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5 coisas que não entendemos: 5.ª Temporada de Game of Thornes

Nós realmente amamos a série da HBO. Somos fãs dos livros e assistimos as cinco temporadas pelo menos umas três vezes. Mas essa quinta foi triste de assistir. Eis cinco coisas que não entedemos na quinta de GoT:

A Estrada para o Oscar 2013: Argo

 A Estrada para o Oscar 2013: Argo

9,5



Ben Affleck é um daqueles casos que durante anos permaneceu no lado errado das câmeras em Hollywood. Apesar de angariar boas críticas no filme que ajudou a escreve, em Gênio Indomável, e ser um dos atores fetiche do cult Kevin Smith, não teve a pretensão de escolher bons papéis em sua carreira como galã jovem. Sua parceria com o diretor Michael Bay e o fiasco de Demolidor - O Homem Sem Medo quase acabaram com sua credibilidade. Mas, em 2011, ele se redimiu com seu segundo filme, Atração Perigosa. Um thriller intenso que quase entrou na briga pelo Oscar e atraiu a atenção da indústria do cinema de volta ao ator, agora, um diretor promissor. Argo é a confirmação desse talento por anos reprimido e que entra como favorito nessa fase final da corrida pelo ouro.

No final dos anos 70, uma revolução no Irã faz com que a CIA tenha que criar uma missão de resgaste, disfarçada de produção de cinema, para resgatar seis diplomatas.

Seja na fidelidade aos detalhes, seja na metáfora do cinema como salvador do mundo, ou na profundidade dos personagens, o diretor caminha transita seguro por cada elemento e passa esse sentimento ao espectador. Affleck consegue arrancar atuações apavorantes, tanto da multidão enraivecida, quanto dos diplomatas amedontrados. O suspense que se instala nos primeiros minutos do filme e só acaba nos minutos finais é angustiante e estarrecedor, mas não opressivo, e isso se deve também às ótimas atuações do indicado ao Oscar Alan Arkin e John Goodman, como produtores de renome em Hollywood.

Parece que como diretor, Affleck também descobriu que é seu melhor diretor. Sua atuação não é caricata, é honesta. É como se durante todos esses últimos anos, outras pessoas restringissem sua capacidade que agora não depende mais de um terceiro.

Ben Affleck, no comando completo de seus projetos, é um proeminente nome a ser lembrado pelas futuras gerações do cinema.

Django Livre - O bom, o mal e Django


Nota: 9 / 10


Pilar de seu cinema desde Cães de Aluguel, o western spaghetti sempre completou a trinca de influências da colcha de retalhos que é a filmografia de Quentin Tarantino. Juntamente com os filmes de kung fu e o trash dos anos 70, suas referências podem ser encontradas com maior peso em Kill Bill e, naquele que veio a ser considerado sua obra-prima, Bastardos Inglórios. Se as maiores referências para a história de Django Livre são os filmes de Sergio Leone (Era Uma Vez no Oeste e Três Homens em Conflito), a estética e a forma de contá-la são 100% tarantinescas. Estão presentes a verborragia hipnotizante, a violência atordoante e a edição rápida, já conhecidas de seus filmes e que vão totalmente contra o ambiente imersivo e lento de, por exemplo, a cena de abertura de Era Uma Vez, que por quase 10 minutos encara os capangas em uma estação de trem, ou o desfecho de Três Homens, que parece durar uma eternidade no famoso mexican stand-off. Django é portanto, a visão do velho oeste pelos olhos da geração multimídia, que não tem paciência para a letargia do faroeste, mas procura nos filmes o frenetismo do dia-a-dia. Talvez por isso, o filme seja tão prazeroso.

Django Livre conta a história de um escravo (Jamie Foxx) que se associa ao caçador de recompensas alemão, Dr. King Schultz (Cristoph Waltz), para tentar encontrar sua esposa, comprada por um perigoso fazendeiro conhecido como Candie (Leonardo DiCaprio). Como pano de fundo, a iminência de uma revolução abolicionista. E Tarantino não tenta oferecer um lado digno para os escravocratas: ele os trata como ignorantes e burros preconceituosos. Ninguém que pactua com a atividade é poupado. É a revanche do mais fraco, já abordada em Bastardos Inglórios, que não deu chances à figura histórica de Hitler.
Por mais que Cristoph Waltz pareça repetir o papel de Hans Landa na encarnação do anti-herói Dr. Schulz, sua atuação novamente impressiona pela profundidade que o ator aplica constrói seu personagem. Os trejeitos físicos e a presença psicológica de Schulz quase apagam o protagonista Jamie Foxx, mas o diretor soube elevar Django na hora certa, e no terceiro ato, ele rouba a cena de forma a chumbo e sangue. DiCaprio é um destaque a parte, digno do hall de vilões de Tarantino.
Se Tarantino peca em Django, peca pelo excesso. Excesso de referências, de citações (que incluem o conto de Siegfried e Brunhilda, e as origens da Ku Klux Klan). Excesso de exageros. É como se o diretor estivesse ciente disso e se desculpasse com o público na última frase do Dr. Schulz, ao condenar todos os personagens no ápice do filme: “Eu não pude resistir”.

