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Nostálgico

Outra semana que se passa na minha vida. Cada vez que me perguntam a idade, eu travo uma batalha interna que chega a doer. Por um lado, eu sei que amadureci, que eu não sou mais um pirralho que odeia a escola e fala bobagens sem pensar. Que eu não sou aquele menino gordinho que ninguém(leia-se como "nenhuma garota") se interessava, a não ser talvez pela cola nas provas ou ajuda nos trabalhos. Não tenho mais os friozinhos na barriga que tinha quando ia se findando o fim do fim-de-semana, e o começo de uma nova semana traumatizante para mim na sexta série. Me tornei menos dependente de meus pais, mais capaz de tomar decisões sozinho, mas claro, respeitando sempre a opinião deles. Não que às vezes eu não contrarie-os, mas isso é só na minoria dos casos...

Em contraparte, cada semana, dia , ano que passa, algo como uma precoce nostalgia aumenta dentro de mim. Posso não ser mais o menino gordinho, mas mais do que nunca, tenho que me preocupar com o que as pessoas pensam de mim, coisa que nem me interessava quando era menor. Amo a escola, mas me arrependo amargamente de não ter desenvolvido essa sede pelo conhecimento alguns anos antes. As coisas seriam diferentes. Agora, o friozinho na barriga vem quando eu abro a carteira e vejo menos notas do que eu esperava,(ou imaginava??) que deveriam estar ali.

Em todo caso faz parte. Todos crescemos. Sempre temos uma vontade incrível de acabar com nossas responsabilidades. Jogar tudo para o alto. Mas não fazemos. Faz parte

Páginas amarelas


Hoje começa o primeiro Páginas Amarelas.
Oh, mas o que isso quer dizer??

Dada a tristeza e o pessimismo de alguns de meus contos, resolvi criar esse bloquinho. Por que
Páginas Amarelas??? Isso vocês saberão mais tarde.
Bem, o que interessa é que vocês votarão como será o final. Mais ou menos um você decide. Por comentários ou msn, catalogarei-os e escreverei o com melhores votos, ok??

Abraços e votem.

Até breve...

UPDATE: Postado abaixo

Páginas amarelas: Humor negro

A luz de 60 watts iluminava a mesinha precariamente. O pequeno caderno amarelado tremia ritmicamente com o movimento veloz do lápis sobre ele. O carvalho cheio de marcas, cortes e sujeiras, mantinha se firme, sem aparentar a velhice em sua sustentação. A mão branca que voava de lado a lado do papel, exibia já inumeras veias salientes pelo esforço físico desprendido para a realização da escrita. A lágrima escorreu do olho esquerdo e manchou a folha áspera.

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- Eu já disse: não!
O telefone chocou-se violentamente no gancho. Com a ponta dos dedos massageando a têmpora, se apoiou na mesa com os cotovelos, e de olhos fechados tentou relaxar. Já não era a primeira vez que se esquecia de algo. Ultimamente, o stress estava lhe causando sérios danos a memória, o que lhe causava além de terríveis dores de cabeça, problemas no trabalho. Abriu a gaveta e puxou uma cartela de comprimidos. A dor de cabeça voltara. Engoliu os comprimidos com raiva e sentiu-os trancarem na garganta e descerem arranhando, até caírem no estômago. Sua mente rodava com os últimos acontecimentos. A pressão era enorme. Seu chefe estava a ponto de demiti-lo. Sua esposa reclamava da falta de atenção para com ela e seu filho de 8 meses. E sua amante parecia mais interessada em seu dinheiro, do que nele propriamente.
Em uma semana ele estaria completando 30 anos e ninguém dava a mínima também. Nem ele. O excessivo calor previsto para durar até o fim-da-semana só o fazia pensar em um banho gelado e na sua nova aventura. Dane-se a ética, ninguém queria saber dele e ele também não queria saber de ninguém. Outra amante poderia parecer sórdido para outras pessoas, mas para ele não importava. A única coisa que ainda o prendia a tudo isso era seu pequeno filho, um bebê robusto, de pele clara e olhos de um cinza belíssimo. Ah, mas se não fosse por ele...
A dor começava a sumir e uma leve sonolência começava a nublar-lhe a mente. Sacudiu a cabeça e voltou ao trabalho.

