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O Ano dos NERDS no Cinema!

O Ano dos NERDS no Cinema!

Não há como negar: 2010 foi o ano dos Nerds no cinema!
Do pessoal dos computadores à mitologia do videogame e super-heróis, esse ano foi o momento dos fenômenos dos quadrinhos e cultura pop dominarem às telonas. Vamos aos cinco mais importantes:

5º- A Rede Social: Não dá pra negar que o indíce de nerdice de Zuckerberg superou limites pré-estabelecidos quando ele criou o Facebook, mas só agora é que podemos ter a exata noção do que isso significou para toda uma tribo. As competições para selecionar programadores para o Facebook, as horas gastas na frente de um computador e linhas de código e principalmente a total inadequação social, renderam o favoritismo às maiores premiações da temporada 2011, além de catapultar as carreiras de Jesse Eisenberg e Andrew Garfield. Nada melhor para mexer no ego do pessoal de TI, que sabe muito bem como é difícil ter reconhecimento nessa profissão...

4º - Kick-Ass: Quebrando Tudo - Levado dos quadrinhos sensacionalistas e grosseiramente violentos de Mark Millar, a história tem tudo aquilo que todo o nerd sonha: um garoto apaixonado por quadrinhos que decide tornar-se um herói em um mundo sem heróis. Basta vestir um colante e doi porretes e pronto, ele vai descobrir que não é tão fácil assim ser herói. Claro que o filme pegou mais leve do que os quadrinhos originais, mas mesmo assim abusou da violência e conquistou uma legião de fãs em todo o mundo, rendendo o suficiente para conseguir um bom lucro e, claro, engatar uma sequência.

3º - Predadores: O clássico dos anos 80, que marcou a vida de muitos jovens, voltou pelas mãos do cult Robert Rodriguez em um dos melhores filmes de ficção científica do ano. Se não bastasse as ótimas referências ao primeiro filme e as novas raças que conseguem ser mais assustadoras ainda, temos um Fishbourne ezquisofrênico e um raquítico Adrien Brody deixando o governator no chinelo com o preparo físico de protagonista. Junte a isso um elenco inspirado e muito sangue e pronto: a galera do Sci-fi sai completa de mais uma sessão de cinema, digna dos melhores filmes de ação do ano.

2º - Tron: O Legado - Uau. Sam Flynn pega a moto e dispara pelo coração da cidade. Sobe a trilha do Daftpunk e eu só consigo lembrar dos jogos de SuperNes como Top Gear e aquele jogo de motos que você tem que desviar dos carros. Pronto. É o que precisa para entendermos que a continuação de Tron será uma eterna homenagem a clássicos dos anos 80, nos games e nos cinemas. Todo o visual cyberpunk repaginado para 2010, mantendo o que de melhor o filme original teve e trazendo novos elementos da cultura 2.0. Peca pelo fato de tentar, mais uma vez, a velha artimanha do déspota que pretende dominar o mundo desconhecido, mas ganha ao saber jogar muito bem com os elementos que tem força. Um filme para você viajar rumo a um passado que você talvez nem tenha vivenciado, mas que deixa um forte odor de nostalgia no ar.

1º - Scott Pilgrim contra o mundo: É. Não há como discutir. A obra máxima do ano carrega tudo o que os filmes anteriores oferecem em uma única ópera de encher os olhos. Nada melhor do que chamar Edgar Wright (de Todo Mundo Quase Morto e Chumbo Grosso), para coordenar essa aventura épica em 8-bits, que mistura todos os universos da cultura pop em apenas um filme. Michael Cera, astro nerd, se une a um elenco impecável e cheio de referências (essa é provavelmente a única vez que veremos Capitão América e Superman no mesmo filme) com um visual estarrecedor e uma trilha insana que bota abaixo todo o conceito de universo nerd que se possa imaginar. Se não fosse o bastante, o apoio da crítica e o desprezo do público convencional tornam esse filme um cult instantâneo que dispensa palavras e enaltece o que de melhor a cultura nerd tem a oferecer.

Amém.

Megamente e As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada - Dois filmes para o feriado de Natal e para toda a família

Megamente

NOTA: 8,0 / 10

Megamind
EUA , 2010 - 96 min.
Animação / Comédia

Direção:
Tom McGrath

Roteiro:
Tom McGrath , Cameron Hood

Elenco:
Will Ferrell, Tina Fey, Jonah Hill, David Cross, Brad Pitt



A Dreamworks assume a liderança em lançamentos de animação no ano. Foram 3 filmes em pouco mais de 8 meses: Como Treinar o Seu Dragão, Shrek Para Sempre e, para fechar o ano, Megamente. Desde o primeiro trailer, acreditei que o filme fosse apenas mais uma produção bobinha e que novamente sairia frustado do cinema com a empresa que me deu alegrias com algumas produções, mas jamais conseguiu atingir o patamar dos estúdio Pixar em termos de qualidade narrativa. Megamente me surpreendeu por voltar às origens da produtora, com um humor escrachado, aproveitando o que de melhor a empresa sabe fazer: parodiar gêneros. No filme, acompanhamos um vilão que finalmente derrota seu arqui-rival e vê que isso trouxe um vazio imenso para sua alma. Decide então criar um novo herói que poderá trazer emoções a sua vida, mas como sempre, essa ideia tem tudo para dar errado. A fórmula da animação segue os padrões já conhecidos, mas destaca-se por um humor bem trabalhado, ótima trilha sonora e personagens interessantes. Se cai nos mesmos clichês que já conhecemos, ao menos cai com estilo. Surpreende também a qualidade técnica da produção que aposta em cenas grandiosas e efeitos eletrizantes que vão fazer você querer voltar mais e mais vezes ao cinema e aproveitar o filme com tudo o que o 3D pode proporcionar.

As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada

NOTA:
7,5 / 10

The Chronicles of Narnia: The Voyage of the Dawn Treader
EUA , 2010 - 115 minutos
Aventura / Fantasia

Direção:
Michael Apted

Roteiro:
Christopher Markus, Stephen McFeely, Michael Petroni

Elenco:
Georgie Henley, Skandar Keynes, Ben Barnes, Will Poulter, Gary Sweet, Terry Norris, Bille Brown



Depois de deixar os estúdios Disney, onde os dois primeiros filmes foram rodados, e perder seu diretor, a franquia de Nárnia parecia ter futuro indefinido. A Fox apostou no terceiro filme da série e conseguiu equilibrar o tom fantasioso da história original com uma produção que mantém o nível dos filmes da série. A história mostra Edmundo, Lúcia e Eustáquio de volta a Nárnia, onde encontram um navio, o Peregrino da Alvorada. Lá, Caspian relata que está em uma busca pelos sete lordes de Nárnia perdidos nos mares orientais. E as crianças irão ajudá-lo nessa busca. Ótimos efeitos especiais e uma bela mensagem (característica dos livros), embalam essa aventura que aposta também em um 3D, desnecessário diga-se de passagem. Ainda assim, leva com orgulho o nome da série, rumo a novos mares, ainda não descobertos.

A Rede Social - David Fincher mostra o lado negro da maior rede social do mundo

A Rede Social - David Fincher e as relações pessoais

NOTA: 9 / 10

The Social Network
EUA , 2010 - 120 minutos
Drama

Direção:
David Fincher

Roteiro:
Aaron Sorkin, Ben Mezrich (livro)

Elenco:
Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Armie Hammer, Rooney Mara, Max Minghella, Rashida Jones

Zodíaco talvez seja o filme do diretor David Fincher que mais se assemelha a A Rede Social. Diálogos rápidos mas longos, seguidos por cortes secos e mais diálogos, dando momentos oportunos para o espectador respirar e digerir os acontecimentos, sem jamais tomar um partido, mostrando os fatos como, em sua concepção, aconteceram. Ao contrário de Benjamin Button, onde o sentimento principal do filme dependia inteiramente do carisma com o protagonista, em seu novo filme, o efeito é completamente o contrário. Por mais que tenhamos a mania de querer nos colocar no lugar do personagem principal, em poucos minutos de exibição descobrimos que Mark Zuckerberg não é flor que se cheire. E aos poucos notamos que todas as acusações que ele sofre no decorrer do crescimento do Facebook fazem parte de sua falha de caráter. Mas ao mesmo tempo, nada teria funcionado tão bem se ele não tomasse as decisões que o tornaram tão impopular e odiado por aqueles que o cercavam.

A Rede Social acompanha a trajetória do criador do Facebook, desde a criação de sua primeira rede social, aos posteriores processos quando o mesmo havia tornado-se bilhonário.

O currículo de David Fincher foi provavelmente o que salvou A Rede Social do fracasso monumental e o colocou no patamar de favorito para o Oscar. Antes disso, o projeto despertou a falta de interesse em boa parte do público cinéfilo e muito mais dos sites e revistas especializados. O diretor foi crucial para essa mudança. Nos roteiros, chamou o colega Aaron Sorkin (de Curioso Caso de Benjamin Button) e a equipe que trabalhou no filme anterior, para pintar a projeção com uma fotografia deslumbrante. Cada momento do filme é realçado cmo as cores determinadas, tornando o processo de acompanhar os diálogos mais interessante e menos cansativo. Afinal, fazer de duas horas e meia de diálogo algo atrativo de ser assistido é tarefa difícil para qualquer um e nesse ponto, a direção de atores ganha força nas mãos do diretor.

Jesse Eisenberg torna-se mais do que apenas um Michael Cera genérico e impõe a personalidade alienada determinante para compreendermos o porque de Zuckerberg ter conseguido tantos inimigos em tão pouco tempo. Andrew Garfield, no papel do brasileiro e único amigo do protagonista Eduardo Savrin, consegue mostrar ao mesmo tempo a inocência e apatia que o levou a ser trapaceado para fora da empresa, enquanto Justin Timberlake provoca nojo como Sean Parker, quase tornado o "vilão da história". Destaque também para o excelente efeito que tornou o ator Armie Hammer os gêmeos Winklevoss, apenas substituindo o rosto no corpo de outro ator. Simplesmente incrível.

O roteiro também acerta ao não apontar o certo e o errado, mas ao mostrar a forma como Zuckerberg soube aproveitar todas as oportunidades em prol da sua criação e da forma como cada uma dessas decisões teve consequências que não puderam ser evitadas, mas o fizeram o mais novo bilhonário do mundo.

A pergunta que chega ao final da projeção é como uma pessoa, capaz de criar a maior ferramenta social de todos os tempos, não consegue sequer construir relações duradouras fora do mundo virtual. Seria um estranho desejo de querer se sentir odiado e colocar a culpa nas outras pessoas, mesmo quando essas pessoas realmente se importam como ele, ou talvez, algum ressentimento de outros relacionamentos que o tornaram alguém fechado longe da tela de um computador?

