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TOP 10 - Os melhores de 2009 no cinema!

TOP 10 - Os melhores de 2009 no cinema!

Chegou o fim de mais um ano, principalmente no que se refere a cinema. Enquanto lá fora os filmes chegam nessa época, para aproveitar a temporada de premiações, aqui, nós buscamos incessantemente algum cinema com bons filmes. Já que as estreias por aqui são tão fracas, nada melhor do que relembrar o que passou pelos cinemas neste ano. Segue o TOP 10 do cinema em 2009!

10 - Foi apenas um sonho(Revolutionary Road) -Dir.: Sam Mendes. Elenco: Leonardo Di Caprio, Kate Winslet.

Esquecido pelo Oscar, o novo de Sam Mendes(de Beleza Americana) choca. Como um espinho que fica incomodando, ele provoca o espectador, cria esperanças e as destrói sem a menor piedade. Mais uma vez, acaba com a classe média, dessa vez com o casal mais apaixonado de todos os tempos em TITANIC. O filme é quase um "O que aconteceria se..." Jack e Rose tivessem sobrevivido e morassem no subúrbio. O casal cai na rotina mas logo tem uma idéia: mudar-se para a França e começar uma nova vida. Contrariando regras sociais eles estão prestes a largar tudo e viver um sonho...e então, você lembra do título do filme. Atuações brilhantes e viscerais, além de um texto afiado, faz de Foi Apenas um Sonho, uma das melhores produções deste ano.


9
- Se Beber não case(The Hangover) - Dir.: Todd Phillips.

Pode uma comédia ser recorde mundial de bilheteria e agradar a crítica? Se beber não case conquistou essa façanha neste ano. O diretor Todd Phillips(de Dias Incríveis) juntou Bradley Cooper, Ed Helms e Zack Galifianakis em uma história de porre em Las Vegas. Aos poucos, os três amigos descobrem que o quarto amigo e noivo está desaparecido. As pistas? Um tigre no banheiro, um dente quebrado e um bebê. A reconstrução da noite passada beira momentos de pura genialidade, com a presença do ídolo caído, Mike Tyson. A continuação está garantida e os bolsos, forrados...


8 - Watchmen - O filme(Watchmen) - Dir.: Zack Snyder.


Sou um fã confesso de quadrinhos e de Watchmen. Sou um fã de zumbis e de Zack Snyder(de Madrugada dos Mortos). Ver a obra transposta na tela parecia algo impossível. Mas o diretor mais estiloso da década conseguiu a proeza de forma espetacular. Um show de imagens sensacionais, e a HQ retratada de maneira fiel e imaculada. É quase como assistir a um "Aprenda a adaptar quadrinhos com Zack Snyder". Os efeitos especiais são impressionantes e o filme tem a melhor abertura da década, ao som de Bob Dylan e "The times they are a-changin". Estético, forte e com uma trilha sonora arrasadora, Watchmen não poderia ser melhor.


7 - Apenas o fim - Dir.: Matheus Souza

Esse pode se encaixar na categoria de primeiro filme brasileiro nerd(não lembro de mais nenhum). Um casal tem uma hora para se despedir, já que ela, pretende fugir da sua vida. Mesclando elementos da cultura pop dos anos 90, é impossível não se identificar com o nerd fracassado e a garota liberal. Ali, eles discutem porque Transformers é melhor que Godard, Cavaleiros do Zodíaco e, claro, Caverna do Dragão, elementos que povoam a infância e adolescência de quase todos no Brasil(e as tardes da Manchete). Mais do que isso, é quase uma terapia de regressão, mas anti-Antes do Amanhecer, de Richard Linklater, ao qual o filme tem boas referências. Bom visual e história cativante, tornam Apenas o fim, um dos melhores do ano.





6 - Anticristo(Antichrist) - Dir.: Lars Von Trier. Elenco: Willem Dafoe, Char
lotte Gainsbourg.

Chocante. Anticristo fez muita gente sair do cinema com as mutilações psicológicas e físicas que retrata. O expurgo da depressão de Lars Von Trier também marcou sua volta ao centro das polêmicas: daqueles que odiaram e daqueles que veneraram o filme. A sutileza dos diálogos, a brutalidade e singeleza das cenas que se alternam são fundamentais para a compreensão dessa obra. O prólogo em câmera lenta é uma das cenas mais belas e perturbadoras do cinema no ano. A interpretação do casal de protagonistas também mantém o espectador aficcionado pelo final, cheio de significações e que não vai sair tão cedo da memória...



5 - Deixa ela entrar(Let the right one in) - Dir.: Thomas Alfredson

Em época de Crepúsculo, explode a moda de filmes de vampiro. Mas, Deixa ela entrar, recupera a sutileza das boas histórias e adiciona elementos modernos. O filme mostra um garoto norueguês magro e pálido(e com tendências sado-masoquistas) que conhece a nova vizinha de 13 anos. Ela, é misteriosa e logo ele entende: Ela é uma vampira. Nem um pouco boazinha. Nessa paixão, não apenas ela vai encontrar um amigo, como ele vai amadurecer e mostrar um lado sombrio. Fora do glamour, aqui o clima é basicamente frio e nem um pouco romântico. A obsessão que o filme retrata faz com que depois de muito tempo, vampiros sejam novamente temidos.

4 - Avatar - Dir.: James Cameron. Elenco: Sam Worthingtom, Zöe Saldana e Sigourney Weaver

10 anos de produção. Esse foi o tempo que levou para o mago dos efeitos especiais James Cameron desenvolver seu novo filme Avatar. O filme prometia revolucionar o cinema, apresentando tecnologia 3D de ponta e conseguiu. Foi onde nenhum outro filme havia chegado até então. Um visual incrível, todo um mundo criado e ótimas atuações. Avatar surpreendeu até o mais cético dos espectadores. Nem por isso, escapa dos defeitos da história, que mostra um paraplégico veterano de guerra que viaja ao planeta Pandora, onde irá controlar um AVATAR: o corpo de um nativo do planeta. O lançamento no final do ano foi óbvio: arrasar quarteirões na temporada de premiações dos EUA e pagar o alto custo do filme(dizem as más línguas, estimados em 500 milhões de dólares). Avatar é rota obrigatória nos cinemas 3D.

Apesar dos inúmeros ótimos filmes do ano terem ficado de fora desta lista, os três primeiros são sem dúvidas os mais incríveis e surpreendentes do ano. Vamos a eles:

3 - Bastardos Inglórios(Inglorious Basterds) - Dir.: Quentin Tarantino. Elenco: Brad Pitt, Eli Roth, Cristopher Waltz.

Tarantino é genial. Sua carreira é construída com filmes de muito diálogo e violência. Desde Cães de Aluguel, o ex-atendente de locadora mostra uma obra-prima atrás da outra. Seja homenagem a estilos famosos nos anos 70-80, seja personagens marcantes, a obra do diretor é sempre alvo de discussão e espera da legião de fãs que o sustentam. Desde Kill Bill, o Brasil não via uma obra do mestre. Esse ano, o lançamento de Bastardos Inglórios empolgou tanto que o filme foi o maior sucesso de bilheterias do diretor. Não podia ser por menos: Esse pode ser considerado a obra-prima de Quentin. A história mostra um grupo de soldados renegados, que decide aterrorizar os nazistas. A violência está lá, os diálogos longos e geniais também. Mas, o que mais chama a atenção no novo filme é sem dúvida a gama de personagens a serem lembrados. Entre eles o genial Cristopher Waltz, na pele do terrível Hanz Landa. É de deixar os cabelos em pé. Atormentador, sarcástico e perigoso ele é o destaque desta história e vai para o hall de personagens marcantes do diretor, junto com Vincent Vega, A noiva e Mr. Blonde. "That's a bingo!" "You just say bingo." "Bingo! How funny!!!"

2 - Star Trek - Dir.: J. J. Abrams. Elenco: Chris Pine, Zachary Quinto e Leonard Nimoy.

Essa talvez foi minha maior surpresa do ano. As animosidades sumiram quando assisti ao primeiro trailer do novo filme. Foi quando tive certeza que ele seria um dos melhores do ano. Na cabine de imprensa, saí do cinema com a boca aberta! Star Trek foi além do que eu esperava...Pena que no Brasil, ficou pouco tempo em cartaz. A história mostra a tripulação da U.S.S. Enterprise sendo formada pela primeira vez. A história aqui é desenvolvida em outra linha temporal e o futuro é uma incógnita para o Spock da história original que vê as diferenças entre a sua realidade e a nova criada. Nesse novo início, Spock e Kirk terão que aprender a domar seus medos e receios e trabalhar como equipe pela primeira vez. Se não bastasse o gás que os roteiristas deram a história, J.J. sabe como empacotar bem o trabalho com um show de imagens de tirar o fôlego. São perseguições, lutas espaciais e físicas, muita tensão, suspense... Star Trek só pode ser definido como a aventura perfeita! É o elo de ligação entre fãs de Star Wars e Trekkers que ninguém imaginou ser feito. Atuações brilhantes e claro, referências a série estão lá. Por isso, "Live long and prosper!" _\\//

E finalmente...

