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Por uma vida menos ordinária - Boyle boyle boyle boyle


Depois de Trainspotting, Hollywood descobriu o talento do diretor Danny Boyle. Parece que esse foi o pontapé inicial para os grandes lançamentos. E lógico, para projetos menos autorais. Mesmo assim, Por uma vida menos ordinária tem o peso da mão do diretor desde os primeiros frames.

A história mostra dois anjos, que tem como missão na terra, juntar um casal praticamente improvável. De um lado, um faxineiro. Do outro, a filha de um grande empresário, que está entediada com a vida.

Tomadas excelentes de câmera mostram a capacidade de Boyle, definitivamente limitada no filme. A trilha sonora lembra bastante o filme anterior do diretor. A música eletrônica não cede espaço nos primeiros momentos da película e serve para dar o tom do filme. Comédia bem elaborada, com pitadas estranhas de romance.

Ewan McGregor segura as pontas muito bem, novamente como protagonista. Seu sotaque escocês é ressaltado e parece deixar as cenas ainda mais hilárias. Cameron Diaz, que apesar de lindíssima no filme, está bem sem sal. Parece não levar muito a sério o filme. Excetuando, claro, na parte da cantoria no bar, em que ambos estão ótimos.

A ressalva fica ao final do filme. Meio repetitivo e bastante estranho, pode não ser bem compreendido por boa parte do público(eu mesmo estou tentando entender...).

Em um plano geral, o filme não faz feio. Pelo contrário, foge da mesmice e repetição da fórmula de comédias românticas produzidas em Hollywood. E isso é uma motivação muito forte para você assisti-lo.

Era uma vez no oeste... - Sergio Leone e um dos maiores clássicos western


Grande febre dos anos 40, o cinema western teve como seu maior protagonista, John Wayne, a encarnação viva do cowboy. Indestrutível, rápido no gatilho e canastrão. Os anos passaram, e a moda tornou-se a ficção cinetífica. Mas o western seguia firme sua sina rumo ao ostracismo, perto da década de 70. Antes disso acontecer, um dos maiores diretores do gênero, chamou um proeminente ator, junto com um dos maiores canalhas do faroeste, Henry Fonda. Sergio Leone colocou a nova estrela, Charles Bronson, como protagonista de Era uma Vez no Oeste.

A história mostra uma viúva, que após ter sua família totalmente assassinada, descobre os planos de seu marido de construir uma cidade. Três homens misteriosos surgem na cidade, cada um levado por seus próprios motivos.

A direção do filme é impecável. A qualidade da película não deixa transparecer sua idade. Difícil acreditar que uma qualidade de imagem como aquela pudesse ser obtida na metade dos anos 60. Leone é um grande diretor e não tem pressa alguma em contar sua história. Os dez primeiros minutos tem menos de uma linha de diálogo, mas mesmo assim são incríveis. Roteiro inteligente, direção competente e trilha sonora marcante. Trabalho do veterano Enio Morricone, compositor especialista em westerns, que criou a trilha de Três homens em conflito.

As atuações do trio principal sustentam igualmente toda a história. Charles Bronson fala pouco, mas quando fala, sempre tem algo de efeito para nossos ouvidos. Sua primeira frase é uma das mais marcantes do cinema. Entre elas, dá pra citar:"Havia três casacos desses na estação de trem. Dentro deles, havia três homens. Dentro dos homens, havia três balas."

Henry Fonda e Jason Balards, completam o trio de protagonistas. O bandido Frank é uma mistura de cruel e cafajeste, assim como Cheyenne é o bandido com princípios.

O melhor Western de todos os tempos, sem qualquer dúvida.

REC - Terror espanhol sabe meter medo




Quando a campanha viral de A Bruxa de Blair surgiu, acreditava-se piamente que os jovens realmente tinham morrido. As câmeras nervosas causavam náuseas. Parecia uma nova forma de fazer terror. Mas, quando a história real foi revelada, boa parte do glamour desse tipo de câmera foi-se junto. Menos de um ano atrás, foi a vez de J.J. Abrams trazer a idéia de volta ao cenário, com Cloverfield. O suspense do filme novamente mostrou o poder de atração ou de ódio que esse tipo de câmera pode causar. Proporcional ao número de pessoas que gostou, foram os que não gostaram ou até detestaram o estilo. Isso não impediu REC de ser feito.

Na história, uma repórter produz um programa onde acompanha bombeiros e outras profissões durante a noite.  Ao acompanhar uma chamada em um prédio, onde uma mulher está trancada em seu apartamento, repentinamente todos vêem-se presos dentro do lugar, que está infestado de criaturas terríveis.

