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Predador: A saga completa - O melhor e pior do maior caçador do universo

Predador: A saga completa - O melhor e pior do maior caçador do universo

Faltando pouco mais de um mês (isso se a santa distribuição brasileira não mostrar suas garras) para a reestreia de uma das franquias mais cultuadas de ficção científica dos anos 90, é hora de relembrar o que de melhor e de pior já foi feito com o caçador alienígena Predador. Com lançamento marcado para julho o terceiro capítulo oficial da série, Predadores, tem direção de Nimròd Antal (Temos Vagas) e produção de ninguém menos que Robert Rodriguez (Drink no Inferno, Planeta Terror).
Por isso, prepare muita lama, armas de fogo e, claro, muita coragem para encarar o mundo do Predador.

Predador (Predator) - Dir.: John McTierman. Ano: 1987

NOTA: 8,5 / 10

Arnold Schwarzenneger já era uma figura incontestável dos filmes de ação, na década de 80. Revelado em Conan, foi catapultado pelo primeir Exterminador do Futuro e consolidado em Comando Para Matar. Predador não foge dessa regra. Filme de ação e ficção científica bem realizado, com ótimos efeitos especiais e sangue. Muito sangue. A história mostra um pelotão de elite do exército que entra na selva sul-americana para resgatar seus companheiros. O que eles não sabem é que estão sendo caçados por uma criatura muito mais perigosa do que eles poderiam imaginar. O filme não é um poço de genialidade. Pelo contrário, repete fórmulas em seus personagens, todos devidamente estereotipados, em sua estrutura de filme de monstros (ele vai aparecendo aos pouquinhos e ninguém acredita que seja realmente um alienígena) e o confronto mocinho e vilão, em uma das cenas mais geniais do cinema dos anos 80. Nesse caso, a fórmula funciona, e muito bem. Um filme divertido e descompromissado que apresenta uma criatura maravilhosamente desenhada pelo gênio da maquiagem, o falecido Stan Winston, no auge de sua forma. Arnold está fortão e não tem medo de mostrar isso. Predador tem até espaço para a crítica social: na cena final, Dutch pergunta ao monstro "Que diabos é você?", ao que o predador responde "Que diabos é VOCÊ?". Em meio às cinzas, Dutch, todo arrebentado, parece se perguntar a mesma coisa. Que diabos somos nós? A meditação dura aproximadamente 2.3 segundos e logo é cortada pela empolgante trilha sonora e o helicóptero que nos lembra para não nos levarmos tão a sério assim.

Predador 2 - A Caçada Continua (Predator 2) - Dir.: Stephen Hopkins. Ano: 1990

NOTA: 5 / 10

Sim, Danny Glover foi a escolha para substituir Arnold na continuação do sucesso de 1987. Não, não faz sentido. Tá certo que o ator vinha do bem-sucedido Máquina Mortífera, mas e daí? Ele não tem físico, é caricatural demais e teria morrido nos primeiros 5 minutos em um confronto real com o alienígena. Mas, de acordo com a produção do filme, ele era o nome certo. Não só por isso, mas pelo apanhado geral da obra, Predador 2 é datado e tosco. Beira produções de baixo orçamento e diálogos que tem como objetivo, reunir o maior número de "Damns!" e "Fucks" possíveis. Dessa vez, o caçador ataca em meio à Los Angeles, de 1997, dominada por gangues vodus. É. Gangues vodus. Mais sangue do que o primeiro, mas também, momentos de vergonha alheia que dão dó. Tão ruim que o filme é o pior lançamento da franquia, fazendo míseros 30 milhões de dólares nos EUA. Pelo menos Predador 2 tem elementos que devem ser levados a sério. Entendemos melhor a criatura. Conhecemos mais armas, entendemos um pouco mais suas motivações, há quanto tempo estão na Terra e até suas noções de honra. Um prato cheio para os próximos filmes. Pena que o resultado será vergonhoso.

Alien Vs. Predador (Alien Vs. Predator) - Dir.: Paul W. S. Anderson. Ano: 2004

NOTA: 0,3 / 10


17 anos depois do lançamento da série, Predador é cultuado pela sua contribuição ao mundo da ficção científica e a maravilhosa criatura de Stan Winston. Junto com Alien, é considerado fundamental na escala de ameaças alienígenas e rendeu diversos confrontos em HQ's e games. Tudo porque no final do segundo filme, a estante de troféis do predador expõe um crânio de Alien. Pergunta: o que acontece se você juntar essas duas maravilhosas franquias em apenas um filme? A FOX decidiu realizar o encontro e trouxe Paul W. S. Anderson, diretor de Resident Evil para a tarefa. UAU, não pode dar errado!!!
De alguma forma misteriosa ganhamos o pior filme da década. Um grupo de exploradores é contratado para encontrar uma pirâmide perdida Pólo Sul, que abriga um local de passagem para a vida adulta dos predadores. Lá, uma colônia de Aliens é ativada, dando início a um confronto onde humanos são a raça mais fraca e não sairão vivos.
Basta dizer que em Alien Vs. Predador, quase não há predadores. Dos três que iniciam a luta, apenas um sobrevive, sendo que o confronto entre ambos acontece só lá pelos 50 minutos de projeção. O começo é apenas um monte de justificativas entediantes para o confronto. Por um milagre, o predador é amigo da protagonista. Eles são quase Tango e Cash, pulando de explosões, trocando experiências, chorando pela morte do amigo. É ridículo, pedante, clichê e, infelizmente, vergonhoso.
O que há de bom: descobrimos que Bishop, da série Alien, era o dono da Companhia imortalizado em seus andróides. Isso.