A resposta, é claro, depende de cada espectador. Mas uma coisa é certa: Zuckerberg sabe como ser um babaca com muito dinheiro.

Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1 - O começo do fim

Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1 - O começo do fim

NOTA: 8,5 / 10

Harry Potter and the Deathly Hallows - Part 1
EUA / Inglaterra , 2010 - 146 min.
Drama / Fantasia / Suspense

Direção:
David Yates

Roteiro:
Steve Kloves

Elenco:
Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Ralph Fiennes, Helena Bonham Carter, Bill Nighy, Richard Griffiths

Eu lembro da primeira vez que encontrei um livro de Harry Potter disponível em uma livraria. Ninguém, na época, fazia ideia do que se tratava, mas o colorido da capa, as letras em verde brilhante e o destaque dado pelas livrarias ao produto chamou a atenção. Não comprei o livro (na verdade, só fui comprar um livro da série no sexto volume, os outros todos consegui emprestados), mas uma professora da sétima série emprestou-me logo após a compra. Bom, foi o suficiente para me fazer delirar pelo mundo fantástico de J.K. Rowling. Quando a saga acabou em livros, iniciou a nova jornada nos cinemas. Os últimos 3 livros e consequentemente os últimos 4 livros, abandonam o clima de fantasia juvenil do começo da série e mergulham no lado obscuro do mundo bruxo e do abandono da infância rumo à vida adulta. Ver Harry Potter nos cinemas, torna-se uma fantasia sadomasoquista que precisamos completar para enfim, podermos deixar os personagens em paz, longe de toda a aflição que eles passaram ao longo de tantos anos. Por isso, talvez a parte inicial de As Relíquias da Morte seja um dos melhores filmes da série até hoje, senão, o melhor.

Nessa primeira parte do último livro, Harry parte para encontrara as horcruxes e tentar destruir Voldemort, mas para isso terá que manter seus amigos o mais perto possível e fugir constantemente, já que não existe lugar seguro para se esconder.

David Yates volta à direção em seu 3º filme ao lado do bruxinho. O diretor conquistou a autora da série e boa parte dos fãs, ao utilizar os movimentos frenéticos de câmera na mão e fotografia inspirada que desde A Ordem da Fênix, surpreende pela qualidade dos profissionais contratados. Se há um porém é que até agora seus filmes permaneciam mutilados, em relação aos livros que eram baseados. A divisão em duas partes de As Relíquias da Morte deu tempo ao diretor e a chance do estúdio faturar ainda mais. Yates se sai bem ao imprimir o ritmo frenético inicial do livro e mantém as "aparições" de personagens até então nunca vistos na série (sim, refiro-me exatamente a Gui Weasley) de forma natural. Enquanto no livro a fuga do trio de protagonistas é extremamente monótona, o diretor consegue extrair uma das melhores sequências da série ao mostrar cenários do mundo trouxa, ao som de um rádio anunciando os bruxos desaparecidos nos últimos dias. Incrivelmente desolador.

Meu momento preferido do filme é sem dúvida o momento onde é relatado o conto das relíquias da morte, uma animação computadorizada que mescla elementos do 2D e estilização quase quadrinesca assustadora. Ponto alto do filme sem dúvida.

Apesar da competência de Yates e do meu favoritismo como o melhor diretor da série (a abertura do filme com Scrimgeour é sensacional), os últimos dez minutos do filme sofrem do mesmo problema de O Enigma do Príncipe: É anticlimático. Apesar de entender que se trata de uma "trilogia", nada justifica encerrar o filme de forma brusca sem buscar algo que faça o espectador realmente tiritar de excitação na cadeira. Por favor, Senhor dos Anéis ensinou isso muito bem. Sem contar o momento final de uma personagem que torna sua morte extremamente melodramática e apenas uma desculpa para encher a história de cadáveres amigos (SPOILER ALERT!!!!!***********me senti mais tocado pela morte de Edwiges do que pelo já citado Dobby *************). E se algo depõe contra o diretor é justamente essa descaso.

Em relação ao trio de protagonistas, que dominam boa parte do filme e precisam levar o filme nos ombros, temos Rupert Grint sobressaindo-se como um Rony amargurado e ciumento; um Radcliffe maduro e determinado, e a sempre agradável Emma Watson como elemento racional e frágil do grupo, tomando as dianteiras frente a apatia dos rapazes. Rufus Scrimgeour recebe tratamento de luxo pelo incrível Bill Nighy, mas temos que destacar Jason Isaacs, que rouba a cena quando aparece, como Lucius Malfoy. No geral, sempre me surpreendo com Imelda Staunton, no assustador papel de Dolores Umbridge.

Se há alguém que deve-se culpar desde o princípio, seu nome é Steve Kloves. Roterista da série há seis filmes, é ele que os fãs pedem para crucificar quando algo fica fora dos filmes. E talvez seja dele boa parte das ideias que incomodam quando adaptadas. Sejam cenas adicionais inesperadas ou resoluções precipitadas (cito novamente o que comentei antes, em relação aos dez minutos finais), são diálogos muitas vezes vazios e sem sentido para a história que tiram a força de Relíquias da Morte Parte 1.

O filme funciona em seu começo e tem altos e baixos durante toda a projeção. Os primeiros minutos refletem a tensão que paira sobre o mundo inteiro, enquanto o trio da adeus a suas vidas comuns. Hermione separando-se de seus pais é o momento mais pesado do filme. Os conflitos entre o grupo elevam também o drama entre os três amigos quando o medalhão projeta o maior medo de Rony de forma desavergonhada, quase sensual. O sangue e a violência trazem a série para um nível de pressão que imaginamos explodir apenas em Julho de 2011 com a chegada do último filme e enfim resolução de toda a mágica criada por HarryPotter e Os Inúmeros Diretores que conseguiram uma façanha: criar a maior e mais lucrativa série do cinema em todos os tempos, e claro, satisfazer milhões de fãs com grande estilo.

Pausa Forçada

Olá leitores,

só passando pra avisar que a partir do dia 22/11 as postagens voltam à programação normal. Isso porque no momento, estou finalizando meu TCC e por isso, estou impossibilitado de manter as postagens.

Em breve, o mesmo estará publicado aqui!

Abraços

Tropa de Elite 2 - José Padilha consagra o gênero dos filmes de máfia brasileiros

Tropa de Elite 2 - José Padilha consagra o gênero dos filmes de máfia brasileiros

NOTA: 9 / 10


Brasil , 2010 - 116 min
Ação / Drama

Direção:
José Padilha

Roteiro:
José Padilha, Bráulio Mantovani

Elenco:
Wagner Moura, André Ramiro, Maria Ribeiro, Pedro Van Held, Irandhir Santos, Seu Jorge, Milhem Cortaz, Fernanda Machado, Tainá Müller



O Capitão Nascimento está mais velho, mais experiente e mais intolerante. Suas crises de ansiedade foram afogadas no mar de sangue da guerra do Bope com o tráfico e agora, ele pode fazer pelo Bope tudo aquilo que a organização proporcionou para ele. Mas assim como a experiência trouxe força e determinação para o Caveira, também acabou com qualquer surpresa e felicidade que uma vida comum poderia oferecer. O casamento destroçado, a distância do filho e de todos com quem se relacionava e o rosto cansado e marcado por suas lutas são parte dessa nova realidade como sub-secretário de segurança e líder da inteligência no governo do Rio de Janeiro. O Bope é uma máquina que funciona perfeitamente, equipada com a melhor tecnologia. O que Nascimento não sabe é que essa máquina pode estar trabalhando para as pessoas erradas e que o seu verdadeiro inimigo não está no tráfico de drogas.

Tropa de Elite 2 mostra os personagens do primeiro filme encarando agora as milícias policiais do Rio de Janeiro pós-tráfico de drogas.

José Padilha relembra Parada 174, seu documentário de estreia com as tomadas de helicóptero e as narrações que pontuam esse novo filme. Pode-se dizer que essa já é uma marca do diretor, que segue mostrando como o Capitão Nascimento vai do inferno à redenção em uma trama muito bem amarrada e conduzida de dar inveja à Francis Ford Coppola e o seu Poderoso Chefão. O que não fica implícito é a violência que como no filme de 74, abusa do sangue e no visual intenso e rápido captado pela câmera visceral de Lula Carvalho que repete em momentos tomadas do primeiro filme acentuando as tonalidades emocionais de determinadas cenas, como por exemplo, na casa mal iluminada e vazia do Capitão Nascimento. No primeiro filme, ela parecia desconexa com a presença de sua esposa e nesse segundo momento, parece confortável com a presença solitária do protagonista.

Wagner Moura consegue com Tropa de Elite 2 marcar sua posição como um dos melhores atores do cinema brasileiro atualmente. Não há papel que pareça desconfortável em sua pele. Seja como ator de comédia ou romance, seja nesse papel que o consagrou, ele sabe como carregar o tom dramático do filme. Sua expressão intacta durante quase todo o filme sucumbe nos momentos finais, perto de sua redenção. O elenco de apoio é competente em seus papéis, seja o monstruoso Rocha ou o malandro Fábio, ou mesmo o apresentador de programa de TV sensacionalista. Mesmo se ao humanista Fraga pareça faltar um pouco de força ao papel, aos poucos o personagem parece ganhar vida própria e tornar-se crível.

O roteiro desse segundo filme consegue aprofundar mais do que apenas na violência crua e, como chamam alguns, fascista de Tropa de Elite. Personagens e situações não existem apenas para para mostrar como funciona o Bope (que aliás, tem papel secundário nesse filme), mas criam relações e sub-tramas intrincadas, dignas de Hollywood. Os diálogos mais ricos colocam em questão a política e a polícia que se importam apenas com dinheiro e poder deixando de lado o povo, de forma cruel e usurpadora.

É essa realidade que perturba em Tropa de Elite. Ver Jason Bourne ou Jack Bauer torturando meio mundo em prol dos Estados Unidos pode parecer exagero ou seque chega a incomodar. Mas ver o Brasil que conhecemos, as instituições que nos são familiares destruindo a confiança do povo que depende e se aproveitando da displicência do poder Público é algo que em certo momento do filme torna-se insuportável. Mesmo porque, nem o próprio Nascimento é capaz de resolver no braço e rende-se aos tribunais em busca de vingança. E o final otimista é mais do que um privilégio da ficção, é um final necessário para que possamos pelo menos, imaginar um país que seja capaz de resolver suas próprias feridas através da justiça.

A Lenda dos Guardiões - Diretor de 300 e Watchmen aposta em animação adulta para renovar o gênero

A Lenda dos Guardiões - Diretor de 300 e Watchmen aposta em animação adulta para renovar o gênero

NOTA: 8,5 / 10

Aventura/Fantasia/Animação
EUA/Austrália. 90 min.