Os diretores Jaume Balaguéro e Paco Plaza não tem pressa em desenvolver o suspense do filme. Em um ritmo crescente uniforme, a história parece não querer adiantar os sustos que estão por vir. E quando eles chegam, passado toda tensão inicial, não param mais. As criaturas não são comuns. Diferente do que normalmente se acredita sobre zumbis, esses sabem abrir portas, não morrem com tiros, não param por nada. Essa característica, aliado a uma câmera em pânico e como única fonte de luz é perturbadora. Os dez minutos finais são uma aula de suspense. Tensão total, tirada dos piores pesadelos.

Sem atores conhecidos, o filme sabe como impressionar sem soar forçado ou ridículo. E devido ao seu sucesso, REC já tem um remake, programado para estrear por aqui no mês que vem. Quarentena não é tão bom como seu original, obviamente. REC é único. Não é perfeito, mas assusta pra caramba.

Campanha "Batman No OSCAR"



Coração Satânico - Mickey Rourke e Robert de Niro em seu ápice


Existem personagens que ficam marcados no imaginário do cinema mundial como a reprodução perfeita de um sentimento ou perfil. Robert de Niro é o mais assustador e diabólico Lúcifer que o cinema já produziu. Suas aparições no filme não excedem os 10 minutos, em quase duas horas de filme. E mesmo assim, ele já  conseguiu algo que ninguém conseguiu tirá-lo até então.

Tudo começa quando o detetive Harold Angel(Rourke) é contratado para procurar o cantor Johnny Favorite, para Louis Cypher, um empregador misterioso. Conforme inicia sua busca, Angel começa a ser atormentado por estranhas forças que parecem o impedir de completar sua missão.

Alan Parker tem um currículo invejável a muitos diretores de Hollywood. Seus filmes sempre lidam com a tênue linha entre a loucura e sanidade( The Wall ), e  abordando questões polêmicas, como preconceito racial(Mississipi em Chamas). Em 87, quando Coração Satânico estreou, o filme passou despercebido pela maioria da crítica e público. Mas, o suspense bem construído, aliado às ótimas interpretações da dupla Rourke/De Niro, logo o transformaram em um clássico do terror cult.

E, realmente, o filme justifica esse título. Fugindo dos sustos comuns, o diretor consegue criar uma aura de suspense tensa durante toda a película. Os segundos finais são absolutamente assustadores. Mickey Rourke protagoniza de forma agoniante, colaborando para o tom perturbado do filme. O ator estava realmente inspirado. 

No entanto, é De Niro quem está inigualável. Calmo, seu visual é simples e sua interpretação riquíssima. Coração Satânico é sem qualquer sombra de dúvida o auge desses dois atores.  E vão ser pra sempre lembrados por isso.

Estranha Família - Estranho Filme


Sou um fã inveterado de Will Ferrell. Sem dúvida, ele é um dos melhores atores de comédia dos últimos anos. Seu estilo constrangedor de fazer comédia vem se aperfeiçoando ao longo dos anos. Desde O Âncora, seus filmes são sinônimos de gargalhadas insanas e situações a serem lembradas por dias. Mas, quando você vê ele ao lado de Ed Harris e Zooey Deschanel, na capa de Estranha Família, você sabe que o filme definitivamente não será uma comédia agradável.

Na história, Reese é uma atriz fracassada, filha de dois lendários escritores, que após a morte de sua mãe, tem a chance de ganhar 100 mil dólares, se entregar as cartas que seus pais trocaram quando namoravam. Quando retorna a sua casa, descobre que uma família diferente está morando com seu pai.

O elenco todo é ótimo. Ed Harris, sempre me surpreende com a força que se entrega aos personagens. Essa entrega garante os melhores momentos do filme. Zooey Deschannel sempre me encanta. Desde Um Duende em NY, ela sabe ser a garota insegura e perturbada, mas bonita e estranha. Encantadora. Como protagonista, é um colírio. Will Ferrel em papéis dramáticos também sempre se supera. A exemplo de Mais estranho que a Ficção, o ator sabe dosar sua experiência na comédia com a força de papéis que nescessitam de mais dramaticidade. São suas, as melhores cenas do filme.