Especial Oscar 2013 - Cinema de Animação

Foi um ano de decepções e filmes que simplesmente se acomodaram no desenvolvimento de uma história diferenciada, com atrativos que passassem da questão técnica. A DreamWorks, que vinha acertando desde Como Treinar o Seu Dragão, teve em seus dois maiores lançamentos, Madagascar 3 e A Origem dos Guardiões, uma estagnada prejudicial não só para as finanças como para a imagem frente ao público. Ignorada no Oscar, a empresa vai tentar se redimir em 2013 com Os Croods e Como Treinar o Seu Dragão 2.

Pior foi a Disney/Pixar, que lançou as duas animações mais esperadas do ano e decepcionou até o mais fervoroso dos fãs. Valente, com a primeira protagonista feminina da Pixar, não só recauchutou o plot fraco de Irmão Urso, como preferiu se ater a clichês e reviravoltas previsíveis, canções melosas e o desfecho da lágrima-curadora-de-todos-os-males, ao invés de explorar o universo feminista com mais afinco. Pior, a Pixar demitiu a diretora original do filme, insatisfeita com o resultado final. A tal "liberdade criativa" e "controle total" da obra, parecem ter desaparecido da lista de pontos positivos da empresa, que desde Toy Story 3, não consegue emplacar uma produção de qualidade.

Já a Disney vendeu Detona Ralph! muito bem, só para depois, desconsiderar o público do videogame e cativar as criancinhas. Uma pena. Outro potencial desperdiçado, na tentativa de criar personagens fofos para capitalizar em produtos licenciados. Mas de Detona Ralph!, você pode ler no post abaixo. Agora, é hora de falar das surpresas do ano.

Piratas Pirados! foi uma das mais agradáveis. Humor rápido, animação competente e que volta a fazer o assunto "piratas" soar interessante. Com a produção britânica dos estúdios Aardman, que levaram o Oscar por Wallace e Gromit: A batalha dos vegetais, o diretor Peter Lord (Fuga das Galinhas), fez um filme atemporal, com personagens marcantes, uma história que tira sarro de tudo e provoca o espectador, por sair da sua zona de conforto.

Depois, Frankenweenie, de Tim Burton. Pode ser dito que é o melhor Tim Burton desde Batman - O Retorno. Tem todos os elementos que já conhecemos: fotografia expressionista, personagens bizarros, trilha de Danny Elfman e a trama do garoto estranho que ninguém entende. Felizmente tem muito bom humor e ótimas referências aos filmes de terror da Universal que deliciam e enchem os olhos. A ótima animação em stop-motion também engrandece o filme.


Mas nenhuma animação surpreendeu tanto quanto Paranorman. O que parecia uma aventura bobinha, escorada na moda zumbi. Qual não foi a felicidade descobrir que o último filme que assisti em 2012 seria a melhor animação? Inteligente, com reviravoltas que surpreendem, não usa clichês sobre bullying, pelo contrário, faz piada com a moda de criticar os valentões, tem uma técnica tão aprimorada que confunde com computação gráfica, ótima dublagem e diversão para não botar defeito.

E sabe o que mais? Das 5 animações no Oscar, 3 são em stop-motion, e são as melhores. Parece que está na hora dos grandes estúdios voltarem a refletir de qual deve ser a prioridade: o perfeccionismo técnico, ou a harmonia de elementos.

O Oscar não é uma premiação justa, mas acredito que Valente não terá a mesma sorte que teve no Globo de Ouro. Em todo o caso, Frankenweenie é meu favorito à estatueta. Mas, quem sabe as musas olhem com favor para Paranorman ou Piratas Pirados.