O ar quente e abafado da rua lhe trouxe de volta a realidade. Enquanto saía do escritório com o ar condicionado ligado ao máximo, lembrava dos carinhos da amante. Mas agora voltava ao ar opressivo que lhe trazia a mente situações mais desgastantes e repulsivas. Dirigiu-se até o carro, que ficara o dia inteiro exposto ao forte sol de verão. Ao abrir a porta, um calor ainda maior soprou para fora, fazendo-o instintivamente se afastar. Entrou no carro com cuidado. O calor lhe irritava. E agora o trânsito o irritaria ainda mais.
O celular tocou. Antes de atender ele arrancou com o carro, dirigindo em velocidade imprudente pela rua principal.
- Sim? - atendeu ele mal-humorado.
- Querido. - disse uma voz triste pelo telefone. - Você vem para o jantar hoje?
Irritado pela pergunta, mentiu algo como uma reunião e desligou o telefone. Dirgiu-se à casa da amante.

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Chegara tarde na noite anterior e agora estava com sono. Sentado na cama, numa indecisão sonolenta sobre qual meia usar. Sua mulher já preparava as coisas, dizendo que teria que sair mais cedo e ele levaria o menino para a creche. Ok, dissera. Tanto fazia. Se bem que, um tempo a mais com seu menino não ia fazer mal.
Que noite terrível tivera. A nova amante parecia ter adotado os mesmos costumes da antiga. Mal chegara na casa e ela já pediu a ele que lhe comprasse algumas jóias. Na mesma hora perdeu toda a vontade de fazer qualquer coisa e saíra para beber. Agora a ressaca acabava-lhe com a mente.

Pegou o menino e colocou-o no banco de trás do carro, onde estava sua cadeirinha. O trânsito estava caótico como sempre. Um acidente mais a frente causara um engarrafamento de 3 quilômetros. Lembrava-se da cara irritante da amante na noite passada. Voltou-lhe a dor de cabeça com força total. O calor no carro o fazia transpirar muito e fazendo o delirar muitas vezes. Via a face da amante que de repente se tornava sua mulher, com um rosto triste que lhe dava dó. Sentiu-se angustiado. Veio-lhe a imagem do seu chefe gritando, mas seu grito parecia de buzinas de carro em seu rosto. Piscou os olhos e voltou a si. Ainda estava parado no trânsito e o sol subia mais alto ainda. A dor de cabeça cada vez mais forte. Resolveu voltar para casa e descansar um pouco. Não estava em condições de trabalhar hoje.
Assim que o carro virou a esquina, começou a se sentir melhor. Estacionou na frente de casa sem se preocupar em colocá-lo na garagem. Entrou em casa pegou 2 comprimidos e tomou-os com um copo de água gelada. Tirou os sapatos, afrouxou a gravata, recostou-se na poltrona com imenso prazer e dormiu.

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Sentiu no bolso da camisa algo tremer e de súbito acordou. Devia ter dormido por duas ou três horas. A tontura do sono ainda o atordoava. Atendeu o celular.
- Querido, onde você está? - a voz de sua mulher irritava-lhe ainda mais pelo celular, principalmente por acordá-lo.
- Estou em casa. Não me senti bem e resolvi descansar um pouco. O que você quer?
- Onde está o bebê?
- Deixei-o na creche, como você pediu.
Ela silenciou.
- Não pode ser, - disse ela - a diretora da creche acabou de ligar dizendo que você nem passou lá hoje.
Algo estalou na sua mente. Seus olhos se arregalaram. Sua mulher o chamava mas ele não respondia. Deixou o telefone cair no chão e correu em direção ao carro. A tontura do sono ainda o deixava desequilibrado, mas ele seguiu firme ao seu destino. Botou a mão na porta, mas ela estava trancada. O filme colocado nos vidros e a visão turva não permitiam que ele visse por dentro do veículo. Pegou uma pedra e com força jogou-a contra o vidro. "Preciso abrir". Nada. "Não ele, por favor". Jogou-a outra vez. Bate. Nada ainda. Crava os punhos com força, mas o vidro não cede. Corre até dentro da casa e procura em todos os lugares mas não acha a chave. " Ele é inocente, não, não". Lágrimas de ódio e dor se espalham pelo seu rosto cada vez mais fortes. Sente-se impotente. Uma criança. O bolso. Sim, estava no bolso o tempo todo. Idiota, idiota, idiota.
Talvez ainda haja tempo. Correu cambaleante até o carro, destravou-o e entrou rapidamente.
A criança parecia adormecida. Ele a segurou no colo e desastradamente tentou ouvir a respiração. O batimento cardíaco...sim!!! Havia! Mas, como batia acelerado. "Não, não,não.".
A criança parecia um saco de ossos em seus braços. Ele chorava agarrado firme a ela. Seus vizinhos se aproximaram devagar. Ele gritava, berrava. Os olhos cinzas abertos, sem vida. Não havia ouvido o coração do bebê. Mas sim, o bater desesperado de seu próprio coração.


