o resto do elenco tão alardeado nas propagandas mal aparecem no filme e quando isso acontecem, apenas repetem as falas já ditas anteriormente. Dolph Lundgreen e Mickey Rourke são destaques por personagens, no mínimo, mais interessantes.

O roteiro não deveria ao menos ser comentado, mas vamos lá: a história é aquela tão tradicional, cheia de clichês e piadas desnecessárias e frases de efeito tão ruins quanto às que seu amigo coloca no MSN. Beira a estupidez em alguns momentos e óbvio, só arranca risadas.

O mais notável de Os Mercenários é uma falsa hipocrisia de que é um filme de machos. Ao contrário, é um filme que como Top Gun, tem tudo para se tornar um marco do cinema gay. Se Tom Cruise ao menos tinha cena de sexo com sua namorada, aqui, Statham compra champagne Rosé e um anel de Rubi que "brilhava mais na loja onde comprei". Rourke não encontra a mulher perfeita e só se sente feliz na companhia dos amigos. Stallone tem a sua frente Gisele Itié, perfeita, exótica, implorando por um beijo, mas dá um abraço fraternal, entra no avião e Statham, o sensível e assexuado namorado da garota, com um sorrisinho sem-vergonha declara: "Eu sabia. Ela não faz seu tipo".

E tenho dito.

O Último Mestre do Ar - Ou "O Avatar que não deu certo"

O Último Mestre do Ar - Ou "O Avatar que não deu certo"

NOTA: 3 / 10

The Last Airbender
EUA , 2010 - 103 minutos
Ação / Fantasia

Direção:
M. Night Shyamalan

Roteiro:
M. Night Shyamalan

Elenco:
Noah Ringer, Dev Patel, Nicola Peltz, Jackson Rathbone, Shaun Toub, Aasif Mandvi, Cliff Curtis


Uma pergunta me assola há pouco mais de dois anos: o que houve com M. Night Shyamalan? Depois de filmes de imenso sucesso comercial e da crítica, nas últimas produções, ele parece ter perdido algo em seus filmes. Se em Fim dos Tempos somos apresentados para uma estúpida desculpa ambientalista em O Último Mestre do Ar temos que lidar com más atuações e um roteiro apressado. Foi-se o tempo em que o diretor conseguia nos manter presos por quase 2 horas e no final, virar completamente o rumo da história com uma revelação surpreendente. Mas, ainda há esperança para o diretor de Sexto Sentido, como seu último filme tenta de todas as formas possíveis mostrar.

Baseado na série de desenhos Avatar (nada a ver com o Avatar de James Cameron), o filme mostra um mundo dividido em quatro reinos: da água, do fogo, do ar e da terra. Quando o reino do fogo decidi conquistar os outros reinos, resta ao avatar, um herói que domina todos os elementos, trazer novamente paz ao reino.

A direção de Shyamalan encontra aqui uma história que não foi desenvolvida pelo próprio diretor, mas teve o roteiro escrito por ele. Ou seja, o fracasso total do filme pode ser jogado em suas costas. O que podemos dizer das técnicas utilizadas por Shyamalan são boas saídas para um filme convencional de aventura. As lutas deixam de ser picotadas para aumentar a velocidade e apostam em tomadas mais longas que privilegiam os movimentos coreografados dos atores. Por mais que os movimentos soem idiotas nas telas de cinema, pelo menos 4 cenas do filme merecem destaque: a luta com dominadores de Terra, a fuga da fortaleza de fogo, a luta no reino do Norte e a dominação do mar, feita por Ang.

A pergunta é: qual a utilidade do 3D no filme? Absolutamente nenhuma. As cenas ficam mais escurecidas e cansam os olhos na maior parte das vezes e em nenhum momento dão profundidade ao filme ou beneficiam de alguma forma. Junto com Fúria de Titãs o filme mostra que a conversão para 3D definitivamente é uma escolha errada.

O elenco é fraco, não há dúvida. Noah Ringer soa patético em suas cenas com falas e talvez, no último frame do filme consiga realmente esboçar uma emoção. Dev Patel só repete o rosto amargurado, longe do garoto de Quem Quer ser um Milhonário, bem como o resto do elenco que entra e sai de cena sem qualquer índice de dramaticidade em suas atuações.

O grande problema de O Último Mestre do Ar é seu roteiro. Fiel ao desenho, tenta condensar mais de 6 horas de história em menos de duas, o que acaba por não sustentar seus personagens e muito menos causar comoção nos momentos dramáticos do filme. Diálogos vazios e soluções fáceis derrubam a história que já pecava em outros aspectos.