Direção:
Zack Snyder

Roteiro:
John Orloff, Emil Stern, Kathryn Lanski

Elenco:
Jim Sturges, Ryan Kwanten, Helen Mirren, Emilie de Ravin, Hugo Weaving, Sam Neil

Adaptar um livro para o cinema pode estar entre as tarefas mais estressantes já criadas. Primeiro, você tem que condensar uma história lenta e longa os bastante para preencher um livro, preservando pontos principais, mas simplificando a narrativa para que o público espectador se identifique em 1h40 com os personagens que leitores degustaram por semanas. Mais do que isso, tem que agradar os fãs e cativar os novatos. A adaptação então consiste em não apenas transpor o livro para o cinema, mas sim, em criar uma nova história com os elementos conhecidos. E é por isso que tantos naufragam nessa tentativa. Aliar uma boa história também depende da capacidade do diretor em saber manter o pulso firme nos pontos mais relevantes. E nesse caso, A Lenda dos Guardiões sai na frente com bons personagens e a competência habitual do diretor Zack Snyder que transforma um livro aparentemente infantil em uma história para adultos e crianças.

Soren é uma coruja que desde cedo foi criada ouvindo as lendas dos Guardiões de Ga'Hoole. Quando acidentalmente ele e seu irmão caem do ninho onde vivem, se descobrem em um mundo onde as lendas são verdadeiras e o mal é maior do que se imaginou.

Novamente Zack Snyder dirige um trabalho que não escreveu, adaptado de uma série de livros de sucesso em 2005. A produção ganha em ousadia pois o diretor sabe como tornar uma história sombria o suficiente sem cruzar a tênue linha da violência explícita, visto que as batalhas entre corujas no livro tendem a ter inúmeras lacerações e sangue espirrado. Snyder sabe dominar também a tecnologia 3D que neste filme permite a visualização de cenários excepcionais, vôos com profundidade e o mais interessante de tudo, a marca do diretor: O Slow Motion. Como fã da técnica e do diretor, nunca canso das cenas com esse efeito e A Lenda dos Guardiões tem overdoses do estilo. Slow em tudo, até em algumas cenas banais, mas dane-se, o resultado é incrível. Snyder também consegue imprimir as diferenças plásticas e psicológicas entre os personagens ao representar cada um com suas diferentes representações na tela. O exército de St. Aeggis é sinistro como os 300 de Esparta, enquanto os guardiões, não menos estilosos, utilizam suas navalhas e capacetes de forma a usar a luz como arma.

No elenco, é difícil julgar visto que a cópia disponível era dublada. Nada que comprometa o filme, mas fica difícil levar a sério a cobra-cega, Mrs. P. Com uma voz infantil e uma modelagem bastante estranha, não consegui me acostumar com ela, apesar de sua importância na série de livros. No mais, a animação dos personagens, que já era excepcional em Happy Feet, filme anterior do estúdio, continua muito boa. Aliás, a textura dos personagens consegue ser ainda mais real que a do primeiro filme e sua movimentação é algo que poucos estúdios conseguem atualmente.

Como falei antes, realizar uma adaptação é sempre complicado. Acompanho a série há pouco mais de um mês. Nos primeiros minutos, pude notar que o filme toma um rumo diferente dos livros. É difícil entender essa mudança, mas aos poucos ela faz sentido. E não apenas isso, mas cria sua própria mitologia, coerente e que agrada por justamente surpreender todos os espectadores. Nos pontos onde o livro torna-se didático ou desinteressante, o filme passa de forma rápida e interessante. Lamenta-se, infelizmente, que alguns pontos fortes também foram esquecidos, como a tortura psicológica de St. Aeggis e alguns outros momentos fracos e clichês do gênero, repetidos.

Ainda assim, A Lenda dos Guardiões mantém um nível e cria um novo rumo para as animações. Tira do cenário infantil e começa a posicioná-la de forma a recuperar seu elemento de entretenimento para todos. Não se acovarda pelas cenas fortes. Mesmo quando entra o clichê que todos esperam a história toma outro rumo muito mais intenso e deixa um gancho inteligente no final do filme. Essa introdução de diretores conhecidos por filmes que em nada se assemelham com a cultura infantil transforma as animações em uma mistura bastante curiosa.

Se algo tira um pouco do encanto do filme é a trilha sonora, que além de suave demais para o teor da história, não parece se encaixar em nenhum momento. Fora isso, vale curtir o filme e ainda ganhar de brinde, a exibição de um curta do Coyote e Papa-Léguas, bem no estilo Warner Bros. de antigamente.

Oscar 2011: E a máfia vence novamente no Brasil

Oscar 2011: E a máfia vence novamente no Brasil

Na quinta-feira (23/09) tivemos a notícia de que Lula: O filho do Brasil foi o escolhido pela academia de cinema brasileira para representar o país na briga por uma vaga no prêmio mais cobiçado do cinema: o Oscar. A reação foi quase unânime: Como assim? O elefante branco de 16 milhões de reais que não conseguiu sequer empatar o custo de produção e foi ignorado pela crítica por se tratar de um dramalhão a la Dois filhos de Francisco, mas sem o sucesso do anterior despertou a discussão sobre a política de escolha dos filmes ao oscar no Brasil. Os últimos 3 anos trouxeram ao Brasil não mais do que a qualidade de espectador, que ano passado, culminou na vitória da Argentina com o ótimo O Segredo de Seus Olhos. Em 2007, enviamos Última Parada 174, filme que de artístico não apresentava nada, exceto a direção do já nomeado ao Academy Award, Bruno Barreto. Aparentemente, para a academia, não foi o suficiente para sequer cogitar o filme na lista de indicados. No ano passado, Sérgio Rezende com o fraco Salve Geral fez feio tanto fora quanto no Brasil, e por algum motivo foi o classificado pela Academia Brasileira, que ignorou A Festa da Menina Morta e Se nada Mais der certo, dois filmes que ganharam repercussão mundialmente. E por fim, o chefe do clã Barreto produziu o filme que todos sabiam que iria para a premiação por mais anêmico que seja.

Pois bem, não é uma simples coincidência. Depois de ouvir o presidente da academia brasileira despejar a bobagem mor ("não enviaremos o melhor filme, mas o que tem mais chance de ganhar", como se ganhar não tivesse nada a ver com qualidade, como atestam os vencedores passados), temos o tráfico de influências corroendo não apenas nas câmaras políticas, mas também nos bastidores da Secretaria de Cultura. Em perfil publicado na revista Piauí, Luiz Carlos Barreto apresenta sua influência no cenário nacional, principalmente no que diz respeito às políticas de incentivo a produção. É clara a sua importância no cinema nacional, mas utilizá-la para tirar a chance de outros filmes esmerados de participarem de uma corrida de tanta importância é nilismo em excesso.

Não tiro os méritos políticos e cinematográficos de Lula o Filho do Brasil, mas acredito que uma escolha como essas deve ser repensada pela Academia Brasileira de cinema e dar mais atenção aos novos talentos que surgiram no Brasil. Esses podem não ser tão importantes ou famosos agora, mas mesmo um Barreto já foi um zé-ninguém qualquer que buscava oportunidades.

Terror em primeira pessoa: REC² e O último exorcismo

Terror em primeira pessoa: REC² e O último exorcismo

Eu tinha 12 anos quando saí da sessão de Bruxa de Blair completamente aterrorizado com o que acabara de presenciar na tela. A forte campanha de marketing do filme havia me convencido de que se tratava de uma história real e a experiência imersiva nunca vista antes me nocauteou. Mesmo sabendo tratar-se de uma farsa, o filme foi um divisor de águas na minha vida. Hoje entendo que boa parte do que presenciei naquele dia foi devido a uma técnica que viria a me proporcionar as sensações mais aterradoras no cinema desde então. Cloverfield buscou mais o lado do extraordinário e da fantasia mas Rec trouxe de volta aquele sentimento que em quase 10 anos não pude presenciar. Se Atividade Paranormal não foi meu filme favorito, ao menos conseguiu ressuscitar o medo do escuro e do desconhecido. Neste ano, tive a oportunidade de encarar duas sessões do estilo com Rec 2 Possuídos e O Último Exorcismo. São dois filmes que bebem diretamente nas escolas que representam: Rec pelo fantástico vertiginoso de Cloverfield e O Último Exorcismo nas entrelinhas de A Bruxa de Blair. Ambos honram seus predecessores até o último minuto.

Rec 2 – Possuídos

NOTA: 8 / 10

[REC]²
Espanha , 2009 - 85 min.
Terror

Direção:
Jaume Balagueró, Paco Plaza

Roteiro:
Jaume Balagueró, Paco Plaza, Manu Díez

Elenco:
Jonathan Mellor, Oscar Sanchez Zafra, Leticia Dolera, Ariel Casas


“Não pare de gravar por tu puta madre”. A repórter desesperada assinala as palavras pouco antes da equipe da Swat, com as melhores armas e microcâmeras nos capacetes invadir o prédio que deu origem aos eventos vistos em Rec. Dessa vez, a histeria parece ser geral. A equipe não tem piedade e dispara fogo a torto e a direito, acompanhada de um “especialista” do Ministério da Saúde. A missão: Encontrar um antídoto. Mas como antes, não será apenas uma missão de rotina. O clima pesado do final do primeiro filme já entra de sopetão nesta continuação, que se não é tão boa quanto o original, ao menos sabe levar adiante o legado de Rec. O sangue vem aos borbotões aqui e começamos a nos deparar com revelações que podem levar a série para um outro rumo e, assim, garantir uma história ainda mais original e aterradora do que o esperado. A pressão psicológica eclode principalmente em duas cenas assustadoras, que por um acaso, não são culpas dos zumbis. Por fim, novamente temos os minutos de tensão potencializados, quando as revelações só podem ser observadas pelo infravermelho de uma câmera. Se o final não surpreende tanto, ao menos temos a chance de observar um pouco mais de Ângela e entender afinal o que aconteceu entre uma história e outra.

O Último Exorcismo

NOTA: 8,5 / 10

The Last Exorcism
EUA , 2010 - 87 min.
Terror

Direção:
Daniel Stamm

Roteiro:
Huck Botko, Andrew Gurland

Elenco:
Patrick Fabian, Ashley Bell, Iris Bahr, Louis Herthum, Caleb Landry Jones, Tony Bentley

O reverendo Cotton é um homem que não se importa de ser chamado de charlatão. Ele apenas tenta fazer o bem pelas pessoas que “exorciza” ao mostrar para elas que tudo não passa de um problema psicológico. Depois de 47 exorcismos, uma equipe resolve documentar esse último trabalho. Em uma fazenda, uma garota que vive com o pai e o irmão parece possuída por um espírito maligno e só Cotton poderá enfrentá-lo. Produzido por Eli Roth, o filme custou $1,8 milhões e arrecadou 20 em seu primeiro final de semana. Não é à toa, exorcismo não apenas é um tema popular no cinema, como também tem grandes adeptos no pentecostalismo americano (e brasileiro). Essa sensível linha entre o real e o imaginário é o ponto central da trama que irá questionar o espectador durante quase a totalidade do filme antes da virada final. E devo dizer que esse momento realmente me perturbou. Desde 1999 não sentia algo tão opressor em uma sessão de cinema quanto em o Último Exorcismo. Sem pressa o filme consegue tirar toda pretensão e entrar onde você menos pode esperar: no obscuro da sua alma.