Uma folha amarelada voou pela calçada.

Só pra não esquecer...

"Feliz é a inocente vestal; Esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida. Brilho eterno de uma mente sem lembranças; Toda prece é ouvida, toda graça se alcança."
- Poema de Alexander Pope, citado no filme "Brilho Eterno de uma Mente sem lembraças"

Assim falou bataclan


Que o Rio Grande do Sul lança as bandas mais cults do Brasil, já estamos carecas de saber. Raramente sai daqui alguma coisa desprezível o suficiente que nos faça ter vergonha de sermos gaúchos. Claro, toda regra tem exceções, como por exemplo Armandinho e Fresno. Mas, salvo elas, todas as outras bandas parecem ter um pouco de responsabilidade sobre a imagem do estado, fazendo um som digno das melhores críticas do país inteiro, mesmo sem serem muito (re)conhecidas pela mídia brasileira. E é entre essas bandas que você poderá chegar a conhecer o Bataclã FC.


Em mais de 9 anos na estrada e lançando o seu 2º cd, Assim falou bataclan, o grupo demonstra uma sonoridade singular, mesclando um nu-metal pesado e bem bolado com ritmos distintos como samba, funk e, até mesmo, música tradicionalista. Isso pode causar estranheza ao prezado leitor, mas eu garanto: a mistura se dá de forma tão natural e uniforme, que chega a ser difícil reconhecer todas as influências. Repleto de participações, incluindo Neto Fagundes e integrantes da banda Graforréia Xilarmônica(há uma releitura da música "Amigo Punk" chamada "Amigo Frank", uma das melhores faixas do cd e single que gerou um clipe), a banda aposta alto nas poesias do compositor vencedor do Prêmio Açorianos desse ano, Richard Serraria. Letras que falam de histórias da cidade de Porto Alegre, da vida nas favelas, pobreza e muitos outros assuntos comuns a bandas de rap e hip hop, em um ritmo rápido como óleo fervendo em frigideira baixa, que respinga pra todo lado. Por isso, ouvir o cd é uma experiência divertida, não maçante e nem repetitiva. Quase viciante.


Mas nem tudo é uma maravilha. Os dois problemas do cd vem de aspectos pessoais. Em primeiro lugar, e por culpa minha mesmo, eu não entendi boa parte das gírias e lugares citados nas letras(como bom morador de cidade do interior). O "portoalegrês" é usado de forma abundante e não é um problema, afinal o problema nesse caso é meu. O segundo problema que encontrei, foi que meu sobrinho ao ouvir a versão original da música "Amigo Punk", do Graforréia, acabou por não gostar tanto dela, pois ouviu o fim-de-semana inteiro a versão Batclã da música. Por isso, aí vai uma dica: ouça primeiro a versão original pra você não passar pelo que eu passei.

Amarelo


A brisa fresca trazia um doce e agradável aroma de cólitas,contrastando com um leve cheirinho de água salgada vindo de algum lugar que a mente preguiçosa não tinha a menor vontade de descobrir no momento. A grama macia parecia-lhe acariciar as pernas, causando pequenas contrações como cócegas em seus músculos e o sol do dia parecia mais do que inspirado. O orvalho da manhã refletia cada raio de sol, como em mil pedacinhos de vidro, em cima das folhas das árvores, logo evaporando-se ou encontrando o chão.
E ali estava ele deitado. Uma sensação de paz e descanso que ele não havia experimentado até então. Apesar do sol, o clima era de primavera. Nem quente, nem fria. Apenas primavera. Alguns cachos brincalhões do cabelo, teimavam em cair-lhe pela testa e eram afastados com um suave tapa da sua mão. Estava bom demais ficar ali só curtindo o tempo passar, mas resolveu afinal se levantar. Não se arrependeu do que viu quando ficou de pé.
A sua frente, se descortinava uma planície recoberta por flores de todos os tipos: rosas, cravos, girassóis, lírios-da-paz, mandevillas, pupunhas, álissos, cupuaçus, avencas, calendulas, camélias,dálias, frésias e tantas outras que não lhe eram familiares e outras que nunca ouvira falar. A relva que recobria essa planície também era de uma textura macia e brilhante. Assim ela se estendia por muitos quilômetros até chegar em uma floresta de bétulas, e ainda mais adiante, em uma cadeia de montanhas muito altas, como uma cordilheira. Olhou para o outro lado e acompanhou desde a relva até o início da areia branca que terminava em um mar azul muito cristalino. Maravilhoso.
Seus olhos escureceram por um minuto, até sua pele sentir o contato quente da mão sobre sua fronte. Como num impulso inconsciente, sibilou dos seu lábios um "Você...". As mãos soltaram sua face, e ele pode ver de novo. Virou-se e a encarou de frente. Contemplou seus cabelos de um castanho-claro quase loiro, escorrerem pelo pescoço, até um pouco abaixo do ombros. Seus olhos castanhos o contemplavam através da lente do óculos de armação preta que ela usava, e seu rosto angular exibia um sorriso de dentes brancos perfeitamente simétricos. Usava uma roupa branca leve, que balançava suavemente com a brisa que atravessava o local. Se abraçaram por alguns momentos.