Pena que o diretor Adam Rapp queira ser cult demais. E dá-lhe música Indie, paisagens bucólicas, cenas de passagem de carro. Acostumado a séries de TV, o diretor consegue um bom resultado, mas torna o filme cansativo muitas vezes. Mas, dá para aguentar. E o filme consegue rumar para seu final, sem cair demais nos clichês do gênero. 

100º Post! - A Canção do Yukon


Nada a ver com o assunto deste blog, mas marcante em minha vida. Hoje, é aniversário de 23 anos, da publicação da primeira tira de Calvin e Haroldo. Como homenagem, publico aqui o poema A Canção do Yukon, que fala sobre a essência desse personagem, da melhor tira de todos os tempos. Miss you guys!

A CANÇÃO DO YUKON

Meu amigo tigre tem um trenó, 
E eu já preparei o lanche. 
Estamos preparados para a viagem. 
Nunca mais vamos voltar!

Estamos deixando a velha vida de lado! 
Mamãe e papai, já vou! 
Estamos fartos de fazer tudo obrigados, 
E agora isso acabou!

Vamos indo para onde neva bastante, 
Onde a vida possa ter alguma beleza. 
Um lugar onde não se ouça a cada instante, 
“Seu quarto precisa de uma limpeza!”

Yukon é o lugar para se morar! 
É lá que queremos viver. 
Lá poderemos gritar e praguejar, 
E agir sem regras para nos reger.

Nunca mais teremos que ir à escola, 
Nem seremos forçados à submissão, 
Por professores monstruosas e carolas 
Que farão a gente aprender a adição.

Não teremos nunca que comer um prato, 
De verduras ruins, de amargar. 
Nós mastigaremos sem nenhum recato, 
Usaremos os talheres que quisermos usar!

Nossos amigos serão os lobos cinzentos. 
Ficaremos de pé até tarde e uivaremos pro luar, 
Até que a noite finde cantaremos ao relento, 
Antes de sairmos para caçar.

Oh, que vida! Mal podemos esperar, 
Para estar nas terras áridas, 
Onde nos nossos destinos vamos mandar, 
E levaremos vidas fantásticas!

Chega de regras de pais e professores! 
Vamos em busca de uma terra gelada! 
Maus ventos os levem, adultos opressores! 
Em busca de Yukon é a nossa caminhada!

Sanemento Básico, O Filme - Humor nacional que lembra os saudosos anos 80


Abaixo os detratores do cinema nacional! Tudo bem que não produzimos muitos blockbusters e filmes pipoca, que boa parte do cinema de entretenimento seja tão imbecil quanto a maioria das produções hollywoodianas, mas se tem uma coisa que sabemos fazer bem(quando acertamos o ponto) é o humor. E nisso, Jorge Furtado é um mestre. Depois de dirigir o excelente O HOMEM QUE COPIAVA e Meu tio matou um cara, ambos feitos em solo gaúcho(uma ousadia), ele vai além. Parte para a serra gaúcha e faz um belíssimo filme com temática social, muito humor e um cuidado técnico digno de cinema estrangeiro. É incrível o que Furtado consegue fazer com o pouco que tem e mesmo assim, tem um reconhecimento tão pequeno em solo nacional. Mas, vamos falar de Saneamento Básico, o Filme.


A história se passa na VILA CRISTAL, distrito localizado no interior de Bento Gonçalves. Lá, a comunidade se une para reclamar à prefeitura verbas para a canalização de um esgoto a céu aberto. Como não há dinheiro em caixa, a solução é produzir um vídeo barato para utilizar a verba do governo, destinada à produções artísticas. É então que surge a idéia de filmar o Monstro da Fossa.

Com um elenco inspirado e afinado, o filme mostra a realidade brasileira não de uma forma chocante e violenta, mas leve e bem-humorada. E consegue os mesmos resultados, senão, melhores. Enquanto no começo vemos pessoas preocupadas com as obras do esgoto, pouco a pouco, as prioridades vão mudando até se tornarem a qualidade e sucesso do filme. Mais uma vez, o jeitinho brasileiro leva a melhor e a pregação vai toda pela culatra. Ou será que o que está sendo discutido é o valor emocional que a cultura nos representa quando entendemos aquilo que ela significa realmente para nós?

O diretor Jorge Furtado transforma a serra gaúcha em uma mini Europa, com sua fotografia belíssima. Com muito humor irônico e mesmo pastelão, mas sem descambar para o ridículo, ele parece absorver bem a nova comédia, que começa a ser chamada de comédia do constrangimento, levada adiante por precursores americanos como STEVE CARRELL e WILL FERRELL. Essa originalidade é o ponto forte do filme. Assim também como as relações pessoais, que são críveis como só um brasileiro poderia fazer.