1 - Up: Altas Aventuras(UP) - Dir.: Pete Docter e Bob Peterson

Já faz tempo que a Pixar revolucionou o mercado de animações com o primeiro filme 100% 3D, Toy Story. Nada demais, visto que a Disney manteve o mesmo estilo de história, apesar das diferenças nas animações. Aos poucos a empresa foi desenvolvendo personalidade própria, longe dos braços da companhia do Mickey, e a olhos vistos, tomando outras formas. Posso dizer que pessoalmente, assisti Procurando Nemo, Monstros S.A. e os antecessores com os mesmo olhos: animações dirigidas ao público infantil, sem grandes mudanças. Foi quando veio Brad Bird e trouxe Os Incríveis. Pela primeira vez notei a sensibilidade dos personagens, suas fraquezas, emoções e claro muita ação elaborada. O filme foi sucesso nas bilheterias e levou o Oscar de melhor animação. E a Pixar dava um passo adiante. Veio o fraco Carros, mas em seguida, Ratatouille, novamente do genial Brad Bird, e Wall-E. Esse último atingiu um status incomparável e consagrou a empresa não como apenas uma companhia de animações, mas uma produtora de obras-primas. 30 minutos de filme sem falas. Uma dança no espaço coreografada de forma engenhosa e uma história simples mas humana(com robôs). Teria a Pixar chegado em um patamar inalcançável para ela mesma?
UP mostrou que não. A história do velho que viaja com sua casa amarrada em balões vai além de Wall-E. Os minutos iniciais do filme mostram isso claramente. Embalados por apenas uma música, sem falas, Up nos leva do riso às lágrimas em pouquíssimo tempo. E digo mais, não apenas uma vez... O filme todo é uma sucessão de risadas estridentes e momentos melancólicos. Seja a saudade de sua esposa, seja a família do pequeno escoteiro Russel, para cada risada há uma lágrima. Assisti 3 vezes ao filme no cinema, e em todas elas não segurei a emoção. Claro que Up não é só iss: Há muita aventura, cenas grandiosas de tirar o fôlego, como a tempestade, a fuga da caverna e a batalha final no zeppelin. Além disso, é impossível não dar gargalhadas com os cães falantes, e os protagonistas da história que tem um timming perfeito para o humor.

Por se superar novamente e tornar a vida de todos no mundo um pouco mais completa, Up leva o prêmio de melhor do ano, ao menos, na minha humilde opinião...

E que 2010 seja um ano ainda melhor do que 2009, no cinema!

Avatar


Avatar - A volta do rei do mundo


Nota: 10 /10
Avatar

EUA, 2009 - 162 min
Ação / Ficção científica

Direção:
James Cameron

Roteiro:
James Cameron

Elenco:
Sam Worthington, Zoe Saldana, Stephen Lang, Sigourney Weaver, Michelle Rodriguez, Giovanni Ribisi


"Eu sou o rei do mundo!". Foi com a estatueta de melhor diretor na mão que James Cameron proferiu aquela que seria uma de suas poucas frases em público pelos próximos 12 anos. Recordista em Oscar e indicações, bilheteria bilhonária. O diretor saiu de férias em grande estilo. Titanic foi um sucesso retumbante e um investimento arriscado. Cameron começou então um outro projeto. Ele sabia que era arriscado e não teve coragem de falar muito sobre ele até o momento certo. Ao final da premiação de Senhor dos Anéis, em 2003, tomou a decisão: era hora de colocar em prática Avatar. Foram dez anos de pesquisa para, novamente, desenvolver uma tecnologia revolucionária, como aquela utilizada em O segredo do abismo, Exterminador do futuro 2 e Titanic. Avatar é alardeado ao final da primeira década do século XXI como o divisor de águas do cinema 3D. A história do planeta Pandora prometeu durante todo o ano de 2009, arrebatar o coração, mente e olhos dos espectadores. Todas, todas as promessas de James Cameron, foram cumpridas. Avatar é a experiência visual definitiva.

A história mostra um veterano do exército sendo convocado para assumir um avatar(corpo de um alienígena) através de uma ligação mental, no planeta Pandora. Mas, lidar com o outro lado sem se envolver, mostra ser uma missão impossível.

Desde a primeira imagem, o filme tira o fôlego. A tecnologia do 3D é surpreendente. As cores, os tons...as descrições que as primeiras pessoas que assistiram o filme tiveram, de parecer um sonho acordado, são totalmente reais. No escuro do cinema, não é apenas difícil diferenciar o que é real do falso, como também é impossível desgrudar os olhos da tela. O que se vê nas diversas camadas de 3D, é uma sucessão de planos tão sensacionais como o anterior. Os personagens transmitem uma humanidade difícil de enxergar em filmes com atores reais. Suas emoções são puras, visuais e faladas. Os cenários deslumbrantes enchem os olhos de uma forma que quase não podemos acreditar.

Pandora começa a existir e não sai de nossa cabeça durante horas. As espécimes de flores e animais foram criadas com todos os detalhes pela mente do diretor perfeccionista. Foram contratados biólogos, físicos, químicos, tudo para que o planeta realmente pudesse existir. Cada planta e animal tem um nome, um som, uma característica específica. Suas peculiaridades, como por exemplo, a forma como os Na'vi(nativos de pandora) se comunicam com os animais é de uma simplicidade genial e própria da biologia do lugar. A forma como todos se alimentam, a religião e sociedade teimam em existir de uma forma própria, similar e ao mesmo tempo completamente diferente daquilo que conhecemos.

Os atores são um aparte. Sam Worthington(de Exterminador do futuro: A salvação) está ótimo como protagonista e junto com Sigourney Weaver consegue passar a cumplicidade necessária para não estranharmos as formas diferenciadas dos Na'vi. Se há um pecado a ser ressaltado em Avatar é apenas seu roteiro, que emprega alguns clichês esperados e não questiona, mas nos deixa ainda mais sedentos por Pandora. Claro, esse não é o mote de Avatar. Nota-se facilmente pela raridade dos diálogos. É um filme simples e puramente visual.

Cada cena do filme é de uma riqueza absurda que merece ser assistido diversas vezes. Avatar é a experiência 3D visual definitiva.

(500) dias com ela - Filme Indie do ano vai além da comédia romântica tradicional



Nota: 9 / 10


Days of Summer

EUA, 2009 - 95 min

Romance
Direção:
Marc Webb
Roteiro:
Scott Neustadter, Michael H. Weber
Elenco:
Joseph Gordon-Levitt, Zooey Deschanel, Geoffrey Arend, Matthew Gray Gubler



Antes dos créditos de abertura do filme uma mensagem: "Todas as situações do filme são mera coincidência com a vida real. Especialmente você, Jenny Beckman. Vaca". Esse tom de desforra colocado pelo roteirista de 500 dias com ela, reflete aquela fase na vida de garotos e garotas que nunca sai da nossa vida. O momento em que pensamos ter encontrado a mulher de nossa vida e que após seu final, pensamos nunca encontrar alguém que preencha esse espaço. Essa premissa coloca o espectador em uma viagem não-linear pelo relacionamento do protagonista com a diabólica personagem de Zooey Deschannel. E só por começarmos a odiar Zooey, temos um motivo para odiar o diretor Marc Webb.


Na história, um rapaz que acredita no amor verdadeiro, pensa ter encontrado sua alma gêmea. O problema é que ela não pensa assim.


Diferente e original. (500) dias com ela joga muito bem com a estética que permeia as produções independentes dos últimos anos. Enumere aí Pequena Miss Sunshine e Juno(ao qual o filme mais se relaciona). Se Joseph Gordon-Levitt pode irritar algumas pessoas, é Zooey que atrai o carisma desde o início do filme. A narrativa construída em um roteiro não-linear também sabe jogar com o início radiante até a decadência do relacionamento de ambos.


Marc Webb cria saídas geniais para entendermos a mente do garoto que cresceu com a falsa promessa de encontrar a mulher certa, aquela que vai tornar a sua vida feliz, afinal. São jogadas com a novelle vague, uma trilha sonora devastadora e a mistura da realidade com o esperado pelo jovem, através de animações e telas divididas(um dos pontos altos do filme).


Entramos na história achando o protagonista apenas mais um idiota, enquanto a personagem de Zooey é uma menina traumatizada e misteriosa. Aos poucos, vemos a situação se inverter, conforme as idas e voltas entre o primeiro e último dia vão mostrando a realidade que não esperávamos. E dá-lhe closes nos olhos profundamente azuis da garota. Assim, o filme gira principalmente entre essa relação, dando pouco espaço para os coadjuvantes e valorizando as cenas dos diálogos e pensamentos.


Essa relação em que todos se encontram. É ali que encontramos aquele adolescente inseguro(a) que éramos. Preso no fundo da alma, ele vê no filme um espelho onde reflete as inseguranças que temos em nossas relações e que nasceram desse nosso primeiro trauma, com suas raízes fortemente entranhadas e que minam nossa confiança em outros relaciomentos. Nossa "Jenny Beckmann" pessoal não é apenas a monstra que aparece no filme, mas uma junção de todas aquelas que nos frustraram de alguma forma em toda nossa vida.


A história não convencional sabe como prender a audiência. O climax do filme na conversa dos dois protagonistas é de arrepiar o espectador. E mais: cria um elo com ele.


Erva de Rato no Cine Divã: Eu vou!


Hoje a noite acontece mais uma edição do Cine Divã, uma parceria entre a Associação de Críticos de Cinema do RS (ACCIRS) e o pessoal da ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA do RS, às 19h, no Cine Santander Cultural. No debate, representando o pessoal da crítica, ninguém mais, ninguém menos do que esse que vos fala. Conto com a presença de todos!

Abraço!

A Saga Crepúsculo: Lua Nova - O filme melhora, mas nem por isso é bom..