Detona Ralph! - Universo gamer é homenageado em animação voltada para as crianças

Nota: 7,5


As adaptações da cultura gamer para o cinema sempre esbarram na mediocridade. Na indecisão de favorecer o público fã ou adaptar para uma realidade cinematográfica, o desastre torna-se inevitável. Dos exemplos de sucesso, mal pode-se citar Mortal Kombat e alguns filmes da série Resident Evil. Em compensação na sessão vergonha alheia, basta lembrarmos daquela versão patética de Street Fighter, com Jean-Claude Van Damme, Super Mario Bros. e Double Dragon, na década de 90. Nos anos 2000, um diretor alemão chamado Uwe Boll conseguiu transformar clássicos dos games em montes de esterco, chegando a levar o prêmio Ed Wood de Pior diretor da década. São dele os trashes como Alone in the Dark, BloodRayne, Far Cry e o já clássico da tosqueira, House of the Dead.
Detona Ralph tenta dar um pouco de dignidade a esse universo que não consegue ter um bom reflexo no cinema. Homenageando desde os arcades até os primeiros consoles, o filme está bem localizado na cultura gamer. Infelizmente, a fachada de gamemaníaco falha quando a história tenta se voltar para as resoluções de fácil assimilação do público infantil.

A história acompanha Detona Ralph, um vilão de fliperama, que tem como missão há 30 anos, destruir o prédio onde vive o protagonista de seu jogo, Fix It Felix. Chega o momento em que Detona desiste de ser um vilão e parte em uma missão para ser o novo herói dos videogames.

Diretor egresso da televisão, de programas como Futurama e Os Simpsons, Rich Moore estreia em longa-metragens também como roteirista. Utiliza de maneira inteligente os detalhes da estética pixelizada dos jogos de 8-bits, cria momentos de ação que emulam os games dos mais diversos gêneros. É na hora da construção dos personagens, como em A Origem dos Guardiões, que o filme acaba perdendo seu impacto. De um começo interessante, a um relacionamento estilo Monstros S.A., Detona Ralph! parece querer forçar o espectador a simpatizar com a menininha levada que é um bug do jogo Sugar Rush, um daquele jogos de corrida com cenários rosas e repletos de product placement. Não apenas os personagens não convencem com sua amizade-óbvia-mas-improvável, como as referências com a cultura gamer desaparecem e a animação passa a ser apenas mais um filme infantil.

O roteiro tenta deixar claro desde os primeiros minutos de projeção que o filme utilizará elementos pops dos games, como é o caso dos personagens de Street Fighter, Super Mario Bros., Sonic e Pac Man em sua narrativa, mas, após uma breve participação especial, eles desaparecem. Sobram apenas os personagens criados para o filme, que não compensam a expectativa criada pelos trailers. Além disso, o mundo do fliperama, com dezenas de jogos participantes, dá lugar ao mundo de Sugar Rush, onde o filme se passa quase que inteiramente.

O que falta a Detona Ralph! é o que sempre falta aos filmes de videogame: a adaptação da linguagem como solução visual para uma história. Até hoje, Scott Pilgrim Contra o Mundo é a melhor interação entre gamers e cinema, mas baseado em uma HQ. Detona Ralph! só deveria ter entendido que utilizar personagens conhecidos não é o suficiente para satisfazer os fãs do gênero.

Origem dos Guardiões - Equipe de super fábulas tem boa premissa, mas não cumpre o que promete

Nota: 6/10



O Papai Noel com os dois braços tatuados (Nice e Naughty), um Coelho da Páscoa australiano (quase um canguru), Jack Frost (praticamente desconhecido no Brasil, onde ele aparentemente não aparece há uns bons anos), a Fada do Dente e o Sandman (João Pestana no Brasil), uma equipe de super-heróis que protegem as crenças infantis do Bicho Papão. Essa premissa empolga. As artes da animação mexem com o espectador. Tudo se encaminha para uma sessão de muita ação e entretenimento. Até começarem os primeiros bocejos.

Dirigido por Peter Ramsey, já conhecido por aquela outra bomba, Monstros Vs. Alienígenas, A Origem dos Guardiões peca pela conversa fiada. As cenas de ação não empolgam pois o inimigo (uma espécie de Loki infantil) não consegue intimidar. É a clássica questão do muito papo para nada. Se ele fosse realmente mau, simplesmente acabava com os guardiões e terminava o filme como senhor do universo. Mas esse não é o problema da direção. A responsabilidade de Ramsey é aproveitar a duração do filme para fazer o público se importa com seus personagens. Mas na tentativa de mostrar todos os detalhes de cada um dos guardiões, o diretor esquece de criar essa profundidade e aligação com o público. As histórias são as mesmas que já foram usadas por tantos filmes: o herói que não aceita seu fardo e precisa descubrir seu valor. Frost não é um personagem tão carismático a ponto de ser um protagonista em um filme que precisa de aceitação mundial.