A melhor parte do filme todo talvez seja o fato do diretor não tentar forçar o sotaque gaúcho, como é comum a tantos outros. Ponto para ele que deixou fluir com naturalidade atuações e expressões. Dica para toda família no fim-de-semana

Hairspray - Se não fosse por John Travolta travestido...


O filme não chamaria tanto a atenção. Desde que o filme foi anunciado, as fotos do ator vestido de gordinha eram impagáveis e a idéia dele ser a esposa de Cristopher Walken, ganhou a simpatia de muitos. Remake de um sucesso dos anos 80 e musical da Broadway, repleto de danças e músicas alegres, um grande elenco compõe a história.

Que se passa nos anos 60, em meio ao boom dos programas de TV dançantes, e claro, milhares de preconceitos de cor, raça e corpo...Aí que surge a fofinha Tracy Turnbald, que sonha em participar do Corny Collins Show, programa de dança que reúne as beldades da cidade. Mas, nada vai ser tão fácil quanto parece( e eles vão arranjar muitas confusões, como diria o narrador de comerciais da Sessão da Tarde).

Hairspray não é uma comédia pastelão. Faz rir, mas é um humor mais inocente, menos grosseiro. Boa parte das risadas vem das atuações muito competentes de John Travolta e Cristopher Walken. Os dois têm química e competência, e mesmo nos momentos sérios, provocam risadas. Destaque também para James Marsden, o mal-utilizado Ciclope da franquia X-MEN, que mostra um lado eficiente como cantor, dançarino e ator também.

A grande qualidade do filme é desafiar o modelo hollywoodiano de beleza colocando uma gordinha como protagonista. É realmente uma coragem dar um passo desses, no momento em que a mídia da tanta força ao imaginário magro, loiro e lindo.

O que cansa um pouco são as duas horas, que a certo ponto, tornam as cantorias irritantes, principalmente para quem não está acostumado. Hairspray é uma boa escolha para o sábado de noite!

007 - Quantum of Solace - Novo filme do espião segue consolidando Daniel Craig


Nenhum outro ator causou tanta polêmica na maior série de filmes até hoje. Daniel Craig foi anunciado pelos produtores como novo 007 em Cassino Royale. Os fãs gritaram, espernearam e prometeram boicotes. É que já fazia bons anos que os filmes do espião pareciam sem fôlego e energia. O protagonista anterior, Pierce Brosnan, era sem sal e sem graça. Quando Cassino Royale reiniciou a franquia, surpreendeu até mesmo o maior otimista. Recorde de bilheteria absoluto, o filme mostrou um Bond iniciante, muito mais perigoso e mortal, que justificava o 00(licença para matar) antes de seu número. A ação desenfreada do filme, salvo a ótima interpretação de Craig, redimiram a escolha ousada e nada convencional do ator e da temática do filme. 

Quantum of Solace começa diretamente onde acabou Cassino Royale. Após a sequência de abertura e os créditos iniciais de hábito, descobrimos que a organização que chantageou e matou Vésper no filme anterior é muito maior e mais perigosa do que parece. Resta a Bond descobrir e tentar derrubá-la a qualquer preço.

Além de ser o filme mais curto da história do personagem, Quantum Of Solace não é um Cassino Royale. Nem por isso deixa de ser um grande filme. Toda a ação comedida no filme anterior é desenfreada e liberada nessa nova aventura. Se antes Bond pilotou no máximo alguns veleiros e Aston Martins, dessa vez ele pilota mesmo um avião(em uma das melhores sequências do filme). A trama é conspiratória no melhor estilo "não se pode confiar em ninguém" e nesse ponto o filme atinge seu objetivo. Ação quase initerrupta no melhor estilo Jason Bourne.

Nas atuações, destaque para Daniel Craig, novamente, que leva o filme nas costas. O cara é simplesmente a encarnação perfeita da personagem. Quando M o chama de Bond pela última vez, parece cair como uma luva para ele. É cedo para dizer, mas o ator tem chances de se tornar um dos maiores Bond de todos os tempos.

De ressalva, a direção de Marc Forster tem alguns problemas que irritam um pouco. As cenas de luta são muito cortadas. Com a intenção de privilegiar a velocidade, o diretor acaba por se exceder, fazendo cenas de menos de 3 segundos, algumas vezes. As lutas seguem o mesmo padrão, sem sequência ou em planos mais longos e não convence. Dava graças a Deus quando o filme recuperava o ritmo normal, sem aqueles recortes mal feitos.