A Saga Crepúsculo: Lua Nova - O filme melhora, mas nem por isso é bom...

Nota 4,5 / 10

The Twilight Saga: New Moon

EUA, 2009 - 130 min
Romance / Fantasia
Direção:
Chris Weitz
Roteiro:
Melissa Rosenberg
Elenco:
Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner, Dakota Fanning, Michael Sheen

O sucesso de público de Crepúsculo não poupou o filme do massacre da crítica. Mesmo assim, criou uma legião de fãs da história de Bella e Edward, preparou a franquia e por fim, iniciou uma campanha maciça para Lua Nova. Bateu recorde atrás de recorde: filme mais assistido na pré-estreia da meia noite, maior número de ingressos vendidos em pré-venda e superou Cavaleiro das Trevas na sexta-feira de estreia. $ 72 milhões de dólares contra os $64 de Batman. No fim-de-semana, conseguiu ótimos 140 milhões de dólares só nos EUA e 258 milhões mundialmente. A terceira maior abertura de todos os tempos é compreensível, mas nem por isso faz de Lua Nova, algo muito melhor do que seu antecessor.

Após uma festa de aniversário com um acidente envolvendo sangue, Edward decide se afastar de bela poder protegê-la. A moça, arrasada encontra conforto nos braços de seu amigo Jacob, que aparenta animosidade contra os Cullen. Viciada em adrenalina a garota provocará problemas em seu mundo e no mundo dos vampiros.

É triste admitir, mas a saída da irreconhecível diretora do primeiro filme, Catherine Hardwicke, fez bem a série. Chris Weitz, de A bússola de ouro, sabe aquilo que as fãs gostam e com 50 milhões na mão, não se fez de rogado. Foi competente quando não se prendeu a flashbacks desnecessários e se aplicou na narrativa, com momentos de verdadeira iluminação(diga-se a inteligente passagem de tempo no quarto de Bella e as brigas de lobos com vampiros). No entanto, ficam por aqui os méritos do diretor.

Diálogos longos, cenas que vão e voltam interminavelmente, além de coincidências inexplicáveis derrubam o maior dos empolgados com a história. O foco não é o amor de Bella, Edward Cullen e sim seu amigo, Jacob. O ex-shark boy se esmera mas não consegue o coração da moça. Mas, continua e continua e continua tentando, incapaz de entender quando um chute na bunda foi dado. E para desespero dos desavisados que levam as namoradas, essas cenas são dignas de sono, apesar dos suspiros da sala lotada.

Ao menos essa parece ser o grande mote do filme. A escritora Stephenie Meyer cria uma obra onde um amor irrascível e anti-natural parece fazer sentido. Apesar de impossível e mesmo longe da verdade, é o que precisa para despertar a garota adormecida dentro de mulheres de todas as idades. Mas, Meyer acaba por acabar com sua própria criação. Em seu mundo imaginário, os excluídos são pessoas lindas e ricas enquanto os "normais" são feios e de classe média. No fundo, no fundo, é apenas mais uma visão elitista dos relacionamentos que novamente, privilegiam a beleza ante qualquer outra coisa.

E essa crítica está profunda demais, para um filme que deve ser contra-indicado a diabéticos, tamanha a melação que proporciona.

Ps: Dakota Fanning aparece por no máximo, 2 minutos.

Atividade Paranormal - O fenômeno não consegue superar o original


Atividade Paranormal - O fenômeno não consegue superar o original

Paranormal Activity
Nota 5 / 10

2007, 86 min.
EUA / Horror
Direção:
Oren Peli
Roteiro:
Oren Peli
Elenco:
Micah Sloah e Katie Featherstone

Uma das primeiras cenas de Atividade Paranormal mostra a porta do quarto mexendo lentamente enquanto o casal dorme. A platéia se prepara. Fade. O casal analisa. Na outra noite, nada acontece. A platéia desanima.

Um casal é atormentado por estranhos barulhos durante a noite. O namorado decide então, gravar com uma câmera e microfones especiais o que acontece. O resultado é uma experiência perturbadora sobre o único lugar onde nos sentimos seguros: nossa casa.

Ou melhor, deveria ser. Falta ritmo ao estreante Oren Peli, que diz ter gasto apenas 15 mil dólares na produção do filme. O plot é genial: acabar com a sensação de segurança em qualquer lugar. A bruxa de Blair se passava em uma floresta abandonada. REC e Cloverfield revisitavam mitologias do cinema de terror de uma nova forma, mas ainda distante. Mas o quarto de uma pessoa tem o quê de lugar sagrado, intocável. Ter uma força penetrando nesse recinto é quase uma violência psicológica. Fato que já foi mostrado com muita maestria pelo genial Tobe Hopper em Poltergeist. Mas os cortes lentos de câmera, junto às fracas atuações, tornam Atividade Paranormal, uma decepção.

O filme mantém uma linha narrativa com poucos ápices e quando constrói a tensão, ela é rapidamente quebrada por repetições exaustivas e mudanças desnecessárias na história. Outras cenas que realmente assustam(e, infelizmente, estão todas no trailer), não são aproveitadas tão bem como deveriam. Quando chega o momento final, são apenas 3 minutos de tensão elevada e pequenos sustos. Atividade Paranormal pode até ser assustador, mas só para quem não está acostumado com filmes de terror.

O ponto de maior interesse nesse tipo de filme, gravado com câmeras portáteis em forma de realidade é a tensão e o assombro que causam nos espectadores. Parece que ao sair dos estúdios limpos e preparados e tomar um personagem como seu alter-ego, ele causa uma interação quase sincrática com o espectador. A bruxa de Blair iniciou com uma campanha viral que enganou boa parte das pessoas que assistiram o filme, fazendo-os acreditar que o fato realmente acontecera. Acompanhar tudo em primeira mão com um final espetacular deixou este crítico, na época, alguns dias sem dormir direito. REC e Cloverfield conseguem criar o mesmo sentimento, com a mesma sensação de um jogo onde o espectador parece ter algum poder, e ao mesmo tempo é vulnerável.

Por mais fraco que Atividade Paranormal seja, por justamente causar um distanciamento com a câmera, as últimas cenas vão deixar você com uma leve suspeita na hora de dormir, o que mostra o poder das handycams no imaginário cinéfilo.

2012 - A poesia visual e o entediante resto do filme, com Roland Emmerich

2012 - A poesia visual e o entediante resto do filme, com Roland Emmerich

2012

Nota: 4,5 / 10

EUA
, 2009 - 158 min
Ação / Ficção científica
Direção:
Roland Emmerich
Roteiro:
Roland Emmerich, Harald Kloser
Elenco:
John Cusack, Chiwetel Ejiofor, Oliver Platt, Amanda Peet, Thandie Newton, Woody Harrelson, Zlatko Buric, Danny Glover, Thomas McCarthy


Lembra de Independence Day? Alienígenas invadem a terra e destróem todas as capitais do mundo. Depois, Will Smith e o presidente dos EUA salvam o dia. Godzilla? Um lagarto gigante que destrói NY, que tem os filhotes derrubados por gomas de mascar(em uma das cenas mais vergonhosas da história do cinema). Veio O Dia depois de amanhã, onde os continentes do norte do planeta são destruídos por uma revolução climática. E os EUA perdoam a dívida externa para se refugiar no México. Além da destruição e das situações inverossímeis, o que esses filmes tem em comum? O diretor Rolland Emmerich.

2012 mostra a última catástrofe possível: o mundo entra em colapso, predito em uma profecia maia(que aliás, é apenas citada em um ou outro diálogo aqui). O governo não tem o que fazer, por isso prepara arcas que devem salvar pouco mais de 400 mil pessoas, ao singelo preço de $ 1 bilhão de euros. Resta ao pai divorciado John Cusack atravessar o mundo inteiro de avião e salvar sua família.

Você já sabe o que esperar desse filme. Muitos efeitos especiais e todas as cenas principais no trailer. Em 2h e 40 minutos, apenas 40 min apresentam destruição. Sabe o cartaz onde aparece o Rio de Janeiro? Uma cena com menos de 30 segundos. No entanto, esses momentos de destruição acabam sendo os mais verdadeiros e interessantes do filme. É incrível o nível que o diretor consegue elevar sua gama de efeitos e destruição a cada novo projeto. Se o filme tivesse apenas uma hora e meia com elas, valeria muito mais a pena. O momento em que o porta aviões USS John F. Kennedy acaba com a Casa Branca em meio ao silêncio do público e personagens é marcante, e, porque não dizer, poético.

Infelizmente, como era de se esperar, os personagens são chatos e enfadonhos. E acredite, dessa vez, o clima pesado é quebrado poucas vezes pelo humor. As risadas que eram quase uma marca dos filmes do diretor, some em meio aos protestos ante a elitização global. Mesmo que a intenção seja boa, é forçar a barra mostrar os líderes mundiais que salvaram apenas a família e a elite mundial, se renderem ao apelo de um cientista qualquer e voltar sua decisão para salvar os restantes ameaçados. Isso sem contar as demais incoerências e clichês como o padrasto descartado assim que não apresenta mais utilidade à continuidade.

Os dramalhões exaustivamente mostrados, mostrados e mostrados novamente quebram o ritmo da história. Emmerich declarou que não teve quase nenhuma cena cortada de sua ideia original. Isso faz com que o espectador um pouco mais exigente se enfade do filme antes da metade e tire um cochilo entre uma cena de destruição e outra.

Mas, se você pagou para assistir um Emmerich Film, sabe o que vai levar. Boa pipoca!