De tudo mais, O Último Mestre do Ar é inovador em alguns aspectos, poucos momentos de brilhantismo de Shyamalan. Esses aspectos positivos ficam apagados pela falha monumental do resto da produção. Porque Ang é aqui um avatar amargurado, ciente do peso de sua tarefa mas com medo de assumi-la. Passa longe do rapaz ingênuo e divertido que cativou o público. A tomada de dominação do mar, aliás, parece jogar sobre seus ombros toda a responsabilidade que carrega como escolhido. E por isso a cena final seja a mais representativa de todo o filme, se você conseguir ficar acordado até ela.

Aprendiz de Feitceiro - Um filme para ser esquecido por toda eternidade

O Aprendiz de Feitceiro - Um filme para ser esquecido por toda eternidade

NOTA: 2 / 10

The Sorcerer's Apprentice
EUA , 2010 - 111 min.
Ação / Fantasia

Direção:
Jon Turteltaub

Roteiro:
Larry Konner, Mark Rosenthal

Elenco:
Nicolas Cage, Jay Baruchel, Alfred Molina, Teresa Palmer, Toby Kebbell, Omar Benson Miller, Monica Bellucci,

É difícil dizer uma única coisa que deu errado em O Aprendiz de Feiticeiro, nova tentativa da Disney de criar uma franquia lucrativa com a equipe de A Lenda do Tesouro Perdido. A ideia inicial era interessante e mesmo as primeiras imagens empolgaram quando surgiram no começo do ano. 5 minutos de filme são necessários para arrancar os primeiros bocejos.

A história livremente inspirada na passagem de Mickey pelo filme Fantasia, de 1940, mostra um feiticeiro que busca durante séculos o sucessor de Merlin para que ele possa destruir Morgana, o mal encarnado.

Jon Turteltaub já demonstrou em A Lenda do Tesouro Perdido uma competência extraordinária no que diz respeito a reutilizar tudo aquilo que já foi feito/visto/esquecido de ruim em clichês de filmes de aventura. Apesar da gorda bilheteria destes filmes, os roteiros simplistas e cheios de furos não animavam e pior, conseguiam criar tédio apesar de tantas cenas de ação. Em Aprendiz de Feiticeiro as mesmas fórmulas são usadas e reutilizadas. Piadas a todo o momento, cenas de romance mal colocadas, falta de timming e uma impressionante fraca direção de atores mostram que para o diretor, o vácuo sem vida é pouco. Dificilmente fiquei tão entediado em um filme de aventura mágica.

O elenco tem nomes competentes mas que conseguem extrair o pior de si mesmos para seus papéis. Cage é um estereótipo mal-feito ambulante, meio gângster, meio mestre, meio babaca. Jay Baruchel é péssimo e não convence como escolhido, herói ou qualquer outra coisa que não seja de nerd traumatizado e Alfred Molina é vergonhoso. Monica Bellucci está feia! Conseguiram transformar a mulher mais sexy do mundo, que só de caminhar leva homens à loucura a um estado de insipidez total! ISSO É IMPERDOÁVEL seu Jon!

Não bastasse isso o filme tem diálogos forçados, soluções que vão deixar você tendo ataques epiléticos do cinema. Aprendiz de Feiticeiro menospreza a inteligência do espectador em todos os níveis possíveis e imagináveis. A cena onde o aprendiz descobre ser o escolhido é banal, previsível e mal-feita a tal ponto que todos descobrimos desde o começo do filme como irá acontecer. Nada salva este filme. Mesmo os efeitos epeciais falham miseravelmente em boa parte do tempo. Detalhe para a cena em que o filme "homenageia" o clássico da Disney, mas, mais uma vez consegue apenas ofender a memória impecável do original.

Aprendiz de Feiticeiro é mais um enlatado com data de validade vencida. E que desapareça no limbo junto com seu diretor e mestre.

4 filmes pra curtir no cinema: À Prova de Morte, Meu Malvado Favorito, Salt e Almas à Venda

4 filmes pra curtir no cinema: À Prova de Morte, Meu Malvado Favorito, Salt e Almas à Venda

À Prova de Morte (Grindhouse: Death Proof). Dir.: Quentin Tarantino. Elenco: Rose McGowan, Rosario Dawson, Kurt Russel.

