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O Ano dos NERDS no Cinema!

O Ano dos NERDS no Cinema!

Não há como negar: 2010 foi o ano dos Nerds no cinema!
Do pessoal dos computadores à mitologia do videogame e super-heróis, esse ano foi o momento dos fenômenos dos quadrinhos e cultura pop dominarem às telonas. Vamos aos cinco mais importantes:

5º- A Rede Social: Não dá pra negar que o indíce de nerdice de Zuckerberg superou limites pré-estabelecidos quando ele criou o Facebook, mas só agora é que podemos ter a exata noção do que isso significou para toda uma tribo. As competições para selecionar programadores para o Facebook, as horas gastas na frente de um computador e linhas de código e principalmente a total inadequação social, renderam o favoritismo às maiores premiações da temporada 2011, além de catapultar as carreiras de Jesse Eisenberg e Andrew Garfield. Nada melhor para mexer no ego do pessoal de TI, que sabe muito bem como é difícil ter reconhecimento nessa profissão...

4º - Kick-Ass: Quebrando Tudo - Levado dos quadrinhos sensacionalistas e grosseiramente violentos de Mark Millar, a história tem tudo aquilo que todo o nerd sonha: um garoto apaixonado por quadrinhos que decide tornar-se um herói em um mundo sem heróis. Basta vestir um colante e doi porretes e pronto, ele vai descobrir que não é tão fácil assim ser herói. Claro que o filme pegou mais leve do que os quadrinhos originais, mas mesmo assim abusou da violência e conquistou uma legião de fãs em todo o mundo, rendendo o suficiente para conseguir um bom lucro e, claro, engatar uma sequência.

3º - Predadores: O clássico dos anos 80, que marcou a vida de muitos jovens, voltou pelas mãos do cult Robert Rodriguez em um dos melhores filmes de ficção científica do ano. Se não bastasse as ótimas referências ao primeiro filme e as novas raças que conseguem ser mais assustadoras ainda, temos um Fishbourne ezquisofrênico e um raquítico Adrien Brody deixando o governator no chinelo com o preparo físico de protagonista. Junte a isso um elenco inspirado e muito sangue e pronto: a galera do Sci-fi sai completa de mais uma sessão de cinema, digna dos melhores filmes de ação do ano.

2º - Tron: O Legado - Uau. Sam Flynn pega a moto e dispara pelo coração da cidade. Sobe a trilha do Daftpunk e eu só consigo lembrar dos jogos de SuperNes como Top Gear e aquele jogo de motos que você tem que desviar dos carros. Pronto. É o que precisa para entendermos que a continuação de Tron será uma eterna homenagem a clássicos dos anos 80, nos games e nos cinemas. Todo o visual cyberpunk repaginado para 2010, mantendo o que de melhor o filme original teve e trazendo novos elementos da cultura 2.0. Peca pelo fato de tentar, mais uma vez, a velha artimanha do déspota que pretende dominar o mundo desconhecido, mas ganha ao saber jogar muito bem com os elementos que tem força. Um filme para você viajar rumo a um passado que você talvez nem tenha vivenciado, mas que deixa um forte odor de nostalgia no ar.

1º - Scott Pilgrim contra o mundo: É. Não há como discutir. A obra máxima do ano carrega tudo o que os filmes anteriores oferecem em uma única ópera de encher os olhos. Nada melhor do que chamar Edgar Wright (de Todo Mundo Quase Morto e Chumbo Grosso), para coordenar essa aventura épica em 8-bits, que mistura todos os universos da cultura pop em apenas um filme. Michael Cera, astro nerd, se une a um elenco impecável e cheio de referências (essa é provavelmente a única vez que veremos Capitão América e Superman no mesmo filme) com um visual estarrecedor e uma trilha insana que bota abaixo todo o conceito de universo nerd que se possa imaginar. Se não fosse o bastante, o apoio da crítica e o desprezo do público convencional tornam esse filme um cult instantâneo que dispensa palavras e enaltece o que de melhor a cultura nerd tem a oferecer.

Amém.

Megamente e As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada - Dois filmes para o feriado de Natal e para toda a família

Megamente

NOTA: 8,0 / 10

Megamind
EUA , 2010 - 96 min.
Animação / Comédia

Direção:
Tom McGrath

Roteiro:
Tom McGrath , Cameron Hood

Elenco:
Will Ferrell, Tina Fey, Jonah Hill, David Cross, Brad Pitt



A Dreamworks assume a liderança em lançamentos de animação no ano. Foram 3 filmes em pouco mais de 8 meses: Como Treinar o Seu Dragão, Shrek Para Sempre e, para fechar o ano, Megamente. Desde o primeiro trailer, acreditei que o filme fosse apenas mais uma produção bobinha e que novamente sairia frustado do cinema com a empresa que me deu alegrias com algumas produções, mas jamais conseguiu atingir o patamar dos estúdio Pixar em termos de qualidade narrativa. Megamente me surpreendeu por voltar às origens da produtora, com um humor escrachado, aproveitando o que de melhor a empresa sabe fazer: parodiar gêneros. No filme, acompanhamos um vilão que finalmente derrota seu arqui-rival e vê que isso trouxe um vazio imenso para sua alma. Decide então criar um novo herói que poderá trazer emoções a sua vida, mas como sempre, essa ideia tem tudo para dar errado. A fórmula da animação segue os padrões já conhecidos, mas destaca-se por um humor bem trabalhado, ótima trilha sonora e personagens interessantes. Se cai nos mesmos clichês que já conhecemos, ao menos cai com estilo. Surpreende também a qualidade técnica da produção que aposta em cenas grandiosas e efeitos eletrizantes que vão fazer você querer voltar mais e mais vezes ao cinema e aproveitar o filme com tudo o que o 3D pode proporcionar.