[Atualizada]Promoção: Acerte os filmes que estão no cartaz do blog e ganhe 1 par de ingressos para THIS IS IT

Promoção: Acerte os filmes que estão no cartaz do blog e ganhe 1 par de ingressos para THIS IS IT

Isso vale para o pessoal do Centro Universitário Feevale:

No prédio amarelo, foram distribuídos cartazes do blog, com 8 cenas de filme. A tarefa não é tão fácil quanto parece, mas se você acertar os filmes ali presentes, leva um par de ingressos para o filme Michael Jackson's This Is It. É sua chance, participe e ganhe prêmios.

Vai uma dica:


Diariamente, você pode ter dicas pelo Twitter

Fique ligado e vá ao cinema de graça!

Intervalo em mais uma mostra!

Intervalo em mais uma mostra!

O 8º Festival de Cinema e Video Estudantil de Guaíba selecionou a mostra oficial! Entre 125 inscritos, 12 selecionados para a Mostra Alternativa Ficção. Entre eles, o curta Intervalo, produção que tem minha direção(Misael Lima) e roteiro de Maria Carolina Bastos. O curta será exibido no dia 9 de novembro, a partir das 20h da noite, no Campus da Ulbra em Guaíba.

Informações pelo site do Festival, aqui .

Confira o trailer:

Ps: Em produção, o documentário "Jéssica", com direção de Maria Carolina Bastos. Em breve...

Distrito 9 - Filme promete muito e cumpre pouco


Distrito 9 - Filme promete muito e cumpre pouco

Nota: 7 / 10

África do Sul / Nova Zelândia, 2009 - 112 min
Ação / Ficção científica
Direção:
Neill Blomkamp
Roteiro:
Neill Blomkamp, Terri Tatchell
Elenco:
Sharlto Copley, Jason Cope, David James

Uma população isolada em um gueto, na sempre alvo de polêmicas Joanesburgo, África do Sul. Dizer que essa história relembra o apartheid não é mera coincidência. A cidade que foi palco da maior discriminação racial nas últimas décadas ainda sustenta raízes desse mal tão próximo. Um negro sem colete à prova de balas, os nigerianos indispensavelmente criminosos e apenas descendentes caucasianos no poder. Em Distrito 9 esses são apenas detalhes quando o maior inimigo(ou talvez, vítima) é um grupo de alienígenas enclausurados em uma zona de contenção há mais de 20 anos. Em formato de falso documentário, o que vem a seguir, é um retrato perturbador da natureza humana.

Em um dia, tudo dá errado. A multinacional encarrega seus empregados de um serviço perigoso: Cadastrar e trasnferir todos os "camarões"(como são chamados os alienígenas) há um novo campo de refugiados. Sua nave, estacionada sobre Joanesburgo por mais de vinte anos ainda incomoda os moradores da cidade e causa insegurança a todos. Um documentário promete reconstruir o que aconteceu nesse dia.

Provavelmente os 30 primeiros minutos do filme são genuinamente originais e diferentes. A proposta do falso documentário retrata os personagens e prenuncia um desastre. Sociólogos defendem os aliens, ongs culpam a MNU e as pessoas comum desprezam os párias da sociedade. O que vemos ali não é nada menos do que já aconteceu durantes os anos fatídicos de repressão racial do país. Observamos chocados a forma como os humanos reagem às criaturas indefesas que nem queriam estar ali desde o início. A repugnância não é digna do brancos, mas mesmo dos moradores negros da cidade, que não suportam a presença dos "camarões".

O desenvolver atinge seu climax quando os engenheiros de armas descobrem uma forma de utilizar o armamento alienígena em seus soldados. Infelizmente, depois disso, Distrito 9 descaracteriza totalmente. Sai o tom de documentário, entram os clichês de filmes de ação. O fugitivo inocente, a dupla dinâmica diferente, mas que tentam relutantemente se auxiliar, superação humana e blá blá blá. O filme inicialmente joga suas expectativas no alto, para depois acabar com elas em menos de 15 minutos. Tecnicamente o filme é competente, mas consgue arruinar uma boa premissa na tentativa de conquistar maior número de público, ou mesmo por incapacidade de manter o ritmo perturbador de seu início.

A produção de Peter Jackson ao menos consegue trazer ao filme de baixo orçamento uma qualidade em efeitos especiais digna de grandes blockbusters. Mas, não foi o suficiente para tirar Neill Blomkamp da mesmice sem originalidade que os grandes estúdios sofrem.

Anticristo - Os demônios de Lars Von Trier


Anticristo - Os demônios de Lars Von Trier

Nota: 9,5 / 10

Dinamarca/Alemanha/França/Suécia/Itália
, 2009 - 109 min
Terror
Direção:
Lars Von Trier
Roteiro:
Lars Von Trier
Elenco:
Willem Dafoe, Charlotte Gainsbourg

"Eu sou o melhor diretor do mundo", . A declaração foi dada pelo dinamarquês Lars Von Trier no Festival de Cannes deste ano em entrevista coletiva, devido à exibição de seu último filme, Anticristo. Ela pode ter sido considerada arrogante por boa parte da imprensa, mas o passado do diretor mostrava que esse era um sinal da sua recuperação após um período de dois anos de depressão que ele passou. Esse novo projeto era uma espécie de expurgação da doença que o afligia. O resultado é um pesadelo sufocante que vemos retratados na tela.

A história acompanha um casal sem nome que após a morte do filho, vai para uma cabana no meio de uma floresta, curar suas feridas. O luto que a mulher sofre é fora do comum e seu marido, um psicólogo racionalista, se esmera ao máximo para ajudá-la. Aos poucos, o luto ruma da dor para o desespero e traz os piores demônios de cada uma à tona.

O filme é dividido em 4 capítulos Luto, Dor(o caos reina), Desespero(Ginocídio) e os três mendigos, mais um prólogo e epílogo. O prólogo aliás, é uma das cenas mais belas do cinema no ano, de profundo significado para o filme e uma estética mais do que apurada. Claro que sem um bom desenvolvimento essa cena não deveria significar nada. Mas, Anticristo é uma obra-prima. Tecnicamente impecável, esteticamente apurado e provocantemente denso.

A fotografia pálida do filme, coincide com as cenas angustiantes de sexo e os pequenos sustos perturbadores plantados durante a projeção. Se a raposa falante causa algum tipo de humor, também é capaz de preparar o espectador para as cenas de terror psicológico e físico que estão por vir. E nisso o filme sabe dialogar. Navega do porto de conversas racionalistas e discussões odiosas ao gore digno de albergues da vida.

Os dois atores não precisam de apresentação: Willem Defoe é incisivo e destrutivo, parece abrir sua esposa como um cadáver com palavras duras e racionalistas. Já Charlotte Gainsbourg entra pra lista de mulheres atormentadas e torturadas do diretor. Sua representação é forte, inesperada e violenta. Consideradas desnecessárias por alguns, as cenas de mutilação genital são a coroa de espinhos desta horrenda viagem a natureza humana.

Anticristo vai acabar com você.

Tá Chovendo Hamburguer - O grito nerd de toda uma geração


Tá Chovendo Hamburguer - O grito nerd de toda uma geração

Nota: 8,5 / 10
EUA/2009 - 90 min.
Animação/Comédia 2009
Diretor:
Phil Lord, Chris Miller
Roteiro:
Phil Lord, Chris Miller, baseado em livro de Judi e Ron Barrett
Elenco:
Vozes na versão original de: Anna Faris, Bruce Campbell, Bill Hader, Andy Samberg, James Caan, Mr. T., Tracy Morgan

.A música orquestrada prepara o clima no cinema. O tom é de uma aventura épica. Na tela, fulgura lentamente o crédito inicial: "A film by... A lot of people" seguido do absurdo "Tá chovendo Hamburguer". Somente essa abertura é motivo suficiente para você entender o que a animação vai tratar: Situações absurdas, personagens absurdos, diálogos absurdos e um visual 3D impecável. O filme deixa a seriedade de lado e mergulha fundo no universo non-sense, no melhor estilo Monty Python de ser.

Tá chovendo hamburguer mostra um nerd cientista fracassado, em uma ilha fracassada que exportava sardinhas, até o mundo se dar conta de que "sardinha é uma coisa nojenta". O prefeito tenta de tudo para tornar a cidade um pólo de turismo, o que funciona quando sem querer o pequeno inventor faz com que uma de suas criações faça chover comida.

A Sony tentou embarcar no mercado de animações 3D em 2007. Assim, lançou o fracasso comercial e de crítica "O bicho vai pegar", um filme que deveria concorrer com as duas gigantes do setor: A DreamWorks com a trilogia Shrek e a Pixar, com o sensacional Ratatouille. O fracasso de O bicho... fez com que a Blue Sky demorasse dois anos para arriscar um novo lançamento. O tempo parece ter feito bem à companhia. O humor refinou. É impossível que o filme fique mais de 20 segundos sem alguma piada. E mais: são piadas totalmente malucas! Tem referências a Youtube e a tecnologia para os mais velhos(uma das melhores cenas envolve o pai do protagonista e sua tentativa de enviar um arquivo em anexo), à metáforas de pescador e claro, invenções malucas.