O filme não é um Cassino Royale, mas segue o padrão de qualidade. Mas, ao menos não é também um "Um novo dia para morrer", por exemplo.


Guru do Amor - Mike Myers exagera e passa do ponto


Quando a série Austin Powers surgiu há longíquos dez anos, revolucionou totalmente o humor do cinema norte-americano. Com piadas despretensiosas e politicamente incorretas, o filme é considerado até hoje um marco para os fãs de cultura pop. Personagens cativantes marcaram por um bom tempo, como o Dr. Evil e Mini Mim, o próprio Austin Powers, as Power Girls. Depois do último filme da série, Austin Powers contra o homem do Membro de Ouro, o ator retirou-se por alguns anos do cinema. A notícia de que ele produzia o Guru do Amor reanimou a audiência. Mas, talvez essa falta de prática tenha feito ele esquecer um pouquinho o timming do humor.

Em Guru do Amor, Mike Myers é o guru Pitka. Mestre em arrumar relacionamentos estragados, é contratado por um time de hóquei para reabilitar seu melhor jogador, que sofre com a separação da esposa.

O número musical inicial, tradição dos filmes do ator, não deixa nada a desejar em relação aos outros. Ótima coreografia, ótima música. Boa parte do filme é impecável.Mike Myers sabe utilizar piadas de peido, bem como todo humor nojento e de qualidade duvidosa que muitos não sabem trabalhar. Ele sabe como encaixar o maior número de piadas em uma cena possível. Destaque para o elefante e os coadjuvantes que divertem ainda mais o ambiente. A briga dos esfregões fedorentos é impagável.

O filme peca quando tenta dar um ar mais sério. Um dramalhão desconexo, aliado à pouca qualidade de alguns atores, faz com que a cena descambe e apenas diminua o ritmo frenético do filme. Bem assim, como certas piadas que forçam demais a barra do politicamente incorreto e descambam para um humor vergonhoso. Humor esse que não infantil demais para adultos e sujo demais para crianças.

A sensação ao final é quase como aquela, de comer um bife queimado...

Papai Noel às Avessas - Clima sórdido de natal



Começa a chegar perto do natal, e lá vamos nós para mais uma maratona de filmes natalinos. Meu papai é noel, O Grinch, Um duende em NY, Milagre na rua 34, Um conto de natal... todos esses filmes extremamente adocicados que nos fazem ter hiperglicimia e ataques fulminantes de diabete. Bad Santa parece mais do mesmo. Mas, tem um conteúdo corrosivo e amargo que dão um toque diferente à mania de natal.

Papai Noel às avessas parece ser mais um filme sobre o natal, como tantos outros que assistimos nas emissoras nacionais. Mas, se engana terrivelmente quem acha que o filme é assim. Na história, Willie e seu amigo anão Marcus, trabalham em SHOPPING CENTERS como PAPAI NOEL E DUENDE. Sua verdadeira intenção, no entanto, é roubar o dinheiro das compras e saquear as lojas, durante a noite.

Willie é um bêbado inveterado sem perspectiva de vida. Marcus, o anão é desbocado e sem qualquer escrúpulos, e ambos continuam assim até o fim do filme. Apesar do final otimista, ele continua sendo um sem-vergonha arriado. A trilha sonora é mais uma forma de tirar sarro de todos os filmes de natal que vemos por aí. Elas acompanham o protagonista em suas bebedeiras e loucuras, destoando totalmente daquilo que estamos acostumados a ver.

A atuação inteligente e irônica de Billy Bob Thorton, o ex-marido de Angelina Jolie, colaboram com o tom sarcástico do filme. O ator mais parece um ácido jogado sobre a figura bondosa e digna do bom velinho. Ali, ele descarrega todo seu ódio pelo natal comercial apoiado pelo American way of life.

Tony Cox é um anão com uma língua afiada, sempre pronto para dar o troco em respostas rápidas e hilárias. Aliás, não há um personagem sem graça no filme. Todos estão prontos para destilar humor negro no espectador de forma rápida e precisa. Isso tudo não seria assim sem o diretor Terry Zwigoff, que sabe controlar os atores e teve peito de encarar um filme tão politicamente incorreto.

Quem leva mérito também são os roteiristas que tiveram uma pequena ajuda dos irmãos COEN, ganhadores do oscar de melhor roteiro por FARGO e de melhor filme por ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ. PAPAI NOEL AS AVESSAS é uma comédia inteligente que garante ótimas risadas e bastante diversão, sem aquela lição de moral chata dos filmes sobre natal que não agüentamos mais ver por aí...