Soma-se a isso o ritmo lento, intercalado por muitos diálogos vazios e cenas melodramáticas, tornando o vilão um inimigo repetitivo e sem a capacidade de manipulação verdadeira ou perigo de um Loki. Mesmo o visual do filme não explora a capacidade de escala que se tornou marca dos filmes da DreamWorks e, apesar de algumas soluções estéticas interessantes, cai no limbo dos filmes empacotados para uma Sessão da Tarde.

O Hobbit - A versão 2.0 do cinema

O Hobbit - A versão 2.0 do cinema
Nota: 10




Eu lembro que assisti Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel, em duas fitas vhs locadas na minha cidade. Não esperava muito. Me surpreendi. Fiquei hipnotizado. Fui absorvido. Era uma visão do fantástico catártica, elevava os filmes do gênero a outro nível. Nunca mais um filme épico seria igual, Peter Jackson garantiu isso. Foi uma trilogia perfeita, provavelmente, o que Star Wars simbolizou em uma outra época, O Anel marcou a geração dos anos 2000. E quase como Star Wars, a trilogia tornou-se um projeto de hexologia. Mas O Hobbit não tem nada da decepção que foi a Ameaça Fantasma. Pelo contrário, é provavelmente um novo patamar no cinema épico. Provavelmente o melhor filme de fantasia já feito.

Antes de Frodo, Bilbo Bolseiro participou de uma aventura quase tão épica quanto a da Sociedade do Anel. Junto com um grupo de anões, o relutante hobbit, parte em direção a Montanha Solitária, na tentativa de reaver o tesouro e o lar de toda uma civilização. Mas, antes, um dragão terá que ser derrotado.

Diferente do que costumo relatar em minhas críticas, vou enfatizar os pontos fracos do filme antes de me aprofundar nos pontos positivos. Em relação ao excelente livro de J. R. R. Tolkien, O Hobbit difere em alguns pontos que compõe a personalidade do Bolseiro e que considero fundamentais para a narrativa. Existe uma dualidade poderosa em Bilbo, uma guerra entre o lado Tûk  e o lado Bolseiro, que senti falta nessa primeira parte. O protagonista ficou meio esquecido entre a grandiosa história de Torin, as proezas de Gandalf e até quando ganha espaço maior, no duelo de adivinhas, Gollum e sua atuação soberba digital se sobressai. Uma pena. Martin Freeman é um grande ator que poderia levar o filme nas costas se necessário.

O filme também simplifica as lições disseminadas pelo livro para tornar cada parte independente. Heroísmo piegas, resoluções simplistas quase são um problema ao longo das quase três horas de projeção e poderiam diminuir a qualidade de O Hobbit, não fosse suas curtas durações.

Acho que é isso.

Peter Jackson conseguiu novamente. Melhor, ele criou um novo limite no que se refere a adaptações, efeitos especiais e cinema blockbuster. Na adaptação, o filme reúne não apenas a linha principal do livro, mas se dá ao luxo de utilizar seu tempo para investigar inclusive os subtextos e histórias secundárias que despertam completamente o interesse do leitor, e, nesse caso, espectador. Radagast, o mago marrom, tem espaço de sobra na tela para mostrar seu bom humor e sua própria mitologia. Gandalf, o cinzento, mostra porque era tão temido e amado, e muito mais interessante do que sua versão como Gandalf, o branco, que sempre considerei bem insossa. Mais do que isso, o tom do filme é divertido como o livro, as canções são emocionantes e tudo isso levando adaptação a um nível de fã doentio.

Os efeitos especiais, desde a abertura arrebatadora nas cavernas dos anões, aos flashbacks (que você anseia recorrentemente durante a projeção), superam as cenas de batalha de O Retorno do Rei inclusive. A fuga pela caverna de orcs é outro momento que mistura a aventura de Goonies, com a linguagem videogame de tantos jogos de aventura e a emoção de uma montanha russa. O que nos leva às criaturas digitais. O Rei Orc da caverna e o Rei Orc de Moria seriam o suficiente para apavorar o Peter Jackson de 2001 com a perfeição sutil de suas interpretações. Mas ele vai além. A briga dos trolls é crível. Dá nojo e até pena. O Gollum está fenomenal. Andy Serkis faz por merecer uma indicação ao prêmio de melhor coadjuvante. É crível, conquista nos detalhes, nas expressões.

Por fim, tornar a história divertida e agradável ao público comum é a cereja do bolo de Peter Jackson. Quem é fã, vai amar. Quem só assistiu os filmes, vai delirar. Quem se apaixonou por O Senhor dos Anéis após os 180 minutos de duas fitas VHS, vai entender, que a nova trilogia, pode ser a maior aventura de sua vida.