Resident Evil 4: Recomeço - Menos Milla, mais 3D

Resident Evil 4: Recomeço - Menos Milla, mais 3D

NOTA: 7,5 / 10

Resident Evil: Afterlife
EUA , 2010
Ação / Suspense

Direção:
Paul W.S. Anderson

Roteiro:
Paul W.S. Anderson

Elenco:
Milla Jovovich, Ali Larter, Kim Coates, Shawn Roberts, Sergio Peris-Mencheta, Spencer Locke, Boris Kodjoe, Wentworth Miller, Sienna Guillory, Kacey Barnfield, Norman Yeung, Fulvio Cecere, Ray Olubowale, Christopher Kano, Tatsuya Goke, Nobuya Shimamoto, Peter Kosaka, Denis Akiyama, Kenta Tomeoki, Shin Kawai, Mika Nakashima


A tomada inicial sobe lentamente pelas pernas de uma garota parada na chuva enquanto centenas de guarda-chuvas, brancos e vermelhos, passam por ela. Ao final, ela ataca sua primeira vítima e a infecção se espalha por todo o mundo. Isso acontece pouco depois de Alice ter sido capturada pela Umbrella Corporation, 4 anos antes de Resident Evil 4: Recomeço. Sem diálogos geniais, apostando no visual apurado, o filme conseguiu resgatar a identidade do videogame e se dedicar ao que mais interessa: tiros, zumbis e muitos efeitos especiais, potencializados por um 3D que, temo em dizer, mais interessante que o próprio Avatar.

Paul W. S. Anderson, diretor e roteirista do primeiro filme, voltou a série para contar o que aconteceu com Alice, após a humanidade tentar recomeçar sua vida. O que ela vai descobrir é que nem tudo que reluz é ouro.

Sou um partidarista completamente anti o diretor Paul W. S. Anderson. Se o primeiro filme de Residente Evil me surpreendeu bastante, devo dizer que fiquei decepcionado com Alien Vs Predador e Corrida Mortal além de outras porcarias que ele dirigiu. Minha surpresa é que ele se encaixa perfeitamente em Resident Evil. Não adianta ser ranzinza, o filme é sem dúvida um dos mais divertidos do ano e um dos poucos que me fez querer voltar ao cinema mais algumas vezes. Tudo isso deve-se a tecnologia 3D, finalmente honrada como James Cameron sempre desejou. Ao invés de apelar para a conversão como muitos diretores pensaram ser uma boa ideia (e não é!), Anderson abraçou a tecnologia 3D e utilizou as mesmas câmeras de Avatar. O resultado é surpreendente. Nunca algo voou tão perto de você ou grudou nos seu óculos de maneira tão realista quanto o sangue neste filme. As cenas com paisagens, as lutas, a profundidade e até a claustrofobia causada pelas cenas produzidas tornam a experiência de Resident Evil 4 angustiante como o filme deve ser.

Enquanto isso, do lado do elenco, nada de novo no front. Milla Jovovich está como sempre: muito dedicada e bonita. Mas sua atuação deixa a desejar. E no único momento em que talvez ela pudesse aparecer seminua, o diretor corta o barato. Pena. O primeiro soube jogar muito bem com a nudez da atriz e pode ter certeza que isso enriqueceu muito mais o filme. Fora ela, os personagens clássicos do apocalipse estão lá: o líder justo, o traidor repulsivo, o assassino misterioso e as carnes para abate coadjuvantes.

O roteiro também não é lá essas coisas e serve apenas de justificativa para o banho de sangue e os objetos atirados na plateia. Anderson disse que visualizou todo ele em 3D, mas acredito que ele esqueceu de ler de novo no final. É bobinho, mas dane-se, ninguém dá bola pra ele mesmo.

A direção tem falhas gravíssimas. Destaque para a cena final onde a foto de dois personagens aparecem nos arquivos de uma câmera criogênica meio minuto depois deles serem presos (você vai entender quando assistir). O filme é sim indispensável para ser assistido no cinema e em 3D. Não adianta perder tempo com as cópias em 2D seu mão-de-vaca, não foi para isso que o filme foi feito. Aliás, tem uma cena pós-créditos feita para os rapazes da sessão.

Vale dizer que conferi o filme na nova sala 3D do Cinesystem Shopping Total, que foi devidamente reformada e está demais!

Aproveite!

Daybreakers - Uma ode aos malditos vampiros chupadores de sangue

Daybreakers - Uma ode aos malditos vampiros chupadores de sangue

NOTA: 8,5 / 10

Daybreakers
Australia/EUA, 2009 - 98 min.
Terror / Ficção Científica

Direção:
Spierig Brothers

Roteiro:
Spierig Brothers

Elenco:
Ethan Hawke, Willem Dafoe, Sam Neill

Crepúsculo criou uma legião de fãs que aceitam vampiros politicamente corretos e amor imortal. De uns anos pra cá, assim como o cinema foi invadido por obras que lembram a obra-prima de Stephenie Meyer também criou obras que resolveram recuperar a honra dos chupadores de sangue sem poupar no sangue ou na estilização das criaturas da noite. Sem dúvida o maior nome dessa classe é o excelente filme sueco Deixa Ela Entrar, perturbador e que resgata com classe os ícones da lenda. Daybreakers ou, no Brasil, 2019: o ano da extinção (péssimo nome para variar), não chega a ser um clássico, mas tem qualidades que não devem ser abandonadas ou ignoradas pelos amantes de histórias de vampiros.

A história se passa em 2019, dez anos depois que a praga dos vampiros se instalou na terra. O mundo é dominado pelos chupadores de sangue, que cultivam humanos para abastecer a população com sangue. Mas a raça humana está quase extinta e os vampiros buscam uma solução para que a falta de alimento no mundo não crie uma raça insandecida de criaturas da noite.

A direção dos Spierig Brothers, à frente de um filme de grande orçamento é insegura. Se no começo o filme parece oferecer todos os elementos para tornar-se um Sci-fi cult ao estilo de Gattaca ou a atmosfera de um Blade Runner, aos poucos, debanda para o trash e queda para o lado gore da força. A fotografia pálida e escura do começo do filme utiliza de princípios que já estamos careca, constrastando o azul frio com o vermelho do sangue, presente em portas, roupas da garçonete e mesmo no café dos vampiros. Quando a sombra se apodera do local, são os olhos vermelhos que ressaltam a natureza desse povo aparentemente normal que estamos acompanhando. Ao passar da história, conforme o personagem de Ethan Hawke evolui, os ambientes vão ficando mais claros e quentes até o final road movie. É tudo muito didático e previsível, mas nesse caso, funciona e muito bem. Fora isso, os efeitos são competentes para o baixo orçamento e o enredo, querendo ou não, prende você até o final.

O elenco é um caso a parte. Conseguir juntar três atores como Ethan Hawke, Willem Dafoe e Sam Neill com menos de 20 milhões é uma proeza. Se o protagonista, imortal e frágil, mortal e kick-ass de Hawke tenta dar um pouco de drama e peso para a história, o personagem de Dafoe é o alívio trash. O ator tem uma capacidade de mesclar atuações soberbas em filmes como Anticristo e se prestar para ser o mentor caricaturado e trash de um filme de baixo orçamento. Em determinado momento recita uma impagável linha que demonstra a seriedade de seu personagem: Fuck it, let's have a barbecue!

(Pausa para reflexão)

Depois dessa frase nem sei se devo continuar a falar das atuações, porque Dafoe é o melhor personagem de histórias de vampiro em anos e leva o filme nas costas. É dele a última e óbvia cena totalmente non-sense de Daybreakers, mas essa deixo para que você se delicie imaginando qual deve ser.

O roteiro é inteligente por tentar realmente mostrar todos os aspectos da vida dos vampiros como sociedade basicamente noturna, mas adaptada ao sol maligno (?). Os diretores sabem que o filme poderá não ter uma sequência e tentam saciar a dúvida dos possíveis seguidores que Daybreakers irá formar. É importante essa construção da história pois potencial para se tornar um cult de ficção científica o filme tem. Outro detalhe importante é mostrar a transformação que os vampiros sofrem quando não consomem sangue humano e voltam a ser mais próximos de seu parente Nosferatu. Se os humanos estão perto da extinção, os vampiros estão ainda mais perto do canibalismo e da loucura como pode ser constatado.

Quando o Daybreakers decide ser gore, consegue e muito bem. São cabeças que explodem, vômito e um balé em câmera lenta da carnificina dos soldados uns contra os outros. A execução de nosferatus é brilhante, mas nada supera Sam Neill amarrado em uma cadeira e pagando por seus pecados. A cena entra para o hall das mutilações mais animalescas do cinema, junto com obras como Dia dos Mortos, realizada por Tom Savini. O que destaca essa produção também é a utilização de maquiagem real e não apenas efeitos especiais nessas cenas.

Por isso, Daybreakers é um filme que não merecia o tratamento dado a ele no Brasil, com um título vergonhoso e direto em dvd. Não é um exemplo de bom cinema, mas uma boa pista do que o cinema sci-fi e trash representa e que, principalmente, traz de volta o bom e velho asco aos malditos vampiros chupadores de sangue.

Karate Kid - Xiao Dre é o Daniel San do século 21

Karate Kid - Xiao Dre é o Daniel San do século 21

NOTA : 7,5 / 10

Karate Kid
EUA , 2010 - 140 min.
Ação / Drama

Direção:
Harald Zwart

Roteiro:
Christopher Murphey

Elenco:
Jaden Smith, Jackie Chan, Taraji P. Henson, Han Wenwen, Rongguang Yu, Zhensu Wu, Zhiheng Wang, Zhenwei Wang, Jared Minns, Shijia Lü, Yi Zhao, Bo Zhang, Luke Carberry, Cameron Hillman, Ghye Samuel Brown, Rocky Shi, Wang Ji, Harry Van Gorkum, Tess Liu, Xinhua Guo, Jijun Zhai, Shun Li, Tao Ji, Chen Jing, Wentai Liu, Geliang Liang, Xu Ming



Tire a jaqueta. Pendure a jaqueta. Jogue no chão. Pegue a jaqueta. Coloque a jaqueta. Tire a jaqueta. Como isso vai ensinar alguém a lutar kung fu? Ensina tanto quanto pintar uma cerca ou encerar um carro. São pequenos elementos que funcionaram no primeiro Karate Kid e que repetem-se no remake que funcionam melhor ou tão bem quanto no original. O remake ainda assim consegue ir além e realmente trazer dramaticidade, atualidade sem nunca perder o foco ou desdenhar o original. Tendo na produção um astro competente como Will Smith, não poderíamos esperar outra coisa.