Sentaram-se na areia, debaixo de uma palmeira que oferecia uma sombra deliciosamente confortável.
- Eu lembro da primeira vez que nos vimos - disse ele por fim.
- Que você me viu, não?- respondeu ela, dando um risinho.
- Ok, ok. Você nem deu conta da minha existência.
- Você me achou metida lembra?
- Hehehe, sim, - continuou ele enquanto ambos riam levemente. - Mas você tinha cara de metida mesmo.
Ela jogou um pouco de areia em cima dele, simulando um "olhe lá, menino.".
E continuou.
- E em menos de 6 meses estávamos juntos.
Ele parou um minuto; ficou sério por alguns instantes. Ela também não falou nada.
Seu cabelo ondulava lentamente e o marulho parecia nem se importar com a presença dos dois à sua frente. Ele falou de novo.
- O que deu errado?
- Não sei. Fomos egoístas, talvez. Estávamos por um fio, mas você ainda tentou mais uma vez.
- Não adianta, eu sou cabeça-dura.
- Não adianta, você é mesmo. - ela sorriu, novamente.
- Pena que não saiu como eu previra.
Silêncio novamente.
- Nós morremos, não é?- perguntou ela.
Ele ficou calado.
- Os paramédicos chegaram,- respondeu ele- e só pude ouvi-los dizer que tinham te perdido.
Seus olhos encheram-se de lágrimas.
- Eu não podia te perder mais. Não de novo.
Ela o olhou com o semblante triste.
- Logo depois,- continuou ele,- eu durmi. Acordei aqui.
Ele segurou a mão dela. Novamente o silêncio.
- Não importa, recomeçou ela. Temos muito tempo para acertarmos as coisas aqui.
Ambos limparam as lágrimas dos rostos. Sorriram um sorriso apertado, quase triste. Ele colocou sua mão no rosto dela mais uma vez.
- Não vai mais precisar disso.- e retirou seus óculos.
O sol brilhou. Amarelo.

Televisão: Heroes


Pessoas no mundo todo manifestam poderes estranhos.
Uma líder de torcida indestrutível.
Um drogado que pinta o futuro.
Um japonês que manipula o espaço e tempo.
E mais uma dúzia de personagens que servem de pano-de-fundo para contar a história dos, na minha opinião, três mais importantes personagens.
Heroes vem sendo considerada a sucessora de Lost, superando até a audiência da companheira de produtora, devido ao seu caráter menos intelectual e mais auto-elucidativo. Devo dizer que os primeiros capítulos realmente me prenderam. Mas a partir do décimo-primeiro, parecia que havia algo errado, pois ficou muito chato. Cada vez perdia mais a vontade de assisti-los. Foi então que assisti o 17º capítulo: Homem de companhia. E aí a série voltou a fazer bonito, num episódio totalmente focado na tal líder de torcida Claire.

Sem contar Hiro, o japa, que é só aparecer para tirar a graça de todos os outros personagens. O personagem ficou tão bem conceituado, que concorreu à um Globo de Ouro para o ator Masi Oka, que infelizmente não levou.
Heroes tem bastante ainda para mostrar. Espero que nesses últimos 5 episódios não lançados, eles possam provar a que vieram.