NOTA: 8,5 / 10


"Cheers, Butterfly. The woods are lovely, dark, and deep. And I have promises to keep. Miles to go before I sleep. Did you hear me butterfly? Miles to go before you sleep...". São poucos, pouquíssimos diretores que tem a capacidade de criar algo tão imponente quanto este simples versinho de Death Proof. O prêmio que Stuntman Mike ganha com isso é uma das cenas mais sensuais do cinema até hoje. Vanessa Ferlito, uma atriz praticamente desconhecida que teve suas pernas e pé salientados pela câmera vouyer de Tarantino agora brinda os espectadores de todo o mundo (menos dos EUA onde a cena foi cortada) com uma lap dance de tirar o fôlego. Essa sequência resume em ótimos diálogos, interpretações caricaturadas e uma reviravolta inesperada (menos de 5 minutos depois vemos a cara de Arlete ser arrancada por um pneu de carro) aquilo que o diretor mais estiloso da última década construiu baseado nas suas experiências de Grindhouse e imprimiu em seu próprio estilo. À Prova de Morte é mais filme que seu vizinho Planeta Terror justamente por não se prender só ao tom jocoso e excessivamente gore do primeiro, mas por ter o dedo do seu criador e homenagear com estilo o cinema trash dos anos 70, principalmente quando se trata do uso de dublês e efeitos especiais Old School. Aqui não há espaço para a computação gráfica. É verdade que no segundo ato o filme perde força, mas ainda assim, mantém um grande nível, digno dos filmes do diretor.

Meu Malvado Favorito (Despicable Me). Dir.: Pierre Coffin. Elenco: Steve Carrel, Jason Segel, Julie Andrews.

Nota: 8 / 10


A Universal Pictures entrou tarde no mercado de animações mas teve um bom começo. Meu Malvado Favorito não é de longe um filme marcante, mas tem boas tiradas, um roteiro interessante e um ótimo elenco. Desde que você pegue o filme legendado. Mais uma vez, o Brasil nos brinda com as vozes de humoristas sem talento para a dublagem o que estraga a experiência de assistir a essa boa obra. Sou um grande defensor das animações dubladas por profissionais. Até prefiro uma sessão de cinema de um filme animado dublada, pois o trabalho no país tem ótimos resultados, melhor até que a dublagem americana. Mas com famosos não tem jeito: fica sempre horrível e esse filme não é exceção. A história mostra o outro lado da moeda: um vilão que quer roubar a lua e para isso, precisa da ajuda de 3 crianças órfãs para enganar seu arqui-rival. Personagens cativantes, um 3D divertido e excepcional e uma história mediana que deve agradar, mas de maneira nenhuma será um marco para alguém além da Universal Pictures.

Salt (Salt). Dir.: Phillip Noyce. Elenco: Angelina Jolie, Liev Schreiber e o alemão da cantina nos Bastardos Inglórios

NOTA: 5 / 10


Angelina Jolie desistiu dos filmes de arte e embarcou no pipocão de cabeça. Existem exceções como A Troca e O preço da coragem, mas seus maiores sucessos são sempre os mesmos: O papel de femme fatale literalmente fatal. Depois de Sr. e Sra. Smith e Procurado, filmes de gordas bilheterias e orçamentos, chegou a hora da senhora Pitt deixar as crianças de lado e encarar seu lado Bourne de ser. E é só isso que o filme é. Como na série do agente com amnésia, a história aqui vai para o mesmo lado. Passado misterioso, conspiração da Guerra Fria (AHn???) e o personagem incriminado tentando provar sua inocência. A era Bourne não permite sutilezas. Só o imprvável. A história mostra uma agente da CIA resgatada a poucos anos da Coréia do Norte, que é acusada por um espião russo de armar a morte do vice-presidente da Rússia. É claro que ela irá enfrentar exércitos de agente super treinados, explosões, traições e traumas e sair com apenas um arranhãozinho em uma parte não vital. Assim como as reviravoltas do filme são previsíveis e quase infantis. Mas é Angelina Jolie em um filme onde você pode no mínimo, parar de pensar por uma hora e meia, o que já é grande coisa.

Almas à Venda (Cold Souls). Dir.: Sophie Barthes. Elenco: Paul Giamatti.


NOTA: 8,5 / 10


A grande sacada de Almas à Venda é parecer com filmes do gênero como Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças e outros filmes de Spike Jonze e Charlie Kauffman, mas ser absolutamente original em seu desenvolvimento. O plot é bizarro. Uma empresa promete remover a almas das pessoas que a sentem como um peso terrível e querem viver uma vida mais plena. Paul Giamatti interpretando a si mesmo precisa disso antes que tenha um colapso. Longe das experimentações dos filmes citados acima, a história aqui depende muito mais da interpretação sutil do ótimo Giamatti que nunca caricaturiza as almas utilizadas por seu personagem. O filme tem momentos de humor, mas em sua maioria é como suas cores. Frio, melancólico e terrivelmente verdadeiro. O único momento onde o filme apresenta um pouco de calor é quando enfim o personagem entende que não podemos fugir de nós mesmos e nas relações é que encontramos a vida que parece nos abandonar. Um momento muito bonito que é de emocionar e mais de tudo nos faz questionar a importância de aprendermos a conviver com quem somos. Parece muito auto-ajuda lendo neste texto, mas a conotação do filme é brilhantemente discreta para que você possa mastigar antes de engolir. E saber que mesmo um grão-de-bico pode ser uma bela alma.