A história mostra o garoto Dre e sua mãe que viajam para a China. Lá, ele terá que se adaptar aos novos costumes e enfrentar os garotos do dojo local, tudo com a ajuda de um misterioso zelador.

A direção de Harald Zwart, de filmes pouco relevantes, ao menos não compromete. É didática, ou seja, faz questão de reforçar de 5 em 5 minutos que essa China apesar de moderna, ainda é a China socialista e tradicional que tem a estrela da União Soviética como sombra. Basta ver nas tomadas mis en scene que insistem em enquadrar a dita estrela nas cenas do colégio. Também sai o kimono preto dos adversários para a entrada do vermelho, que claro, será destroçado pelo branco de Bruce Lee: o chinês mais ocidental de todos os tempos. Apesar disso, a direção mantém o bom nível de tensão do filme e ótimas cenas de ação e luta que empolgam.

A pancadaria quando começa não para. E dá-lhe Jaden Smith tomando porrada até não querer mais, caindo e se retorcendo. As tomadas não convencionais do oriente também encantam. A muralha da China aparece pouco, em comparação com o lindo templo no alto da montanha.

O elenco também responde à altura da lenda. O filho de Smith está ali não por conta do pai, mas pelo talento que conquista. É engraçado e dramático quando necessário, mas principalmente, dedicado ao papel. Está longe de ser ótimo, mas segura o filme. Jackie Chan tem aqui uma das poucas atuações sutis de sua carreira o que é um alívio e um destaque a parte. Assim como o sr. Myiagi, Han tem seus próprios demônio para exorcizar.

O roteiro foi honradamente adaptado. Pontos chaves são mantidos, diálogos também. Mais do que isso, o remake vai além e reforça os pontos fracos do primeiro filme, tirando detalhes inconsistentes e, principalmente, modernizando os conflitos e problemas que surgem com a globalização, sem cair na armadilha de traduzir todos os diálogos. É bom sentir o estranhamento de não entender nada do que os atores falam em alguns momentos.

Karate Kid é uma deliciosa surpresa. Divertido, com bons personagens bem recauchutados, cenas memoráveis. Tem tudo para manter acesa a chama da lenda original e espalhar para os mais jovens alguns conceitos como respeito e equilíbrio. Até o final bruto do filme não se preocupa em explicar demais e encerra a história em um clímax que depois de tanto provocar o espectador e o fazer vibrar com cada golpe, dá a perfeita sensação de missão cumprida.

Se algo derruba o filme é a música tema do garoto Bieber. Mas nesse momento, você já está saindo do cinema.

Indicações do Blog Day:

Indicações do Blog Day:

Não dá pra fugir desse universo que é a blogosfera e nem deixar de citar companheiros de viagem. São eles

www.accirs.com.br - Não é um blog mas paga a conta do cinema. É graças a Associação que tantas críticas podem ser postadas por aqui. Textos e artigos bem legais no site.

www.lematine.wordpress.com - Colega recente que tem um pensamento bem parecido com relação ao cinema. Boas críticas, ótimas listas e sempre comenta por aqui. Vale a pena!

Abraços!

Os Mercenários - Fantasia homoerótica digna dos anos 80!

Os Mercenários - Fantasia homoerótica digna dos anos 80!

NOTA: 3 / 10

The Expendables
EUA , 2010 - 103 min.
Ação

Direção:
Sylvester Stallone

Roteiro:
Dave Callaham, Sylvester Stallone

Elenco:
Sylvester Stallone, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Eric Roberts, Randy Couture, Steve Austin, David Zayas, Giselle Itié, Gary Daniels, Terry Crews, Mickey Rourke



Mercenários é o filme gay do ano. Um monte de astros do cinema de ação malhados ao máximo, nenhuma mulher seminua e muitas cenas comprometedoras detonam qualquer estereótipo desses rapazes que no fundo são sensíveis e apreciam a companhia de seus amigos. Audácia do diretor Sylvester Stallone que soube criar em um filme aparentemente troglodita um marco na história do subliminar. Basta ler nas entrelinhas...

A história mostra um grupo de ex-soldados super treinados que aceita uma missão: assassinar um general que comanda uma ilha na América Central. Claro que eles vão descobrir que existe muito mais por trás dessa missão.

Vou deixar bem claro: entrei para a sessão de cinema esperando um filme de ação tão competente quanto os realizados nos anos 80 e saí satisfeito, neste aspecto. Stallone sabe o que seu público quer e isso se reflete em muitas cenas de ação descabidas, recheadas de explosões e chuvas de balas. Não precisa nem justificar, muito menos quando uma metralhadora explode uma casamata. Mas se o objetivo era emular esse cinema que não se assiste mais recentemente, não tente dar profundidade. É com momentos desnecessário e fora de ordem cronológica que o filme derrapa feio. Fora isso, erros de continuidade toscos, má edição e o típico cinema do diretor, sem pé nem cabeça conseguem tirar do filme o pouco de qualidade que ele poderia ter. Sem contar que nem mesmo a utilização de maquiagem para as cenas de mutiliação é respeitada: temos que nos contentar com efeitos de computador toscos que depreciam ainda mais o filme.

Stallone também é um péssimo ator, quando não interpreta Rocky. É de longe o pior do filme, visto que ao final da sessão é o que menos lembramos. Jason Statham praticamente tem que levar nas costas como co-protagonista, com uma historinha infame sobre sua sensibilidade, plot que apenas serve para mostrar porque ele é o maior ator de ação atualmente. Jet Li e o resto do elenco tão alardeado nas propagandas mal aparecem no filme e quando isso acontecem, apenas repetem as falas já ditas anteriormente. Dolph Lundgreen e Mickey Rourke são destaques por personagens, no mínimo, mais interessantes.

O roteiro não deveria ao menos ser comentado, mas vamos lá: a história é aquela tão tradicional, cheia de clichês e piadas desnecessárias e frases de efeito tão ruins quanto às que seu amigo coloca no MSN. Beira a estupidez em alguns momentos e óbvio, só arranca risadas.

O mais notável de Os Mercenários é uma falsa hipocrisia de que é um filme de machos. Ao contrário, é um filme que como Top Gun, tem tudo para se tornar um marco do cinema gay. Se Tom Cruise ao menos tinha cena de sexo com sua namorada, aqui, Statham compra champagne Rosé e um anel de Rubi que "brilhava mais na loja onde comprei". Rourke não encontra a mulher perfeita e só se sente feliz na companhia dos amigos. Stallone tem a sua frente Gisele Itié, perfeita, exótica, implorando por um beijo, mas dá um abraço fraternal, entra no avião e Statham, o sensível e assexuado namorado da garota, com um sorrisinho sem-vergonha declara: "Eu sabia. Ela não faz seu tipo".

E tenho dito.

O Último Mestre do Ar - Ou "O Avatar que não deu certo"

O Último Mestre do Ar - Ou "O Avatar que não deu certo"

NOTA: 3 / 10

The Last Airbender
EUA , 2010 - 103 minutos
Ação / Fantasia

Direção:
M. Night Shyamalan

Roteiro:
M. Night Shyamalan

Elenco:
Noah Ringer, Dev Patel, Nicola Peltz, Jackson Rathbone, Shaun Toub, Aasif Mandvi, Cliff Curtis


Uma pergunta me assola há pouco mais de dois anos: o que houve com M. Night Shyamalan? Depois de filmes de imenso sucesso comercial e da crítica, nas últimas produções, ele parece ter perdido algo em seus filmes. Se em Fim dos Tempos somos apresentados para uma estúpida desculpa ambientalista em O Último Mestre do Ar temos que lidar com más atuações e um roteiro apressado. Foi-se o tempo em que o diretor conseguia nos manter presos por quase 2 horas e no final, virar completamente o rumo da história com uma revelação surpreendente. Mas, ainda há esperança para o diretor de Sexto Sentido, como seu último filme tenta de todas as formas possíveis mostrar.

Baseado na série de desenhos Avatar (nada a ver com o Avatar de James Cameron), o filme mostra um mundo dividido em quatro reinos: da água, do fogo, do ar e da terra. Quando o reino do fogo decidi conquistar os outros reinos, resta ao avatar, um herói que domina todos os elementos, trazer novamente paz ao reino.

A direção de Shyamalan encontra aqui uma história que não foi desenvolvida pelo próprio diretor, mas teve o roteiro escrito por ele. Ou seja, o fracasso total do filme pode ser jogado em suas costas. O que podemos dizer das técnicas utilizadas por Shyamalan são boas saídas para um filme convencional de aventura. As lutas deixam de ser picotadas para aumentar a velocidade e apostam em tomadas mais longas que privilegiam os movimentos coreografados dos atores. Por mais que os movimentos soem idiotas nas telas de cinema, pelo menos 4 cenas do filme merecem destaque: a luta com dominadores de Terra, a fuga da fortaleza de fogo, a luta no reino do Norte e a dominação do mar, feita por Ang.

A pergunta é: qual a utilidade do 3D no filme? Absolutamente nenhuma. As cenas ficam mais escurecidas e cansam os olhos na maior parte das vezes e em nenhum momento dão profundidade ao filme ou beneficiam de alguma forma. Junto com Fúria de Titãs o filme mostra que a conversão para 3D definitivamente é uma escolha errada.

O elenco é fraco, não há dúvida. Noah Ringer soa patético em suas cenas com falas e talvez, no último frame do filme consiga realmente esboçar uma emoção. Dev Patel só repete o rosto amargurado, longe do garoto de Quem Quer ser um Milhonário, bem como o resto do elenco que entra e sai de cena sem qualquer índice de dramaticidade em suas atuações.

O grande problema de O Último Mestre do Ar é seu roteiro. Fiel ao desenho, tenta condensar mais de 6 horas de história em menos de duas, o que acaba por não sustentar seus personagens e muito menos causar comoção nos momentos dramáticos do filme. Diálogos vazios e soluções fáceis derrubam a história que já pecava em outros aspectos.

De tudo mais, O Último Mestre do Ar é inovador em alguns aspectos, poucos momentos de brilhantismo de Shyamalan. Esses aspectos positivos ficam apagados pela falha monumental do resto da produção. Porque Ang é aqui um avatar amargurado, ciente do peso de sua tarefa mas com medo de assumi-la. Passa longe do rapaz ingênuo e divertido que cativou o público. A tomada de dominação do mar, aliás, parece jogar sobre seus ombros toda a responsabilidade que carrega como escolhido. E por isso a cena final seja a mais representativa de todo o filme, se você conseguir ficar acordado até ela.