Livro: O senhor das moscas


Ultimamente, tenho pensado bastante sobre o comportamento humano, do ponto-de-vista Psico-sociológico(aliás, devo estar enchendo o saco com esses Psico-alguma-coisa em todos os posts, mas é porque estou fazendo psicologia e sociologia geral e esse termos estão sendo usados implacavelmente), principalmente por causa das ondas de violência que vem nos afligindo. E, até como as pesquisas tem mostrado, o índice de crimes caiu consideravelmente no mundo todo. Então o que tem acontecido??? E todos esse crimes terríveis que vem se multiplicando???
Na verdade, a criminalidade continua a mesma e realmente tem havido menos crimes em proporção mundial. No entanto, a violência com que esses crimes tem sido praticados, aumentou exponencialmente.



Refletindo sobre esses assuntos, lembrei-me de um livro que li há alguns anos chamado "O senhor das moscas". Escrito por William Golding, em 1954, mas acabou por não fazer muito sucesso na época, tendo uma tiragem ínfima de 300 cópias. Porém, anos mais tarde, o livro se tornou um marco sobre a natureza humana, além de se tornar uma alegoria política que contrasta o fascismo e a democracia.


Mas enfim, essa não é a parte em que eu me basearei para desenvolver essa resenha e sim na história, que em si só provoca assunto para muito tempo. O livro retrata a regressão à selvageria de um grupo de crianças inglesas de um colégio interno, presos em uma ilha deserta sem a supervisão de adultos, após a queda do avião que as transportava para longe da guerra.


Após a queda do avião, as crianças ainda um pouco atordoadas com os acontecimentos, vagam perdidas pela ilha, sem destino e sem idéia do que fazer. Acontece que Ralph, o personagem principal encontra Piggy(Porquinho) e ambos conversam sobre o ocorrido. Piggy é um garotinho gordo, mas muito inteligente e Ralph, o mais velho do grupo. O que podemos ver além da conversa inicial dos dois e principalmente das crianças em geral, é quase um vislumbre do início de nossa civilização: as pessoas sem rumo, sem uma ordem à ser seguida, totalmente dispersas.

Então, Piggy encontra uma concha muito grande e diz que aquilo pode servir muito bem como uma trombeta. Quando ela é soada, podemos ver que todas as crianças se unem ao seu redor, como um chamado de volta a humanidade. Ali, eles criam uma assembléia, decidindo o líder, tarefas, dando significado a suas vidas novamente, enquanto o resgate não chega.

Nesse contexto, a concha soando, pode significar os primeiro sinais de organização política e social na aurora da civilização. A concha representa a ordem. "Quem tem a concha tem o poder" declara Ralph, o líder, como uma sentença. Assim, as coisas começam a se ordenar na ilha. Mas, conforme o tempo passa e o resgate não chega, as crianças voltam a deixar as tarefas de lado e a brincar, as mais novas nem o "banheiro" usam mais e essa inquietação culmina quando Jack, o segundo mais velho do grupo, junta outros meninos e conseguem caçar um porco selvagem. Após discutirem com Ralph, Jack e alguns outros decidem formar um acampamento de caçadores mais longe. O interessante é notar que mesmo Ralph, quando caçaram a primeira vez o porco se juntou na dança "ritualística", ou seja, sucumbiu `a selvageria como os outros e no começo do livro, ele era um dos que apreciou a idéia de não haverem adultos na ilha. Na verdade, Goldling durante toda sua narrativa, contraria Rousseau, com uma teoria de que o ser humano eh selvagem por natureza, e quando essa natureza predomina, ele perde toda humanidade adquirida.

Isso acontece cada vez mais na ilha, até seu ápice que começa quando embebidos pelo sangue de um dos animais e durante um lapso de loucura confudem um dos meninos com um monstro e o matam. Ralph então desperta e tenta novamente impôr ordem através da concha, mas agora Jack e os outros meninos já perderam todo traço de civilidade e no seu último ato consciente, mata outro personagem, muito importante para história e destrói a concha.

Ou seja, a civilização quando perde seu instrumento de controle sobre a massa(as leis), joga o povo em um estado de caos, fazendo com que seus instintos mais violentos venham à tona, revelando o lado mais obscuro de cada pessoa. Partindo do princípio de que todos somos seres maus por natureza, isso faz total sentido. A "semente do mal"nos acompanha desde muito novos até o momento em que morremos, e só se desenvolve com o passar do tempo.