O que chama a atenção no filme é que os criadores parecem ter assumido: Sim, nós somos nerds. E mais, nós vamos dominar o mundo. Os rostinhos bonitos da mídia, a crítica contra o enaltecimento do visual em detrimento do interior e o medo de ser quem somos, está presente durante toda a película. É quase um momento de sair do armário para uma geração que cresceu tendo que aguentar os esportes goela abaixo, quando sua maior alegria era assistir filmes e jogar videogame(e por isso era censurada).O 3D então, nem se fala. Os efeitos parecem realmente sair da tela e estão presentes de uma maneira competente e estarrecedora. Só por isso Tá chovendo hamburguer merece várias idas ao cinema.

Esses aspectos tornam o filme sem dúvida um dos melhores do ano. Se não é melhor que UP, ao menos chega bem perto. Pode ter certeza que ao assisti-lo, você estará bem servido.

A Onda - Filme reabre cicatriz(e debate) sobre o supostamente morto autoritarismo

A Onda - Filme reabre cicatriz(e debate) sobre o supostamente morto autoritarismo

A onda

Nota
9,0 / 10

Die weller
Alemanha, 2008, 101 min.
Direção:
Dennis Gansel
Roteiro:
Dennis Gansel, Todd Strasser, Peter Torwarth
Elenco:
Jürgen Vogel, Frederick Lau, Max Riemelt, Dennis Gansel


Em meio a maior depressão econômica que o país viveu, cresce a insatisfação com a justiça, com o governo, com a segurança. Um estado de anomia: perda de identidade e sentido, afrouxamento das leis. A população desunida, sente morrer a esperança de uma vida melhor. Surge então um movimento fortemente nacionalista, que une a todos sob a bandeira de um homem. Foi assim que começou o nazismo, o fascismo e A Onda. E esta realidade não é tão distante, desde 2008.

O filme, baseado em fatos reais, mostra um experimento de um professor, na tentativa de mostrar na prática como funciona uma autocracia. Ele faz com que os alunos sigam sua liderança e tornem-se unidos sobre uma única bandeira. Lentamente, a experiência começa a sair do controle...

O diretor Dennis Gansel faz um filme que consegue quebrar a barreira do cômodo e da receita pré-pronta. O visual ótimo não seria suficiente, como não foi no caso de O que fazer em caso de incêndio? também alemão, mas que relevou o bom desenvolvimento do roteiro em virtude de uma experiência visual. Assim, A Onda foge do clichê de organizações-secretas-homicidas e torna-se muito mais uma análise da insatisfação humana e a facilidade de escorregar para o lado obscuro que os regimes autoritaristas representaram no século passado.

Os atores escolhidos também não são simplesmente os estereótipos, apesar de tenderem muito para este lado. Tem as garotas que não compactuam com o movimento, tem o cara que se entrega de corpo e alma(e você tem a leve impressão de que ele vai acabar em tragédia), os renegados, etc. Mas mesmo eles, são muito mais tridimensionais que os personagens desse tipo de filme.

Sim, o final é surpreendente e A Onda foi feito pra fazer você sair do cinema pelo menos, perturbado.

Hitchcock/Truffaut - Estudando cinema


Hitchcock/Truffaut - Estudando cinema

Você pode não acreditar, mas houve um tempo em que o mestre do suspense não era visto como O cara. Repudiado pelos críticos de cinema americanos, que tratavam suas obras como delírios de um diretor rico e popular, sem qualquer senso artístico.

Teve que sair um jovem crítico francês, em defesa do já veterano Hitchcock. Ninguém menos que François Truffaut, redator da Carriers du Cinema, a mais importante revista de críticas da França. Admirador exacerbado do trabalho do diretor inglês, propôs um desafio: 500 perguntas para o mestre. Obviamente, Hitchcock topou.

Essa entrevista tornou-se um marco na história do cinema. O livro mostra um diretor muito bem-humorado, que adora uma boa conversa e não se esquiva de perguntas. Ele comenta sobre sua extensa obra, filme por filme e transforma tudo isso em uma verdadeira aula de cinema. Não é a toa que a influência desse livro deu a Hitchcock um lugar de destaque entre os grandes nomes do cinema.

Sem dúvida uma obra indispensável para quem pensa em fazer crítica de cinema e entender melhor a obra do mestre do suspense. Por isso mesmo, em breve neste blog, um estudo completo do livro e da obra de Alfred Hitchcock para você, leitor!

Um abraço!

Template novo, mesmas asneiras de sempre

Template novo, mas a mesma bobagem de sempre

Demorou, foi brutal, mas finalmente, está quase pronto.

Depois de quase um ano com a mesma cara, o blog está renovado. Tenho problemas nos comentários, alguns links ruins, e alguns defeitos em geral, mas nada que com o tempo não ser resolva. Por isso, aproveite!

Isso é por você, leitor!

Abraços!

Agradecimentos à Maria Carolina Bastos que colaborou na montagem do novo menteincoerente!

A Órfã - Filme de diretor espanhol quase consegue. Quase...

A Órfã

Nota: 7 / 10


EUA
, 2009 - 123 min
Suspense
Direção:
Jaume Collet-Serra
Roteiro:
David Johnson, Alex Mace
Elenco:
Vera Farmiga, Peter Sarsgaard, CCH Pounder, Jimmy Bennett, Margo Martindale, Aryana Engineer

Eu juro que nessa resenha não vou contar o final do filme, como imprudentemente fiz em meu Twitter. A verdade é que o cinema de terror espanhol sempre traz produções acima da média. A Sétima Vítima, de Jaume Balagueró e o recente O orfanato, de Juan Antonio Bayona, levam o espectador a conhecer um outro tipo de terror. Um terror que sabe usar as técnicas de som como sustos, sabe como criar o suspense e a angústia necessária em seu espectador. Não são filmes perfeitos: continuam com alguns clichês desnecessários e mesmo uma certa morosidade. Mas, ainda assim, bem acima da média. A Órfã, do também espanhol Jaume-Collet Serra começa bem. Infelizmente, cai na armadilha de hollywood e torna-se motivo de chacota em seu momento mais importante.

A história mostra uma família que, após perder o filho mais novo em complicações no parto, decide adotar uma criança mais velha. Ali, conhecem Esther, uma menina prodígio de 9 anos, que sobreviveu por pouco em um incêndio que matou toda sua família adotiva. O problema é que algo maligno parece acompanhar a inocente Esther...

É uma história tradicional de psicopata que se infiltra em uma família, como "A mão que balança o berço" ou mesmo o abacaxi com Macaulay Culkin e Elijah "Frodo" Wood, Anjo Malvado. Aliás, essa última tem bastante influência sobre A Órfã, já que tem cenas bastante similares na construção da personagem endiabrada. Pra variar, todos na família aceitam bem esse novo estranho, exceto a mãe, que após um início de relacionamento harmônico com a Esther, parece manter um pé atrás e relacionar a jovem com as desgraças que acontecem.

E as cenas de mutilação e violência que o filme fornece, são suficientes para deixar você de boca aberta. A morte da freira à marteladas, a perna quebrada da coleguinha, ou mesmo o freio de mão solto, causam momentos de pura tensão, mesmo para o espectador mais cético. Nesse ponto, o desenvolvimento dos personagens e a competência dos atores, como Peter Sarsgaard e Vera Farmiga, e mesmo a menininha do inferno, interpretada por Isabelle Furhman, sabem carregar bem o segredo e o peso de seus papéis na trama.

Se não fossem os dez malditos minutos finais, o filme não seria tão inverossímil. A revelação causa gargalhadas nos espectadores, assim como a perseguição carregada dos clichês de assassinos, como Jason e Mike Myers. Frases de efeito e explicações estapafúrdias parecem ter sido deixadas para os últimos momentos, talvez como forma do diretor manter um certo respeito pelo resto do material.

A Órfã até vale o ingresso, mas tem muita coisa melhor para você assistir no cinema que vale mais ainda.

UP - Altas Aventuras: Ninguém supera a Pixar


Up - Altas Aventuras

Nota:10/10

Up
EUA, 2009
Aventura / Animação
Direção:
Pete Docter e Bob Peterson
Roteiro:
Bob Peterson
Elenco:
Christopher Plummer, Edward Asner, Jordan Nagai


14 anos atrás, surgia uma empresa de animação, que associada a DISNEY revolucionou o mercado de cinema. O filme levou um prêmio especial pelos efeitos, na época e abriu espaço para o estúdio chefiado por JOHN LASSETER. Assim, surgiu VIDA DE INSETO, MONSTROS S.A., e PROCURANDO NEMO, o primeiro filme da empresa a levar um OSCAR de melhor animação. A força da PIXAR era tanta, que o estúdio estava prestes a se separar da DISNEY, quando em uma última jogada, os estúdios de MICKEY MOUSE aceitaram uma sociedade, passando o setor de animações para a tutela da empresa.


O estúdio privilegiou sempre a originalidade e autoralidade de seus escritores e diretores. Isso ajudou o independente BRAD BIRD a construir OS INCRÍVEIS, e RATATTOUILLE, outros oscarizados da empresa. O caráter adulto dos filmes diminuía a bilheteria, que mesmo assim, ganhava espaço com o não tão bom, mas rentável CARROS. O quarto oscar da PIXAR e também a sua consagração como cinema para adultos e crianças, veio no ano passado, com o surpreendente WALL-E. Isso tudo, fez com que UP, ALTAS AVENTURAS, carregasse a obrigação de manter alto o nível de qualidade da empresa. E isso o filme faz assim como o protagonista, com sua casa amarrada nas costas: fácil fácil.