Aprendiz de Feitceiro - Um filme para ser esquecido por toda eternidade

O Aprendiz de Feitceiro - Um filme para ser esquecido por toda eternidade

NOTA: 2 / 10

The Sorcerer's Apprentice
EUA , 2010 - 111 min.
Ação / Fantasia

Direção:
Jon Turteltaub

Roteiro:
Larry Konner, Mark Rosenthal

Elenco:
Nicolas Cage, Jay Baruchel, Alfred Molina, Teresa Palmer, Toby Kebbell, Omar Benson Miller, Monica Bellucci,

É difícil dizer uma única coisa que deu errado em O Aprendiz de Feiticeiro, nova tentativa da Disney de criar uma franquia lucrativa com a equipe de A Lenda do Tesouro Perdido. A ideia inicial era interessante e mesmo as primeiras imagens empolgaram quando surgiram no começo do ano. 5 minutos de filme são necessários para arrancar os primeiros bocejos.

A história livremente inspirada na passagem de Mickey pelo filme Fantasia, de 1940, mostra um feiticeiro que busca durante séculos o sucessor de Merlin para que ele possa destruir Morgana, o mal encarnado.

Jon Turteltaub já demonstrou em A Lenda do Tesouro Perdido uma competência extraordinária no que diz respeito a reutilizar tudo aquilo que já foi feito/visto/esquecido de ruim em clichês de filmes de aventura. Apesar da gorda bilheteria destes filmes, os roteiros simplistas e cheios de furos não animavam e pior, conseguiam criar tédio apesar de tantas cenas de ação. Em Aprendiz de Feiticeiro as mesmas fórmulas são usadas e reutilizadas. Piadas a todo o momento, cenas de romance mal colocadas, falta de timming e uma impressionante fraca direção de atores mostram que para o diretor, o vácuo sem vida é pouco. Dificilmente fiquei tão entediado em um filme de aventura mágica.

O elenco tem nomes competentes mas que conseguem extrair o pior de si mesmos para seus papéis. Cage é um estereótipo mal-feito ambulante, meio gângster, meio mestre, meio babaca. Jay Baruchel é péssimo e não convence como escolhido, herói ou qualquer outra coisa que não seja de nerd traumatizado e Alfred Molina é vergonhoso. Monica Bellucci está feia! Conseguiram transformar a mulher mais sexy do mundo, que só de caminhar leva homens à loucura a um estado de insipidez total! ISSO É IMPERDOÁVEL seu Jon!

Não bastasse isso o filme tem diálogos forçados, soluções que vão deixar você tendo ataques epiléticos do cinema. Aprendiz de Feiticeiro menospreza a inteligência do espectador em todos os níveis possíveis e imagináveis. A cena onde o aprendiz descobre ser o escolhido é banal, previsível e mal-feita a tal ponto que todos descobrimos desde o começo do filme como irá acontecer. Nada salva este filme. Mesmo os efeitos epeciais falham miseravelmente em boa parte do tempo. Detalhe para a cena em que o filme "homenageia" o clássico da Disney, mas, mais uma vez consegue apenas ofender a memória impecável do original.

Aprendiz de Feiticeiro é mais um enlatado com data de validade vencida. E que desapareça no limbo junto com seu diretor e mestre.

4 filmes pra curtir no cinema: À Prova de Morte, Meu Malvado Favorito, Salt e Almas à Venda

4 filmes pra curtir no cinema: À Prova de Morte, Meu Malvado Favorito, Salt e Almas à Venda

À Prova de Morte (Grindhouse: Death Proof). Dir.: Quentin Tarantino. Elenco: Rose McGowan, Rosario Dawson, Kurt Russel.

NOTA: 8,5 / 10


"Cheers, Butterfly. The woods are lovely, dark, and deep. And I have promises to keep. Miles to go before I sleep. Did you hear me butterfly? Miles to go before you sleep...". São poucos, pouquíssimos diretores que tem a capacidade de criar algo tão imponente quanto este simples versinho de Death Proof. O prêmio que Stuntman Mike ganha com isso é uma das cenas mais sensuais do cinema até hoje. Vanessa Ferlito, uma atriz praticamente desconhecida que teve suas pernas e pé salientados pela câmera vouyer de Tarantino agora brinda os espectadores de todo o mundo (menos dos EUA onde a cena foi cortada) com uma lap dance de tirar o fôlego. Essa sequência resume em ótimos diálogos, interpretações caricaturadas e uma reviravolta inesperada (menos de 5 minutos depois vemos a cara de Arlete ser arrancada por um pneu de carro) aquilo que o diretor mais estiloso da última década construiu baseado nas suas experiências de Grindhouse e imprimiu em seu próprio estilo. À Prova de Morte é mais filme que seu vizinho Planeta Terror justamente por não se prender só ao tom jocoso e excessivamente gore do primeiro, mas por ter o dedo do seu criador e homenagear com estilo o cinema trash dos anos 70, principalmente quando se trata do uso de dublês e efeitos especiais Old School. Aqui não há espaço para a computação gráfica. É verdade que no segundo ato o filme perde força, mas ainda assim, mantém um grande nível, digno dos filmes do diretor.

Meu Malvado Favorito (Despicable Me). Dir.: Pierre Coffin. Elenco: Steve Carrel, Jason Segel, Julie Andrews.

Nota: 8 / 10


A Universal Pictures entrou tarde no mercado de animações mas teve um bom começo. Meu Malvado Favorito não é de longe um filme marcante, mas tem boas tiradas, um roteiro interessante e um ótimo elenco. Desde que você pegue o filme legendado. Mais uma vez, o Brasil nos brinda com as vozes de humoristas sem talento para a dublagem o que estraga a experiência de assistir a essa boa obra. Sou um grande defensor das animações dubladas por profissionais. Até prefiro uma sessão de cinema de um filme animado dublada, pois o trabalho no país tem ótimos resultados, melhor até que a dublagem americana. Mas com famosos não tem jeito: fica sempre horrível e esse filme não é exceção. A história mostra o outro lado da moeda: um vilão que quer roubar a lua e para isso, precisa da ajuda de 3 crianças órfãs para enganar seu arqui-rival. Personagens cativantes, um 3D divertido e excepcional e uma história mediana que deve agradar, mas de maneira nenhuma será um marco para alguém além da Universal Pictures.

Salt (Salt). Dir.: Phillip Noyce. Elenco: Angelina Jolie, Liev Schreiber e o alemão da cantina nos Bastardos Inglórios

NOTA: 5 / 10


Angelina Jolie desistiu dos filmes de arte e embarcou no pipocão de cabeça. Existem exceções como A Troca e O preço da coragem, mas seus maiores sucessos são sempre os mesmos: O papel de femme fatale literalmente fatal. Depois de Sr. e Sra. Smith e Procurado, filmes de gordas bilheterias e orçamentos, chegou a hora da senhora Pitt deixar as crianças de lado e encarar seu lado Bourne de ser. E é só isso que o filme é. Como na série do agente com amnésia, a história aqui vai para o mesmo lado. Passado misterioso, conspiração da Guerra Fria (AHn???) e o personagem incriminado tentando provar sua inocência. A era Bourne não permite sutilezas. Só o imprvável. A história mostra uma agente da CIA resgatada a poucos anos da Coréia do Norte, que é acusada por um espião russo de armar a morte do vice-presidente da Rússia. É claro que ela irá enfrentar exércitos de agente super treinados, explosões, traições e traumas e sair com apenas um arranhãozinho em uma parte não vital. Assim como as reviravoltas do filme são previsíveis e quase infantis. Mas é Angelina Jolie em um filme onde você pode no mínimo, parar de pensar por uma hora e meia, o que já é grande coisa.

Almas à Venda (Cold Souls). Dir.: Sophie Barthes. Elenco: Paul Giamatti.


NOTA: 8,5 / 10


A grande sacada de Almas à Venda é parecer com filmes do gênero como Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças e outros filmes de Spike Jonze e Charlie Kauffman, mas ser absolutamente original em seu desenvolvimento. O plot é bizarro. Uma empresa promete remover a almas das pessoas que a sentem como um peso terrível e querem viver uma vida mais plena. Paul Giamatti interpretando a si mesmo precisa disso antes que tenha um colapso. Longe das experimentações dos filmes citados acima, a história aqui depende muito mais da interpretação sutil do ótimo Giamatti que nunca caricaturiza as almas utilizadas por seu personagem. O filme tem momentos de humor, mas em sua maioria é como suas cores. Frio, melancólico e terrivelmente verdadeiro. O único momento onde o filme apresenta um pouco de calor é quando enfim o personagem entende que não podemos fugir de nós mesmos e nas relações é que encontramos a vida que parece nos abandonar. Um momento muito bonito que é de emocionar e mais de tudo nos faz questionar a importância de aprendermos a conviver com quem somos. Parece muito auto-ajuda lendo neste texto, mas a conotação do filme é brilhantemente discreta para que você possa mastigar antes de engolir. E saber que mesmo um grão-de-bico pode ser uma bela alma.

A Origem - O sonho fantástico de Cristopher Nolan

A Origem - O sonho fantástico de Cristopher Nolan

NOTA: 9,5 / 10

Inception
EUA / Inglaterra , 2010 - 150 minutos
Ficção Científica /Ação

Direção:
Cristopher Nolan
Roteiro:
Cristopher Nolan
Elenco:
Leonardo Di Caprio, Ken Watanabe, Joseph Gordon-Levitt, Marion Cotillard, Ellen Page, Cillian Murphy, Tom Berenger, Michael Caine, Tom Hardy

Se há algo em comum nos filmes de Cristopher Nolan como Amnésia, O Grande Truque e A Origem, é a forma na qual todos os aspectos da história começam como peças de um quebra-cabeça sem sentido e apenas no último instante compreendemos afinal o que tudo significava. Por alguns momentos, a impressão é que o filme não fará sentido, mas somos seduzidos pela técnica visual de do diretor e os mistérios construídos pelo roteiro junto com seu irmão Jonathan Nolan. Não é a toa que boa parte das 2h30 de A Origem se limitem a explicar todos os pormenores das extrações e até construir a personalidade de cada um dos elementos da história. Os outros momentos são de pura audácia tecnológica com um parco uso de computação gráfica e muita, muita trucagem com a câmera. A Origem é um marco do cinema como poucas vezes tivemos a oportunidade de sonhar.

A história mostra o melhor extrator de sonhos do mundo com uma missão praticamente impossível: montar uma equipe e plantar uma ideia na mente de um homem poderoso.