A Origem - O sonho fantástico de Cristopher Nolan

A Origem - O sonho fantástico de Cristopher Nolan

NOTA: 9,5 / 10

Inception
EUA / Inglaterra , 2010 - 150 minutos
Ficção Científica /Ação

Direção:
Cristopher Nolan
Roteiro:
Cristopher Nolan
Elenco:
Leonardo Di Caprio, Ken Watanabe, Joseph Gordon-Levitt, Marion Cotillard, Ellen Page, Cillian Murphy, Tom Berenger, Michael Caine, Tom Hardy

Se há algo em comum nos filmes de Cristopher Nolan como Amnésia, O Grande Truque e A Origem, é a forma na qual todos os aspectos da história começam como peças de um quebra-cabeça sem sentido e apenas no último instante compreendemos afinal o que tudo significava. Por alguns momentos, a impressão é que o filme não fará sentido, mas somos seduzidos pela técnica visual de do diretor e os mistérios construídos pelo roteiro junto com seu irmão Jonathan Nolan. Não é a toa que boa parte das 2h30 de A Origem se limitem a explicar todos os pormenores das extrações e até construir a personalidade de cada um dos elementos da história. Os outros momentos são de pura audácia tecnológica com um parco uso de computação gráfica e muita, muita trucagem com a câmera. A Origem é um marco do cinema como poucas vezes tivemos a oportunidade de sonhar.

A história mostra o melhor extrator de sonhos do mundo com uma missão praticamente impossível: montar uma equipe e plantar uma ideia na mente de um homem poderoso.

Depois de O Grande Truque e o imbatível Cavaleiro das Trevas, Cristopher Nolan tornou-se sinônimo não apenas de ótimos filmes mas de bilheterias voluptuosas para a Warner Bros. Assim, recebeu carta branca e um orçamento inflado para realizar A Origem, um sonho desenvolvido durante anos. A fotografia tem pedaços de cada uma de suas criações e a ação ensaiada e o pouco uso de efeitos computadorizados são ainda mais evidentes como marcas do diretor. Cada plano do filme tanto nos sonhos, quanto na realidade (?) são cuidadosamente compostos e trabalhados. O uso do slow em diversos momentos é levado ao extremo. Mas nada, nada no mundo pode ser comparável à cena indescritível onde Joseph Gordon-Levit tem que se virar em um corredor de hotel em gravidade zero. É algo que saiu de dentro da mente de todos nós, mas poucas vezes pode ser vista com tamanha capacidade no cinema. Outro momento de puro êxtase é Ellen Page, uma atriz que não gosto muito, mas consegue aqui uma das melhores cenas do filme, arquitetando seu primeiro sonho. Não seria nem um pouco estranho se Nolan levasse o prêmio de melhor direção.

O elenco é competente em seu trabalho. Leonardo di Caprio é um dos atores mais maduros e competentes da atualidade e merece todo reconhecimento que tem, mesmo que aqui sua atuação, bem como a de todos os outros, é ofuscada pelo brilhantismo da história e do filme. É como em Senhor dos Anéis, um filme de qualidades visuais incríveis mas que suprime as atuações, limitando-as muito. Todos aqui vão muito bem, mas vale destacar Cillian Murphy em um dos poucos papéis onde podemos vê-lo sem excentricidades. Ele é apenas um milhonário qualquer.

Se A Origem tem problemas, eles podem ser encontrados em sua segunda parte, no mundo dos sonhos. Depois de toda a preparação da equipe e do filme para essa etapa e o desenvolvimento cuidadoso dos dois primeiros níveis do sonho, as duas últimas partes parecem carecer de profundidade. Enquanto em um nível, a fortaleza de neve parece apenas uma desculpa para correrias e tiroteios descabidos, a parte final não parece tão bem amarrada à história como deveria. Talvez o desenvolvimento de Mal não tenha sido preparado o suficiente para esse desfecho ou não seja ameaçador o suficiente. E é aqui que A Origem perde parte do seu impacto inicial. Mas esse é apenas um deslize perto de tudo que ele oferece ao espectador.

E assim como uma ideia plantada pode se transformar em uma obsessão, a pergunta final que o filme deixa é capaz de perturbar a maioria das pessoas também.