CARL FRIEDERIKSEN é um velho rabugento que perdeu a esposa sem realizar o sonho da vida dela, de morar nas selvas da AMÉRICA DO SUL. Decide então, levar a casa junto, amarrada em balões. Ele só não contava que o escoteirinho RUSSEL, viajaria junto com ele. Acredite: o altas aventuras do título original, vai ser justificado durante toda a projeção.


Visualmente lindo, efeitos 3D utilizados de maneira competente, uma história engraçada, divertida e emocionante, personagens carismáticos. UP é um filme que se aproxima do paraíso. Não é infantil demais, não é adulto demais. Ousa muitas vezes. É a primeira vez que uma animação da Disney mostra sangue. Esqueça, Monstros vs Alienígenas, CORALINE, ou BOLT./ Com tudo isso, UP – ALTAS AVENTURAS só pode ser descrito como, sem sombra de dúvida a melhor animação do ano, e quem sabe, até o MELHOR FILME DO ANO.

A pedra mágica - Aventura apresenta às crianças, narrativa não-linear


Pequenos Espiões é uma série que rompe com os clichês monótonos de filmes infantis. As situações absurdas continuam, as lições de moral também. Mas é no desenvolvimento das histórias que a criação de Robert Rodriguez ganha vida e originalidade. Caricaturiza os adultos, exagera no tom teatral e carrega a mão nos efeitos especiais. O sucesso dos três filmes deu-se pela audácia do diretor, que volta em um filme tão bem realizado quanto os anteriores.


Aparentemente banal, o próprio nome brasileiro do novo filme do diretor nos deixam de pé atrás: A pedra mágica mostra um garoto, em uma cidade qualquer do mundo, que encontra uma pedra que realiza todos os seus desejos. Não é preciso dizer que todos vão querer a pedra em seu poder durante o filme.


É quando mais uma vez, Rodriguez mostra sua originalidade. Ao invés de usar a cronologia normal dos fatos, ele usa um roteiro não-linear para contar a história. Lembra de Pulp Fiction, que contava diversas histórias fora de ordem? Digamos que A pedra mágica faz isso, e apresenta a técnica para crianças, em forma de pequenos contos espalhados pelo filme fora de ordem. Isso captura a atenção das crianças e adultos que vêem uma nova forma de construir uma história sem deixar de ser infantil ou ser complicado.


Fora isso, volta a caricaturização dos personagens, e que brinca com os estereótipos para esse tipo de filme. Boas piadas e ótimos efeitos completam a história, que até perde o ritmo em certo ponto tem certos furos no roteiro, mas melhora no conjunto. Destaque especial para a história paralela dos irmãos que decidem brincar de quem pisca primeiro.


Uma ótima diversão para toda a família, com a marca de qualidade Robert Rodriguez.

37º Festival de Cinema de Gramado - 2ª Parte

Já passou a premiação, já acabou o festival. Mesmo assim, é bom você saber o que aconteceu nos últimos 3 dias do evento de cinema mais famoso do RS.

Nochebuena, de Maria Camila Loboguerrero: O cinema colombiano teve referência no Festival do ano passado, com o violento Perro come Perro, um genérico de Cidade de Deus. Não que isso realmente signifique que o filme seja bom, porque eu pessoalmente não gostei de Nochebuena. Talvez, por ranha da minha parte, mas não aconteceu a química. O filme me pareceu bobinho e sem graça. Felizmente, gostei do final, diferente da maioria das comédias já assistidas.

Corumbiara, de Vincent Carelli: Ninguém esperava muito sobre um documentário indígena. E todo mundo ficou surpreso com o documentário vencedor do Kikito de melhor filme. Intrigante, o que chama a atenção nele é a forma como o diretor narra a história que é tão sua quanto dos índios. Durante vinte anos, ele tenta salvar índios isolados, massacrados e esquecidos de fazendeiros inescrupulosos, em Rondônia. Durante esse tempo, vemos não apenas seu desgaste físico, mas também moral. Aos poucos o diretor e seu colega param de tentar fazer o documentário, para, pelo menos, juntar provas ao Ministério Público. O ponto alto do documentário são os contatos com índios que nunca haviam encontrado o homem branco. Há certas cenas que eles parecem ets. Outras, a tensão é enorme na tentativa de provar que eles existem. Um filme político e forte, mas que mereceu sem dúvidas, o prêmio de melhor do Festival.

Lluvia, de Paula Hernández: Depois da rainha dos baixinhos, a sessão esvaziou. Sabiamente, Zé Victor Castiel soltou um irônico "Voltemos ao cinema!", aplaudido pela platéia que ali estava. Um filme singelo, uma história de amor às avessas é o que se pode dizer de Lluvia. Ele se passa em 3 dias de chuva na cidade de Buenos Aires, onde o destino de uma garota que mora num carro e um espanhol misterioso vão ser muito mais parecidos do que imaginam. O filme explora a nuance de personalidade desses dois personagens, muito bem construídos. Enquanto o espanhol se abre ao máximo com a moça, ela parece se resguardar cada vez mais. Mas, não é isso que transparece à primeira vista. Justíssimo o prêmio de melhor filme estrangeiro pelo Júri Popular.

Em teu Nome, Paulo Nascimento: Definitivamente, não sei o que nesse filme fez as pessoas o aplaudirem de pé. É mal montado, tem uma trilha irritante, interpretações calhordas e um tema batido: ditadura militar no Brasil. A iluminação estourada é feia, a câmera que treme o tempo todo irrita, o didatismo das cenas. Por exemplo: há uma personagem torturada. Nós sabemos que ela sofreu. Mas, o diretor repete isso a cada 10 minutos na tela até a cena clímax e desnecessária, onde ela fala "eles se masturbavam na minha cara". Pior que isso só em outro momento alto do filme, onde o protagonista, falando sobre a importância da luta pela liberdade deixa a bola picando para sua namorada soltar, em uma péssima interpretação, um "tô grávida". Levou prêmios demais, na minha sincera opinião.

Gigante, de Adrián Biniez: O segundo Berlim da mostra estrangeira, mostrou porque era um dos fortes candidatos ao prêmio principal. A história de um segurança de supermercado que fica obcecado por uma empregada tem seu charme, ótima interpretação e um humor sutil. Destaque, claro para o protagonista Horacio Camandule, que é na verdade um professor de primário e não ator. Ele recebeu o prêmio de melhor ator estrangeiro e o filme levou melhor roteiro. Um ótimo filme que mostra uma retomada no cinema uruguaio.

Corpos Celestes, de Fernando Severo e Marcos Jorge: Talvez o segundo melhor filme brasileiro do Festival, mas não tão bom quanto Estômago. Apesar da bela estética que os diretores empregam no filme(e Marcos Jorge parece um dos poucos diretores a experimentar nesse ramo), Corpos Celestes se perde um pouco na sua imensidão. O primeiro ato, que vai até quase metade do filme é bem desenvolvido, mas deixa pouco espaço para o personagem adulto. Talvez, a história feizesse mais sentido, se o primeiro ato fosse inserido como quebra de linearidade, dentro do segundo ato. Nós agradecemos a nudez de Camila Holanda, mas ela é desnecessária dentro do contexto. Fico triste por dizer isso, já que sou a favor da nudez no cinema nacional. No mais, o filme é ao menos, diferente da maioria e vale muito a pena ser conferido.

Cobertura do 37º Festival de Cinema de Gramado



Como no ano passado, este ano participo da exibição dos concorrentes no Festival de Gramado, tanto latinos, quanto brasileiros. Começando no domingo, até o momento foram 6 filmes exibidos, dentre os quais, não assisti ao documentário brasileiro Cildo, em virtude de um churrasco com o pessoal do FL. Mesmo assim, nesse ano, a seleção de longas brasileiros tem deixado a desejar, como você confere agora:




Memórias do subdesenvolvimento, de Tomás Alea: Fora de competição o filme é considerado o melhor da cultura ibero latino americana. E não sem razão: No ápice da revolução cubana, ele contesta não somente o sistema capitalista, mas mesmo os problemas que a revolução socialista traz em seu ventre. E mesmo assim, foi exibido tanto em Cuba quanto na união Sovitética. Infelizmente, a sala praticamente vazia não agradou quem pretendia apenas conseguir um pedaço da global Dira Paes, homenageada da noite.




Quase um Tango..., de Sérgio Silva: A história de um homem que sai do campo em direção à cidade, depois de ser abandonado pela mulher, contava com Marcos Palmeira no elenco e o veterano Sérgio Silva por trás das câmeras. Resgistrado com ótima fotografia em câmeras digitais, o filme perde força em diálogos fracos e resoluções confusas, mas a competência dos atores gera carisma. Filme bom, mas poderia ser muito melhor. Vale ressaltar que a falta de nudez nos filmes do diretor pode representar uma perda da autoralidade e mesmo da independência de Sérgio.




A próxima estação, de Fernando Solañas: A crise no sistema ferroviário argentino após sua privatização, faz parte de uma série sobre a Argentina contemporânea do diretor. Apesar da longa duração, o curta pede um levante da população contra a falta de punição contra um governo agressivo e vendido. O tom irônico de certas passagens, mais a fotografia belíssima captam o espectador e o levam pra dentro da história cheia de incertezas e desgraças que não só nossos vizinhos, mas nós mesmos estamos passando.