Depois de O Grande Truque e o imbatível Cavaleiro das Trevas, Cristopher Nolan tornou-se sinônimo não apenas de ótimos filmes mas de bilheterias voluptuosas para a Warner Bros. Assim, recebeu carta branca e um orçamento inflado para realizar A Origem, um sonho desenvolvido durante anos. A fotografia tem pedaços de cada uma de suas criações e a ação ensaiada e o pouco uso de efeitos computadorizados são ainda mais evidentes como marcas do diretor. Cada plano do filme tanto nos sonhos, quanto na realidade (?) são cuidadosamente compostos e trabalhados. O uso do slow em diversos momentos é levado ao extremo. Mas nada, nada no mundo pode ser comparável à cena indescritível onde Joseph Gordon-Levit tem que se virar em um corredor de hotel em gravidade zero. É algo que saiu de dentro da mente de todos nós, mas poucas vezes pode ser vista com tamanha capacidade no cinema. Outro momento de puro êxtase é Ellen Page, uma atriz que não gosto muito, mas consegue aqui uma das melhores cenas do filme, arquitetando seu primeiro sonho. Não seria nem um pouco estranho se Nolan levasse o prêmio de melhor direção.

O elenco é competente em seu trabalho. Leonardo di Caprio é um dos atores mais maduros e competentes da atualidade e merece todo reconhecimento que tem, mesmo que aqui sua atuação, bem como a de todos os outros, é ofuscada pelo brilhantismo da história e do filme. É como em Senhor dos Anéis, um filme de qualidades visuais incríveis mas que suprime as atuações, limitando-as muito. Todos aqui vão muito bem, mas vale destacar Cillian Murphy em um dos poucos papéis onde podemos vê-lo sem excentricidades. Ele é apenas um milhonário qualquer.

Se A Origem tem problemas, eles podem ser encontrados em sua segunda parte, no mundo dos sonhos. Depois de toda a preparação da equipe e do filme para essa etapa e o desenvolvimento cuidadoso dos dois primeiros níveis do sonho, as duas últimas partes parecem carecer de profundidade. Enquanto em um nível, a fortaleza de neve parece apenas uma desculpa para correrias e tiroteios descabidos, a parte final não parece tão bem amarrada à história como deveria. Talvez o desenvolvimento de Mal não tenha sido preparado o suficiente para esse desfecho ou não seja ameaçador o suficiente. E é aqui que A Origem perde parte do seu impacto inicial. Mas esse é apenas um deslize perto de tudo que ele oferece ao espectador.

E assim como uma ideia plantada pode se transformar em uma obsessão, a pergunta final que o filme deixa é capaz de perturbar a maioria das pessoas também.

Predadores - Uma volta digna aos anos 80, no melhor estilo Schwarzenneger de matar alienígenas

Predadores - Uma volta digna aos anos 80, no melhor estilo Schwarzenneger de matar alienígenas

NOTA: 8,9 / 10

Predators
EUA , 2010 - 107 minutos
Ação

Direção:
Nimród Antal

Roteiro:
Alex Litvak, Michael Finch, Jim Thomas, John Thomas

Elenco:
Adrien Brody, Alice Braga, Topher Grace, Oleg Taktarov, Walton Goggins, Louis Ozawa Changchien, Laurence Fishburne, Danny Trejo, Mahershalalhashbaz Ali

Adrien Brody coberto de lama e frente a frente com seu opressor. Pode muito bem ser uma cena de O Pianista, filme pelo qual o ator levou o Oscar onde interpretava um pianista judeu que em certo ponto do domínio nazista, magro, esquálido e sujo, sobrevivia esquálido em meio à ruínas. A diferença é que agora, o mesmo Brody parece um tronco de músculos e tem um ar assassino assustador. Predadores, filme que continua a saga iniciada em 1987 e resenhada neste blog pouco tempo atrás, é o terceiro da série original, mas está mais para uma continuação digna do primeiro do que propriamente o fechamento de uma trilogia. A verdade é que depois de Predador, a série passou por diferentes visões que acabaram por gerar filmes de qualidade duvidosa. Sai o herói de exército porradão para entrar um policial de meia-idade fora de forma. Em Predadores o que se vê é uma visão mais cruel desse universo, onde só o pior pode sobreviver.

A história mostra um grupo de condenados e mercenários que é jogado em meio ao planeta natal do caçador mais terrível do universo. É claro que eles serão a caça.

A direção de Nimród Antal é nova para muitos, já que seu trabalho mais significativo até o momento foi o suspense Temos Vagas, que saiu direto em dvd no Brasil. Pelo jeito o bom desempenho do filme nas bilheterias e as críticas ao suspense conquistaram Robert Rodriguez (Planeta Terror), que abriu mão da direção de Predadores em favor do novo pupilo. Não poderia ser uma decisão mais acertada. Nimród consegue dar um peso de suspense para a narrativa e ainda balancear o gore e a ação de forma competente. O equilíbrio entre produção e direção é claro aqui. Quando horas pesa a mão de Rodriguez, em seguida vemos o psicológico do diretor inverter a balança.

O elenco foi mais do que bem escolhido. Brody foi muito contestado para ser uma estrela de ação, mas diabos, o cara está perfeito no papel! Olhar sádico, temperamento calculado e preciso, velocidade e força fazem dele o próprio inferno para o predador. Consegue ser mais incrível do que o personagem original de Arnold que quase não conseguiu abater o monstro da primeira vez. Ajudado por Alice Braga que tem muito mais talento e fama do que Rodrigo Santoro, mostra que pode se tornar uma nova face para heróis de filmes do gênero. Já Laurence Fishburne encarna o melhor ezquizofrênico dos últimos anos no cinema em um papel assustador e Topher Grace mostra mais uma vez, seu lado menino mau de ser. O resto do elenco é só carne para mutilação.

Falar do elenco e não falar das novas criaturas é um pecado. Os novos predadores são tão visualmente incríveis em seus detalhes quanto a primeira criatura que surgiu. Com arremedos tribais, eles são mais cruéis e tem tamanhos e crânios diferenciados que prometem dar bom sustos em desavisados. Os equipamentos novos assim como os companheiros de caça que eles utilizam dão pano pra manga para continuações.

O roteiro pra variar, torna o filme bastante visual. Sem muitas conversas, a primeira hora serve para montar o cenário. Já sabemos boa parte do que é apresentado, mas muitos espectadores podem estar conhecendo o universo pela primeira vez. A partir do momento em que Fishburne entra na história, ela parece sofrer uma virada que culmina em um clímax digno dos filmes de ação dos anos 80. Deus, eles inclusive se utilizam de metáforas sobre os humanos serem os predadores, repetindo a crítica social de Predador e seu, Quem diabos é você. Mas, aqui, o que você vai mesmo apreciar é o sangue, a luta, e aquela machadinha que fez com que Adrian Brody fosse mais casca grossa que o próprio Schwarzenegger.

E é por isso, que você DEVE assistir Predadores, sem nem pensar duas vezes.

A Saga Crepúsculo: Eclipse - Irritante, pedante e entediante

A Saga Crepúsculo: Eclipse - Irritante, pedante e entediante

NOTA: 4,5 / 10

The Twilight Saga: Eclipse
EUA , 2010 - 124 min.
Aventura / Fantasia / Romance

Direção:
David Slade

Roteiro:
Melissa Rosenberg

Elenco:
Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner, Billy Burke, Ashley Greene, Dakota Fanning


Tenho sentimentos controversos em relação à Saga Crepúsculo. De um lado, minha parte cinéfila fica enjoada e entediada só em considerar a hipótese de ter que aguentar mais um capítulo com conversa fiada, romance mesquinho e pouca ação. Minha parte de crítico sadomasoquista, por outro lado, adora a expectativa de encarar uma sessão dos filmes, só para poder acabar com o sonho de menininhas por aí. E por isso que posso soar tão violento nessa crítica. O final da sessão é uma mistura de frustração com sono e, por mais que chamem os melhores diretores da década, não será suficiente para tornar Crepúsculo um marco para toda uma geração.

Eclipse mostra novamente a indecisão de Bella quanto a seu amor por Edward ou sua amizade por Jacob. Mas, dessa vez, com um exército de vampiros para atrapalhar.

A direção de David Slade é competente e torna Eclipse o melhor filme da série até agora. Mesmo que isso não signifique nada. A fotografia perde os contornos calorentos de Lua Nova e torna-se fria, quase prateada, diferente até do tom azulado do primeiro filme. São belas tomadas e até consegue enganar nos primeiros minutos, antes que batamos de cara com a realidade da história. A direção também é firme nas poucas cenas de ação de Eclipse que ao menos são convincentes e poderiam ser mais exploradas. David Slade já trabalhou com vampiros em 30 dias de noite, mas lá, teve um desempenho mais marcante, com a ajuda do roteiro sombrio.

O elenco, bom, continua uma boa safra de bananas. Kristen Stewart é uma atriz metódica. Metódicamente chata, sem sal e desgraçadamente entediante. Seu rosto mantém a mesma expressão congelada dos cartazes pelas intermináveis 2h de filme. Taylor Lautner era ao menos um pouco melhor em Lua Nova, mas aqui parece mais um pirralho mesquinho com tendências emo, que parece ser tão burro quanto uma porta para cair toda santa vez no joguinho de megera da protagonista. Já Robert Pattinson tem sua primeira identificação com o espectador que não é fã, no terceiro capítulo da série quando olha pra Jacob e diz: "Esse cara não tem uma camisa?". Graças a Deus, não somos os únicos agredidos. No mais, faz bem o papel de corno manso e homossexual reprimido.

O roteiro é sim capenga. Não adiante dizer que não...em uma situação real ninguém suportaria a indecisão de uma garota mimada que faz joguinhos com seu futuro marido e o melhor amigo. Todos os diálogos dos últimos dois filmes se repetem incessantemente. A longa duração do filme não ajuda. Bela fica correndo de um lado para o outro da tela, só para poder se abraçar o máximo possível de Jacob, enquanto Edward fica se reprimindo em outro canto da sala. Pior do que isso é ver o garoto-lobisomem sem camisa durante uma tempestade de -17ºC. Já é pedir de mais para minha caixola. Outro grande descoberta é que vampiros são inflamáveis. Altamente inflamáveis já que Edward precisa somente jogar um isqueiro em cima do corpo de Victoria para que ela vire uma pira olímpica.

Juro que tentei gostar do filme. O começo me deu esperanças, mas os clichês e a enrolação me deixaram entediado demais. Ainda não entendo o que essa saga tem de tão influente. Talvez por mexer com a menina dentro de cada mulher... Mesmo assim, Bela é a pior cafajeste do cinema nos últimos anos. Desde Jude Law em Closer não existiu um personagem tão sem escrúpulos e dignidade.

No trailer de Harry Potter e As Relíquias da Morte uma frase mostra a sutil diferença entre as duas sagas: "Um marco para uma geração". Definitivamente, o único marco que Crepúsculo irá deixar nos cinemas é a felicidade por deixar de existir.