As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada

NOTA:
7,5 / 10

The Chronicles of Narnia: The Voyage of the Dawn Treader
EUA , 2010 - 115 minutos
Aventura / Fantasia

Direção:
Michael Apted

Roteiro:
Christopher Markus, Stephen McFeely, Michael Petroni

Elenco:
Georgie Henley, Skandar Keynes, Ben Barnes, Will Poulter, Gary Sweet, Terry Norris, Bille Brown



Depois de deixar os estúdios Disney, onde os dois primeiros filmes foram rodados, e perder seu diretor, a franquia de Nárnia parecia ter futuro indefinido. A Fox apostou no terceiro filme da série e conseguiu equilibrar o tom fantasioso da história original com uma produção que mantém o nível dos filmes da série. A história mostra Edmundo, Lúcia e Eustáquio de volta a Nárnia, onde encontram um navio, o Peregrino da Alvorada. Lá, Caspian relata que está em uma busca pelos sete lordes de Nárnia perdidos nos mares orientais. E as crianças irão ajudá-lo nessa busca. Ótimos efeitos especiais e uma bela mensagem (característica dos livros), embalam essa aventura que aposta também em um 3D, desnecessário diga-se de passagem. Ainda assim, leva com orgulho o nome da série, rumo a novos mares, ainda não descobertos.

A Rede Social - David Fincher mostra o lado negro da maior rede social do mundo

A Rede Social - David Fincher e as relações pessoais

NOTA: 9 / 10

The Social Network
EUA , 2010 - 120 minutos
Drama

Direção:
David Fincher

Roteiro:
Aaron Sorkin, Ben Mezrich (livro)

Elenco:
Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Armie Hammer, Rooney Mara, Max Minghella, Rashida Jones

Zodíaco talvez seja o filme do diretor David Fincher que mais se assemelha a A Rede Social. Diálogos rápidos mas longos, seguidos por cortes secos e mais diálogos, dando momentos oportunos para o espectador respirar e digerir os acontecimentos, sem jamais tomar um partido, mostrando os fatos como, em sua concepção, aconteceram. Ao contrário de Benjamin Button, onde o sentimento principal do filme dependia inteiramente do carisma com o protagonista, em seu novo filme, o efeito é completamente o contrário. Por mais que tenhamos a mania de querer nos colocar no lugar do personagem principal, em poucos minutos de exibição descobrimos que Mark Zuckerberg não é flor que se cheire. E aos poucos notamos que todas as acusações que ele sofre no decorrer do crescimento do Facebook fazem parte de sua falha de caráter. Mas ao mesmo tempo, nada teria funcionado tão bem se ele não tomasse as decisões que o tornaram tão impopular e odiado por aqueles que o cercavam.

A Rede Social acompanha a trajetória do criador do Facebook, desde a criação de sua primeira rede social, aos posteriores processos quando o mesmo havia tornado-se bilhonário.

O currículo de David Fincher foi provavelmente o que salvou A Rede Social do fracasso monumental e o colocou no patamar de favorito para o Oscar. Antes disso, o projeto despertou a falta de interesse em boa parte do público cinéfilo e muito mais dos sites e revistas especializados. O diretor foi crucial para essa mudança. Nos roteiros, chamou o colega Aaron Sorkin (de Curioso Caso de Benjamin Button) e a equipe que trabalhou no filme anterior, para pintar a projeção com uma fotografia deslumbrante. Cada momento do filme é realçado cmo as cores determinadas, tornando o processo de acompanhar os diálogos mais interessante e menos cansativo. Afinal, fazer de duas horas e meia de diálogo algo atrativo de ser assistido é tarefa difícil para qualquer um e nesse ponto, a direção de atores ganha força nas mãos do diretor.

Jesse Eisenberg torna-se mais do que apenas um Michael Cera genérico e impõe a personalidade alienada determinante para compreendermos o porque de Zuckerberg ter conseguido tantos inimigos em tão pouco tempo. Andrew Garfield, no papel do brasileiro e único amigo do protagonista Eduardo Savrin, consegue mostrar ao mesmo tempo a inocência e apatia que o levou a ser trapaceado para fora da empresa, enquanto Justin Timberlake provoca nojo como Sean Parker, quase tornado o "vilão da história". Destaque também para o excelente efeito que tornou o ator Armie Hammer os gêmeos Winklevoss, apenas substituindo o rosto no corpo de outro ator. Simplesmente incrível.

O roteiro também acerta ao não apontar o certo e o errado, mas ao mostrar a forma como Zuckerberg soube aproveitar todas as oportunidades em prol da sua criação e da forma como cada uma dessas decisões teve consequências que não puderam ser evitadas, mas o fizeram o mais novo bilhonário do mundo.

A pergunta que chega ao final da projeção é como uma pessoa, capaz de criar a maior ferramenta social de todos os tempos, não consegue sequer construir relações duradouras fora do mundo virtual. Seria um estranho desejo de querer se sentir odiado e colocar a culpa nas outras pessoas, mesmo quando essas pessoas realmente se importam como ele, ou talvez, algum ressentimento de outros relacionamentos que o tornaram alguém fechado longe da tela de um computador?

A resposta, é claro, depende de cada espectador. Mas uma coisa é certa: Zuckerberg sabe como ser um babaca com muito dinheiro.