O Sonho de Cassandra - Nova tragicomédia de Woody Allen


Woody Allen tem enveredado seus caminhos pela tragicomédia, nos últimos anos. Match Point e o Sonho de Cassandra são dois filmes que mostram bastante desse lado do autor. Carregando a mão no suspense, ele consegue um ótimo resultado com seu novo filme.

A história mostra os dois irmãos, Ian e Terry que diferem muito em suas personalidades, mas têm uma forte ligação. Enquanto Ian é aquele que não aceita a realidade e quer sempre se gabar do que não tem, Terry é mais simples, mas viciado em jogo. Aposta quantias altas e normalmente vence. Em uma maré de azar perde quase Cem mil libras. Quando Ian se apaixona por uma atriz, vê que a única forma dos dois terem dinheiro suficiente é apelar para o bondoso tio Howard. No entanto, o que ele pede de ambos em troca de dinheiro é muito mais do que eles podiam pensar.

O que começa leve, se mostra tenso no desenrolar do filme. Tanto Colin Farrell, quanto Ewan McGregor mostram atuações pesadas e bem elaboradas. Terry é um cara simples que segue uma linha moral muito forte. Já Ian, não se importa com uma pequena trapaça para se dar bem, mas ainda assim reserva certos princípios. O caráter dos dois será testado durante todo o filme e apresentará com toda a clareza, despido de toda a humanidade nos minutos finais.

Além das atuações, a ponderância é o ponto forte da direção de Allen. Ele desenvolve tudo calmamente, sem pressa de expressar motivações ou mostrar o personagem. Estranha um pouco o final abrupto, que decide a história em questão de poucos minutos e parece não condizer com o resto do filme.

Mesmo assim, O Sonho de Cassandra não perde em nada para outras produções do diretor. E satisfaz o espectador.

Team America - Detonando o mundo



Quando surgiu a idéia de uma adaptação para o cinema da série televisiva THUNDERBIRDS, os criadores de South Park, Trey Parker e Matt Stone, já soltaram os cachorros pela nova produção utilizar computação gráfica nos veículos, ao invés das tradicionais marionetes. Revoltados com essa decisão, criaram seu próprio filme de marionetes politicamente incorretas. Entre crítica fortíssima à política dos EUA, o filme abusa em palavrões e tem até cena de sexo entre os bonecos.

Na história, TEAM AMERICA é um grupo que combate o terrorismo mundial. Mas, suas ações normalmente destróem mais os países atacados, do que os próprios ataques terroristas. Quando o imperador da Coréia do Norte, King Jong II, decide patrocinar o maior ataque da terra, resta ao TEAM AMERICA tentar impedi-lo a qualquer custo.

Se em South Park, a crítica às celebridades já tinham alcançado um ponto inatingível na TV, Team America consegue ultrapassar qualquer barreira do politicamente correto em termos de política e qualquer outro assunto. Nem democratas, nem republicanos e nem caras como Michael Moore escapam da crítica estapafúrdia e hilária dos diretores. E eles não se preocupam em citar nomes: Matt Damon é um deficiente mental, Alec Baldwin é ridículo e Ben Affleck estava uma merda em Pearl Harbor.

A indústria do entretenimento é queimada de cima abaixo, assim como a falta de senso norte-americana. Todos os pontos do mundo são vistos pela distância com a América. Em Paris, na mesma praça temos a Torre Eifell, o Arco do Triunfo, artistas e mímicos. No Cairo, Camelos passeiam em feiras ao lado da Esfinge e das Pirâmides. Essa mania americana de imaginar os lugares, ao invés de conhecê-los, e tratar um país por meros clichês do que se ouve falar é outro ponto ácido da fita. 

Fora isso, a equipe aqui é desastrada como o exército americano. Suas invasões inconsequentes irritam todas as nações por onde passam. Tudo isso é deixado bem claro na música tema da equipe: "America, Fuck you!". Críticas e roteiro a parte, o filme é muito bem feito. Os bonecos são um primor de técnica. Como o diretor diz, poderia muito bem ser um filme sério de Jerry Buckheimer. Mas, com bonecos fica muito mais engraçado. Cenários excelentes, máquinas bem feitas e uma realização digna de ovação.

Crítica irônica e muito inteligente, de uma sétima arte mais preocupada em arrecadar dólares do que ajudar o espectador médio.