A Canção de Baal, de Helena Ignez: Fomos avisados: esse seria o filme mais polêmico do Festival. Alguns amariam, outros odiariam. Faço parte daqueles que odiaram. Sem nexo, com diálogos teatrálicos e situações desnecessárias a diretora conseguiu extrair um sentimento dos presentes: o tédio. É o típico filme que as pessoas não dizem que não gostaram, por terem medo de serem taxadas de ignorante. Mas, não se engane: ele é ruim mesmo. Nos debates, quando confrontada, Ignez apenas repetia "não entendi...". Nós também não, Ignez.




A teta assustada, de Claudia Llosa: O melhor filme do Festival. Sensível, com uma bela fotografia, o ganhador do Festival de Berlim surpreende pela simplicidade, a calma e a excelência técnica que apresenta. A história mostra Fausta, uma peruana afetada pela doença imaginária que dá título ao filme, e que é transmitida pelo leite materno de mulheres estupradas durante a guerra. Aprisionada por esse medo e com a morte repentina de sua mãe, ela vai descobrir aos poucos que o medo é apenas uma escolha. Aplaudido com o entusiasmo da casas cheia, o filme é consagrado em Gramado como um dos melhores do ano.




Esse é o resumo dos 3 primeiros dias do Festival. Voltamos em seguida!

"Intervalo" no Gramado Cine Video


Como comentado alguns posts atrás, mandamos nosso curta finalizado para Gramado. A resposta saiu nesta semana:

Fomos selecionados para o Festival do Vídeo Brasileiro: Mostra Paralela!

Para um projeto de estréia, com recursos mínimos é um grande passo para a equipe.

A exibição ocorre na quarta-feira, 12 de agosto, das 9h às 10h da manhã. Quem quiser conferir está convidado. Na categoria Universitário Gaúcho, apenas mais um vídeo foi selecionado para a Mostra Paralela.

É isso aí! Aguardamos a presença de todos e quem sabe, ainda dá pra levar uma menção honrosa.

Valeu!

Especial 3 em 1: Filmes de terror que fazem você querer sair de casa...

Filmes de terror podem ser classificados em diversas categorias. Alguns, divergem quando aproximam seu filme do horror: A tensão psicológica e o medo do desconhecido trazem elementos sufocantes e são preponderantes para a criação de um bom suspense. Nós até podemos ter medo de Jasons, Mike Myers e mesmo outros monstros que habitam nosso imaginário. Mas, sem dúvida o mais assustador é aquele em que, na sua intimidade, seu lugar seguro, a sua casa, você é invadido. Quando seus inimigos não são as criaturas saídas do seu mais terrível pesadelos, mas pessoas como você, até de boa índole, mas com um instinto cruel e assassino. A moda pode não ter começado tão recentemente, mas vale destacar alguns filmes que são bons, e ruins também sobre o tema. Por isso, se prepare: É hora de tomar alguns sustos.

Violência Gratuita

Nota: 9,0 / 10
Funny Games US
Reino Unido / EUA / França, 2007 - 107 min
Suspense / Drama
Direção:
Michael Haneke
Roteiro:
Michael Haneke
Elenco:
Naomi Watts, Michael Pitt, Tim Roth, Brady Corbet, Boyd Gaines, Siobhan Fallon e Devon Gearhart

Dirigido por Michael Haneke, ganhador do Cannes deste ano por A Fita Branca, Violência Gratuita é um filme que você vai gostar, ou odiar. Originalmente lançado em 97, com um remake do ano passado, o filme mostra uma família que vai passar o fim-de-semana em sua casa do lago. É quando dois jovens pedem um favor, e logo põe toda a família de reféns. Se eles quiserem viver, devem participar do jogo sádico que os jovens propõe.
Da abertura gritante do filme, a sensação exata é a de descer uma ladeira. Não há torturas físicas como Jogos Mortais. Haneke sabe ser sutil. Cortes, espancamento e sangue, tudo muito discreto. Os dois sádicos parecem acima de tudo loucos ou sem propósito, mas é isso que o filme questiona: estamos tão acostumados com muito mais violência, quando na verdade a mutilação psicológica é bem mais perturbadora do que qualquer agressão física. A cena onde a realidade é alterada ao bel-prazer dos dois sádicos mostra que nesse mundo, o otimismo não é um sentimento presente.

Temos Vagas
Nota: 7,5 / 10


(Vacancy)
EUA, 2007.

Direção: Nimrod Antal.
Elenco: Kate Beckinsale, Luke Wilson, Frank Whaley, Ethan Embry, Scott G. Anderson.
Duração: 85 min.


Novamente um casal, em vias do divórcio, decide passar a noite em um velho motel de beira de estrada, quando seu carro estraga. Ao assistirem uma fita, descobrem vídeos de pesso as sendo assassinadas. Tudo piora quando eles descobrem que estão sendo vigiados e podem ser os próximos a serem assassinados.
O filme sabe jogar com a escuridão de forma claustrofóbica. O pequeno quarto de hote l não oferece qualquer segurança aos protagonistas e o ataque dos assassinos parece ser onipresente. A utilização das máscaras ajuda na construção desse clima, que quase é estragado em diversas cenas desnecessariamente explicativas.
O fechamento de Temos Vagas não excede expectativas mas surpreende quando sustos que parecem certos não acontecem, uma boa escolha do diretor. O filme titubeia mas consegue divertir e assustar. Mas ali, também...

Os Estranhos

Nota: 3 / 10

The Strangers
EUA, 2008 - 85 min
Terror / Suspense

Direção:
Bryan Bertino
Roteiro:
Bryan Bertino
Elenco:

Liv Tyler, Scott Speedman, Laura Margolis


Como sempre, um casal, em crise, em uma casa, com adolescentes loucos. O problema de Os Estranhos é que o diretor estreante Bryan Bertino até acerta na primeira meia-hora. Depois, o filme descamba para clichês desnecessários, com os assassinos quase possuirem poderes sobrenaturais, como prever o que os protagonistas fariam, desaparecer em velocidade sobrenatural e mover-se sem fazer barulho.
Da mesma forma, o casal vítima é previsível e burro, pois comete todos os erros que personagens de filmes de terror não devem fazer, como por exemplo, deixar a namorada sozinha durante o ataque, falar por um velho radio-comunicador ou ainda correr no escuro, mesmo estando ferido.
No mais, Os Estranhos serviu apenas para iniciar uma nova franquia, já que o filme deixa uma lacuna aberta para uma continuação que já está em produção. Se possível, assista ao dois anteriores, que ao menos conseguem ser melhores do que este.

Harry Potter e o Enigma do Príncipe - Novo filme perde ritmo, mas amadurece


Harry Potter e o Enigma do Príncipe

Nota: 8,5 / 10 EUA/Inglaterra, 2009 - 153 min
Aventura / Drama / Fantasia
Direção:
David Yates
Roteiro:
Steve Kloves
Elenco:
Daniel Radcliffe, Michael Gambon, Jim Broadbent, Rupert Grint, Emma Watson, Helena Bonham Carter, Alan Rickman, Tom Felton, Bonnie Wright, Jessie Cave


Antes de mais nada, vale a pena questionar: Harry Potter, nesse filme, está insensível. No livro, boa parte das quatrocentas e poucas páginas são para mostrar a escuridão que toma a mente do jovem bruxo, com a morte de seu padrinho Sirius Black, em a Ordem da Fênix. No filme, a única menção a morte dele é um piti de Potter em uma cena que só serviu mesmo para isso e para mostrar a relação entre Lupin e Tonks, que aparecem menos do que 5 minutos, nas 2:35 de projeção. Óbvio, que segue aqui uma insatisfação com os cortes feitos no livro e os enjambramentos com cenas que não existem, substituindo as tramas paralelas. Mas, pelo menos, tem Quadribol!!!

Na nova história, o mundo está descendo pelo ralo. Os ataques dos comensais da morte é à luz do dia e tanto o mundo bruxo como o mundo trouxa sente os efeitos da volta de Lord Voldemort. Enquanto ele planeja um ataque à Hogwarts, Harry, Rony e Hermione lidam com seus sentimentos cada vez mais a flor da pele e com um misterioso príncipe mestiço...

Visualmente, David Yates está mais seguro. Já tinha mostrado sua capacidade em A Ordem da Fênix, e reitera isso, agora com a segurança de uma bilheteria gorda em seu primeiro sucesso. Assim, Ele experimenta os mais diversos tipos de câmeras e luzes, usando ambas para enfatizar o ritmo frenético e as emoções de cada personagem, de forma acima do normal. A cena do ataque da Toca é sem dúvida uma das melhores cenas do filme. A caverna de Riddle consegue utilizar elementos parecidos com os de Senhor dos Anéis, mas ao mesmo tempo completamente originais.

Por essa imersão visual que o filme permite, fica fácil para aqueles que não leram o livro aceitarem tudo que lhes é oferecido. O roteiro é competente e distribui bem os momentos de terror e humor, mas nada que já não tenha sido utilizado nos outros filmes. A cena de Kate Bell com o colar é deveras apavorante, assim como as cenas dos apaixonados arranca risadas de todos no cinema. A melhor parte deste filme é a volta do Quadribol. Ao menos, meia partida. Com as inovações técnicas que agora são permitidas, o jogo fica verdadeiramente empolgante e com vibração por parte dos fãs.

Outro ponto positivo é o professor de poções Horace Slughotn, interpretado de forma genial por Jim Broadbent, ganhador do Oscar de melhor coadjuvante por Iris. O ator parece feito para o papel do professor canastrão que "coleciona" alunos. A melhor cena do filme, no entanto, fica a cargo de Daniel Radcliffe. Por alguns momentos ele deixa o papel entediante de Harry Potter e torna-se a melhor piada do filme em uma atuação bem superior a todas as caras insossas do personagem do título até agora.