Plano B - O filme que fez o tempo parar

PLANO B -O filme que fez o tempo parar

NOTA: 0,1 / 10

The Back-up Plan
EUA , 2010 - 106 min.
Comédia / Romance

Direção:
Alan Poul

Roteiro:
Kate Angelo

Elenco:
Jennifer Lopez, Alex O'Loughlin, Eric Christian Olsen, Anthony Anderson, Linda Lavin, Michaela Watkins, Noureen DeWulf

Eu imagino que nenhum diretor, que estuda por quase 3 anos, espera ter sua carreira focada para uma comédia romântica com Jennifer Lopez. É quase triste tentar entender como os filmes dela ainda movimentam público, visto que ela nunca teve um trabalho de qualidade no gênero. É claro, são pessoas que buscam histórias curiosas, fáceis, cheias de melodrama barato e piadas bobas e de mal gosto. Mas ainda assim, cair num poço de vergonha alheia como Plano B, parece ser algo que não faz sentido. Ano passado, postei aqui a crítica de uma das maiores perdas de tempo que já assisti no cinema em minha vida. Uma lição de Amor, recebeu nota 0,5. Alien Vs. Predador, recebeu 0,3, mas tendo em conta que é mais pela decepção do filme do que realmente pela qualidade (eu assistiria 5 vezes AVP, antes de assistir Plano B novamente). Pois bem, a marca foi superada. Obrigado Jennifer Lopez, seu filme tem o poder de esticar o tempo, transformando 1h40 de filme em absurdas 5 horas de tortura. Muito Obrigado.

Mulher que está ficando para titia desiste de tentar encontrar o amor de sua vida, faz inseminação artificial e conhece o amor de sua vida.

Não sei nem mesmo como começar essa crítica. A minha primeira risada nesse "filme de comédia" chegou lá pela 3ª hora...quer dizer, depois de uns 40 minutos de filme. Mesmo nas piores comédias que assisti tive momentos mais engraçados antes dos 10 minutos. Alan Paul até tenta construir um clima de novidade com algumas escapadas da fórmula pronta, mas até a abertura soa recalchutada. Fora isso, piadas de mal gosto afloram a todo momento: piadas com esperma, cocô, mulheres grávidas porcas, cocô. É sério, só de falar disso é constrangedor. Assistir em um filme consegue ser ainda mais vergonhoso. Eu quero acreditar que seja uma vingança do diretor ao estúdio que o empurrou para essa roubada.

Jennifer Lopez é um desastre a parte. Artificial e completamente sem graça, ela passa 104 minutos fazendo caretas para a câmera. Não adianta dona Lopez, desista. Se você espera ao menos ver a atriz seminua ou coisa do tipo, esqueça. O máximo que você vai conseguir é uma tomada das pernas dela de fora. E só. Em compensação, o protagonista sem camisa não falta. Fora isso, o único destaque do elenco é Cesar Milan, O Encantador de Cães, que faz uma ponta de 2 minutos. O melhor ator em cena.

Aliás, isso é interessante. O filme tenta construir umas 3 análises do comportamento da personagem Zoe. Em uma, é sua relação com a avó. Tudo gira em torno de Zoe ficar sozinha sem ninguém, por isso a gravidez. Na outra, a metáfora da moeda de um centavo virada, que parece ser o ponto norteador do filme. Ledo engano, também há uma metáfora sobre a aplicação das regras do Encantador de Cães na história. Ou seja, uma confusão de pensamentos, regados a más interpretações, piadas sem graça e nojentas, diálogos estúpidos e tudo o mais que uma comédia romântica de baixa qualidade possa oferecer.

Citando uma crítica de Plano B: "O filme é tão ruim que chamá-lo de 'filme de fórmula' é ofender os 'filmes de fórmula' que estão no mercado".

Predador: A saga completa - O melhor e pior do maior caçador do universo

Predador: A saga completa - O melhor e pior do maior caçador do universo

Faltando pouco mais de um mês (isso se a santa distribuição brasileira não mostrar suas garras) para a reestreia de uma das franquias mais cultuadas de ficção científica dos anos 90, é hora de relembrar o que de melhor e de pior já foi feito com o caçador alienígena Predador. Com lançamento marcado para julho o terceiro capítulo oficial da série, Predadores, tem direção de Nimròd Antal (Temos Vagas) e produção de ninguém menos que Robert Rodriguez (Drink no Inferno, Planeta Terror).
Por isso, prepare muita lama, armas de fogo e, claro, muita coragem para encarar o mundo do Predador.

Predador (Predator) - Dir.: John McTierman. Ano: 1987

NOTA: 8,5 / 10

Arnold Schwarzenneger já era uma figura incontestável dos filmes de ação, na década de 80. Revelado em Conan, foi catapultado pelo primeir Exterminador do Futuro e consolidado em Comando Para Matar. Predador não foge dessa regra. Filme de ação e ficção científica bem realizado, com ótimos efeitos especiais e sangue. Muito sangue. A história mostra um pelotão de elite do exército que entra na selva sul-americana para resgatar seus companheiros. O que eles não sabem é que estão sendo caçados por uma criatura muito mais perigosa do que eles poderiam imaginar. O filme não é um poço de genialidade. Pelo contrário, repete fórmulas em seus personagens, todos devidamente estereotipados, em sua estrutura de filme de monstros (ele vai aparecendo aos pouquinhos e ninguém acredita que seja realmente um alienígena) e o confronto mocinho e vilão, em uma das cenas mais geniais do cinema dos anos 80. Nesse caso, a fórmula funciona, e muito bem. Um filme divertido e descompromissado que apresenta uma criatura maravilhosamente desenhada pelo gênio da maquiagem, o falecido Stan Winston, no auge de sua forma. Arnold está fortão e não tem medo de mostrar isso. Predador tem até espaço para a crítica social: na cena final, Dutch pergunta ao monstro "Que diabos é você?", ao que o predador responde "Que diabos é VOCÊ?". Em meio às cinzas, Dutch, todo arrebentado, parece se perguntar a mesma coisa. Que diabos somos nós? A meditação dura aproximadamente 2.3 segundos e logo é cortada pela empolgante trilha sonora e o helicóptero que nos lembra para não nos levarmos tão a sério assim.

Predador 2 - A Caçada Continua (Predator 2) - Dir.: Stephen Hopkins. Ano: 1990

NOTA: 5 / 10

Sim, Danny Glover foi a escolha para substituir Arnold na continuação do sucesso de 1987. Não, não faz sentido. Tá certo que o ator vinha do bem-sucedido Máquina Mortífera, mas e daí? Ele não tem físico, é caricatural demais e teria morrido nos primeiros 5 minutos em um confronto real com o alienígena. Mas, de acordo com a produção do filme, ele era o nome certo. Não só por isso, mas pelo apanhado geral da obra, Predador 2 é datado e tosco. Beira produções de baixo orçamento e diálogos que tem como objetivo, reunir o maior número de "Damns!" e "Fucks" possíveis. Dessa vez, o caçador ataca em meio à Los Angeles, de 1997, dominada por gangues vodus. É. Gangues vodus. Mais sangue do que o primeiro, mas também, momentos de vergonha alheia que dão dó. Tão ruim que o filme é o pior lançamento da franquia, fazendo míseros 30 milhões de dólares nos EUA. Pelo menos Predador 2 tem elementos que devem ser levados a sério. Entendemos melhor a criatura. Conhecemos mais armas, entendemos um pouco mais suas motivações, há quanto tempo estão na Terra e até suas noções de honra. Um prato cheio para os próximos filmes. Pena que o resultado será vergonhoso.

Alien Vs. Predador (Alien Vs. Predator) - Dir.: Paul W. S. Anderson. Ano: 2004

NOTA: 0,3 / 10


17 anos depois do lançamento da série, Predador é cultuado pela sua contribuição ao mundo da ficção científica e a maravilhosa criatura de Stan Winston. Junto com Alien, é considerado fundamental na escala de ameaças alienígenas e rendeu diversos confrontos em HQ's e games. Tudo porque no final do segundo filme, a estante de troféis do predador expõe um crânio de Alien. Pergunta: o que acontece se você juntar essas duas maravilhosas franquias em apenas um filme? A FOX decidiu realizar o encontro e trouxe Paul W. S. Anderson, diretor de Resident Evil para a tarefa. UAU, não pode dar errado!!!
De alguma forma misteriosa ganhamos o pior filme da década. Um grupo de exploradores é contratado para encontrar uma pirâmide perdida Pólo Sul, que abriga um local de passagem para a vida adulta dos predadores. Lá, uma colônia de Aliens é ativada, dando início a um confronto onde humanos são a raça mais fraca e não sairão vivos.
Basta dizer que em Alien Vs. Predador, quase não há predadores. Dos três que iniciam a luta, apenas um sobrevive, sendo que o confronto entre ambos acontece só lá pelos 50 minutos de projeção. O começo é apenas um monte de justificativas entediantes para o confronto. Por um milagre, o predador é amigo da protagonista. Eles são quase Tango e Cash, pulando de explosões, trocando experiências, chorando pela morte do amigo. É ridículo, pedante, clichê e, infelizmente, vergonhoso.
O que há de bom: descobrimos que Bishop, da série Alien, era o dono da Companhia imortalizado em seus andróides. Isso.

Aliens Vs. Predador (Aliens Vs. Predator - Requiem) - Dir.: Colin e Greg Strause. Ano: 2007

NOTA: 2 / 10

Dirigido pelos autodenominados irmãos Strause, uma continuação de AVP foi entregue ao mundo. Por algum motivo, a série cultuada em seu primeiro filme parece sofrer uma queda crescente de qualidade. Cada novo capítulo é mais um motivo de vergonha alheia. Dutch revira-se no gabinete de governador da Califórnia. Apesar disso, AVP 2 consegue ser ligeiramente mais interessante do que seu predecessor.
Partindo da premissa deixada no final do primeiro filme (o predador protagonista é contaminado por um alien, nascendo assim o PredAlien), AVP 2 tenta voltar às origens da história. A nave dos predadores cai em uma pequena cidade. No planeta da raça alienígena (sim, temos um pequeno e prazeroso vislumbre do planeta), um caçador recebe o alarme e decide investigar. Novamente, os humanos é que vão sofrer as consequências.
No pior estilo slasher movie vemos a cidade ser dizimada rapidamente, tanto pela contaminação do alien/predador quanto do caçador que pouco se importa com os humanos (bem diferente do protagonista do filme anterior). A violência do filme foi criticada por muitos. Os strause não poupam ninguém. Diferente da maioria dos filmes de terror, aqui, crianças tem o peito aberto por um alien, grávidas dão à luz bebês aliens, tudo com o melhor mau gosto possível. Até é divertido. Ao final, o confronto entre alien e predador é despido de armas e artifícios. Mano-a-Mano.
Divertido, mas sem ser levado a sério, AVP 2 não é tão ruim quanto parece. Mas, continua sendo uma droga.