A história então culmina com a caçada dos meninos a Ralph que aparece como último resquício de humanidade e inteligência contra a força bruta e a ignorância. O final se mostra surpreendentemente trágico, mostrando a inocência dos meninos completamente destruída pela ambição humana.


E fica a pergunta: quanto ainda falta para que nós execremos de vez a lei e a ordem e nos tornarmos apenas fantoches do nosso inconsciente maligno, que a todo momento procura achar uma brecha em nosso consciente para nos dominar?


O livro é tão atual quanto no ano em que foi escrito e apesar de tratar de um tema fortíssimo, apresenta uma leitura clássica, mas ao mesmo tempo de fácil compreensão, melhorando assim a leitura para aqueles que encontram dificuldade com o mundo das palavras. Vale como dica de livro e como reflexão e debate.
Ainda estou me acostumando com as peculiaridades de um blog. Por exemplo, eu ainda não sei postar fotos. Em compensação, aprendi a colocar os vídeos em vez de colocar os links!!!!

Vitória!

Mais um triunfo do conhecimento sobre a ignorância.

Continuando, assim que conseguir um pouco mais de tempo, pretendo passar para o conhecimento de todos alguns textos que eu venho criando há algum tempo e que por enquanto não comentarei, pois se eu não publicá-los, estarei me contrariando e eu odeio isso.

Hoje foi um dia interessante na faculdade. Cheguei para a primeira aula de português e qual não foi minha surpresa que ela foi divertida pra caramba! Havia um texto do Voltaire( historiador gaúcho), falando sobre um livro do Voltaire(filósofo francês) chamado Cartas dos persas, se eu não me engano, e que era uma alegoria sobre a sociedade francesa que vivia sobre um regime político fortíssimo, principalmente em relação à imprensa e ao conhecimento em geral( isso tudo em meados do século 18). Essa opressão levava os filósofos a acharem outro meio de difundir o conhecimento entre o povo. Então, para tal feito, desenvolveram pseudônimos de pessoas que aparentemente haviam nascido no Oriente Médio, falando sobre suas experiências em países muçulmanos, considerados pelo clero francês fora do alcance de Deus. Segue-se então um texto hilário, como por exemplo, onde diz que "se seu vizinho falar quatro frases seguidas, e elas fizerem sentido, trate de o denunciar..." entre outras.
Ao acabarmos de lê-lo, o professor pediu encarecidamente que alguém discorresse sobre o texto, pois a turma estava apavorantemente quieta e eu decidi falar sobre como achava que esse texto tinha relevância nos dias de hoje, pois as pessoas tem o conhecimento a disposição e não o buscam, e blá blá blá. Depois, ouvimos a música Gitâ do Raul, e tivemos que por nossas próprias versões nas nossas palavras. Foi legal, porque pude me enturmar um pouco mais nessa turma que era a única que eu não conhecia ninguém!
Depois eu escrevo mais um pouco. Tenho que trabalhar. Valeu!

Link de ontem:

A primeira é sempre a melhor...tá, nem sempre

Muito bem. É meu blog.


Hum. Uou.




Isso é quase como uma terapia de reabilitação de vida pós-orkut. Sabe como é, você não larga o vício da noite para o dia. Eu tenho certeza que estou começando a desenvolver um novo neste exato momento.


Já sinto as primeiras raízes venenosas, derramando seu pus de maneira desordenada e reavivando minha parte psico-obsessiva, que por sua vez, desatará uma vontade incontrolável de postar algo novo a cada 12 minutos ou transformará cada situação(por mais banal e ridícula que seja) em algo interessantíssimo para as pessoas lerem.


Posso me ver voltando de uma sessão de cinema, ansioso por escrever uma resenha, que provavelmente 3 pessoas irão ler e que provavelmente alterará o curso da vida delas para todo o sempre. Ou quem sabe falando sobre o último livro que eu li e que provavelmente ninguém mais leu(pelo menos minha opinião ficará expressa para todos que um dia tiverem o azar de entrar nisso aqui) ou, ainda, dar minha salada-de-fruta-mista opinião sobre uma música ou banda que eu gostei.




Mas, o melhor, vai ser poder xingar a TV brasileira e sua mediocridade, o governo e suas formas de alienação do povo brasileiro e do que mais vier a calhar.


Enfim, é melhor eu trabalhar um pouco.




Ok, eu deixo um link ¬¬...






Pois bem, como início de relacionamento entre minha pessoa e você que está lendo, um presentinho do provavelmente melhor filme do ano :)