Quem leu o livro sabe que ao final, o impacto da maior revelação do filme foi suavizada. Talvez para tentar explicar melhor o que acontece a seguir em Relíquias da Morte. E, pelo amor de Deus, que eles arranquem fora aquele epílogo maldito...

5º FANTASPOA: "El ataque de los robots de nebulosa-5", de Chema García Ibarra

O destaque das exibições ficou por conta dos excelentes curtas espanhóis. Em Live Action, os espanos são definitivamente mestres, enquanto nas animações, os franceses se sobressaiam.

Esse segundo curta que trago, foi sem dúvidas o melhor das duas exibições. Com apenas um monólogo, o diretor Chema Garcia Ibarra fez toda a platéia rir e simpatizar com o jovem louco que acredita na invasão da terra por robôs de nebulosa 5. Menção honrosa no Festival de Sundance, o filme é um misto de simplicidade e genialidade. Infelizmente, só em espanhol...

5º FANTASPOA: Confira aqui alguns dos melhores curtas-metragens do Festival. "Mamá" de Andy Muschetti

Durante os dias 4 e 5 de julho, foram exibidos no Cine Santander Cultural curtas de diversas nacionalidades. Como temos pouco acesso a este tipo de material, que muitas vezes são de qualidade exemplar, resolvi procurar e postar alguns no blog. Assim, você que gosta de bom cinema pode aproveitar essas peças de curta duração, mas com ótimas idéias e boa qualidade.

O primeiro é o terror espanhol Mamá, de Andy Muschetti. Em 3 minutos, ele faz você ficar tão chocado quanto qualquer outro filme de terror oriental em duas horas. Ótima sacada, ótimos efeitos. Infelizmente, vai pelo Link mesmo...

Assista aqui!!!

Trailer: Intervalo, de Misael Lima

Já que nesse espaço costumo falar mal e bem dos filmes que assisto, chegou a hora de eu sair do assento de espectador e fazer alguma coisa. Pois bem, o resultado disso é INTERVALO. O curta tem 12:14 de duração e foi produzido na disciplina de Edição Audiovisual. Orçamento? R$ 0. Além disso, foram inúmeros percalços no caminho que quase impediram o curta de ser concluído. Enfim, não estou aqui para dar desculpas!

A história é simples: durante o intervalo, Penélope discute com Cármen a idéia da traição de seu namorado Antônio. Enquanto conversam, diversas histórias passam pelo seu caminho, até um desfecho surpreendente...

O mais complicado de tudo é que decidimos fazer tudo sem cortes. Ou seja, plano-sequência sabe. O roteiro é de Maria Carolina Bastos.

O curta foi para Gramado e estamos na torcida pela sua seleção! Wish us luck!!!

Transformers: A vingança dos Derrotados - É Michael Bay, amigo...

Transformers: Revenge of the Fallen
Nota 8 /10
EUA
, 2009 - 147 min
Aventura / Ação / Ficção científica
Direção:
Michael Bay
Roteiro:
Ehren Kruger, Roberto Orci, Alex Kurtzman
Elenco:

Shia LaBeouf, Megan Fox, Josh Duhamel, Tyrese Gibson, John Turturro, Isabel Lucas, Ramon Rodriguez, Rainn Wilson, Matthew Marsden, Kevin Dunn, Julie White
Eu não sei porque as pessoas ainda acham que algum produto vindo do midas dos filmes blockbusters vai ser, algum dia, um marco da sétima arte. Desde sempre, o que temos, são filmes ótimos e tradicionais visualmente, torrilhões de efeitos especiais e ação de tirar o fôlego. Transformers - O Filme, despontou por ser justamente um filme de robôs gigantes, com uma mulher lindíssima, roteiro despretensioso e todo o resto que já é tradicional do diretor. Com o segundo filme esperavam o quê? Diálogos Kauffmanianos? Tomadas etéreas a lá Wong Kar-Wai? Claro que não!

A história mostra dois anos depois dos eventos mostrados no primeiro filme. O exército se uniu aos AUTOBOTS e Sam quer apenas ir para a faculdade tentar ser normal. Tudo muda quando ele encontra um último fragmento do All Spark e começa a ter visões. Visões que levam os DECEPTICONS a seu antigo mestre: O Fallen.

Novamente, Bay aposta em um filme mais longo do que o normal, para contar sua história da maneira que imaginou. O tempo que ele deveria usar para aprofundar os personagens não é bem usado, o que resulta em diálogos rasos e personagens que não despertam carisma(salvo, obviamente, Shia Le Bouf, ótimo como sempre e Megan Fox, linda como nunca), entram e saem da tela sem qualquer sentido. Erros de continuidade também: copos cheios em uma cena, vazios em outra, cheios novamente na outra, além do armário ambulante de Fox. Mas, quem não imaginou isso.

A verdade é que Transformers 2 é pesado. Pesado de cansativo mesmo. Não é chato, de maneira nenhuma. Em termos de ação é muito melhor que o primeiro, com muito mais robôs e lutas mais elaboradas. Aliás, os grandões ganham mais espaço aparecendo mais e até falando mais. Infelizmente, não todos, mantendo-se justamente aos principais da história anterior. Destaque para a luta incrível de Optimus contra os Decepticons na floresta, quase melhor que a batalha final.

No mais, Transformers: A vingança dos Derrotados é mais um BayMovie que deve ser visto com descontração. Não leve a sério as incongruências e você vai ser feliz. Recomendamos deixar o cérebro em casa.

3 em 1: Rodada de filmes brasileiros



A Mulher Invisível
Nota: 8 / 10
Brasil, 2009 - 105 min
Romance / Comédia
Direção:
Cláudio Torres
Roteiro:
Cláudio Torres, Adriana Falcão, Cláudio Paiva e Maria Luísa Mendonça
Elenco:
Selton Mello, Luana Piovani, Maria Manoella, Vladimir Brichta, Fernanda Torres, Paulo Betti, Lúcio Mauro


Selton Mello é sem dúvida o maior ator do cinema brasileiro, no Brasil(já que fora daqui, quem se deu bem foi o Santoro). Normalmente, protagonista das maiores bilheterias do ano no país, seus filmes são garantia de diversão e boa interpretação. Junte isso com a maravilhosa Luana Piovani, sex symbol brasileiro e uma comédia divertida: Mulher Invisível é sexualmente provocante, mestre na vergonha alheia e repete o que faz sucesso no Brasil, sem muitos aprofundamentos e experimentalismos. Quando surge o selo Globo Filme você não deve esperar algo muito diferente. O primeiro grande estúdio privado brasileiro depois da retomada insiste em tornar o espectador médio, mais médio ainda, tornando a sua ida ao cinema, tão média, quanto a programação média da televisão. Por isso eu fico com o final que eu sei que Cláudio Torres(diretor do ótimo Redentor) teria escolhido: O personagem de Pedro entrando na banheira e aceitando seu egoísmo de braços abertos!

Divã
Nota: 8 / 10
Brasil, 2009 -
93 min.
Direção: José Alvarenga Jr.
Elenco: Lilia Cabral, Cauã Raymond, José Mayer.

O segundo filme brasileiro mais visto do ano(até o momento). O que isso significa? Atores famosos, roteiro divertido, um bocadinho dramático e temas familiares à classe média. A crise de meia idade em homens e mulheres, as relações entre casamento e amantes, tudo isso retratado de forma leve e sem preconceito. Um mundo que achamos que existe, mas não, continuamos sendo preconceituosos com tabus e tudo o mais. Nada mais normal para uma sociedade fundamentada em costumes morais e religiosos(que aliás nem são tocados nos filmes) ao longo de quase 5 séculos. No mais, Divã é sim divertido, tem boas atuações e participações especiais. Não é surpreendente nem desafiador. É conformista. A protagonista declara que "tem que se conformar com as viradas que vida dá". Mais um passo da Globo Filmes na solidificação de seu espectador médio, parte II: agora, no cinema...

Budapeste

Nota: 8,5 / 10

Brasil / Portugal / Hungria, 2009 - 113 min
Drama
Direção:
Walter Carvalho
Roteiro:
Rita Buzzar
Elenco:
Leonardo Medeiros, Gabriella Hármoni, Giovanna Antonelli


Confuso. A verborragia presente nos livros de Chico Buarque é definitivamente intransponível para as telas. Ao menos, Walter Carvalho tentou. O resultado foi uma espécie de filme Kaufmaniano brasileiro. Se você não conhece, Charlie Kauffman é um dos escritores mais bizarros do cinema atual e produziu pérolas como Quero Ser John Malkovich, Adaptação e o maravilhoso Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças. Normalmente, filmes que apresentam situações inverossímeis e aparentemente sem nexo. Assim é Budapeste. José Costa é um ghost writer: um cara que escreve livros para outros, sem assumir sua autoria. Sem qualquer interesse por sua mulher(excetuando o ciúme crescente que demonstra no passar do tempo), viaja para Budapeste. Lá, com uma bela professora decide expurgar o português e abraçar totalmente a nova cultura. Daí em diante é uma briga para descobrir o que é real, o que é sonho e o que é ficção. Destaque para as piadinhas relacionadas ao autor, que até faz uma pontinha falando em hungáro. Ao final da sessão não se surpreenda ao sair com uma pulga atrás da orelha. Sem o selo Globo Filmes, o cinema nacional pode se dar ao luxo de questionar e continuar questionando um público inquieto e relaxado.