Aliens Vs. Predador (Aliens Vs. Predator - Requiem) - Dir.: Colin e Greg Strause. Ano: 2007

NOTA: 2 / 10

Dirigido pelos autodenominados irmãos Strause, uma continuação de AVP foi entregue ao mundo. Por algum motivo, a série cultuada em seu primeiro filme parece sofrer uma queda crescente de qualidade. Cada novo capítulo é mais um motivo de vergonha alheia. Dutch revira-se no gabinete de governador da Califórnia. Apesar disso, AVP 2 consegue ser ligeiramente mais interessante do que seu predecessor.
Partindo da premissa deixada no final do primeiro filme (o predador protagonista é contaminado por um alien, nascendo assim o PredAlien), AVP 2 tenta voltar às origens da história. A nave dos predadores cai em uma pequena cidade. No planeta da raça alienígena (sim, temos um pequeno e prazeroso vislumbre do planeta), um caçador recebe o alarme e decide investigar. Novamente, os humanos é que vão sofrer as consequências.
No pior estilo slasher movie vemos a cidade ser dizimada rapidamente, tanto pela contaminação do alien/predador quanto do caçador que pouco se importa com os humanos (bem diferente do protagonista do filme anterior). A violência do filme foi criticada por muitos. Os strause não poupam ninguém. Diferente da maioria dos filmes de terror, aqui, crianças tem o peito aberto por um alien, grávidas dão à luz bebês aliens, tudo com o melhor mau gosto possível. Até é divertido. Ao final, o confronto entre alien e predador é despido de armas e artifícios. Mano-a-Mano.
Divertido, mas sem ser levado a sério, AVP 2 não é tão ruim quanto parece. Mas, continua sendo uma droga.

Anjos ou demônios? - Quando seres celestiais são meninos muito, muito levados

Anjos ou demônios? - Quando seres celestiais são meninos muito, muito levados

Religião é parte da vida da maioria das pessoas. Contar uma história no cinema com elementos religiosos é pedir pra levantar polêmica. Alguns filmes resolveram apostar nos anjos, não como crianças barrigudinhas seminus ou homens altos, loiros, de cabelos encaracolados e cobertos com um lençol, mas como seres ciumentos, vingativos e de saco cheio de Deus. Claro, que por ser um assunto muito delicado, a maioria desses projetos acaba sofrendo com o baixo custo de produção. Os investidores sabem o perigo de uma empreitada dessas...Por isso, nada melhor que separar 3 filmes que retratam a guerra dos primeiros filhos contra os "macacos falantes" que infestam a terra!

Anjos Rebeldes (The Prophecy / God's Army) - Dir.: Gregory Widen
Ano: 1995

Nota: 9 / 10

Produção de orçamento modesto, dirigida e escrita pelo roteirista da série Highlander e pioneira em mostrar o lado sombrio das forças angelicais, Anjos Rebeldes é um clássico inegável que beira a tosquice em boa parte do filme. A história surpreendentemente original, mostra um detetive que não conseguiu se sagrar padre investigando uma série de mortes estranhas. Ele descobre que o céu está em guerra há quase um milênio, pois Gabriel (Cristopher Walken) se rebelou contra Deus por sua preferência pelos seres humanos. Agora, o detetive deve proteger uma garota que serve de receptáculo para a alma de um cruel general e que irá acabar com a guerra, criando um segundo inferno nos céus. Em sua estreia na direção, Widen não poupa a mão no clima sombrio e pecaminoso do filme. Os anjos arrancam corações, violam túmulos, beijam homens e crianças (na boca!), torturam, empalam e tem uma fixação por postar-se como corvos em cima de túmulos. Nos céus, a moda parece ser o sobretudo de couro e coturnos. Ainda assim, o filme continua assustador e talvez até mais profano do que dez anos atrás. Não há redenção para Gabriel, apenas Lúcifer (Viggo Mortensen, excelente) comendo seu coração e gemendo de prazer. Aliás, as interpretações de Walken e Mortensen são o prato principal do filme, junto com as cenas estilosas (Gabriel incinerando o colega no necrotério é uma cena estilosa!) e efeitos bem feitinhos. Anjos Rebeldes vale pelo pequeno desafio que proporciona, sem se perder demais no melodrama.


Legião (Legion) - Dir.: Scott Charles Stewart
Ano: 2010

Nota: 3 / 10

Quinze anos depois, um orçamento consideravelmente melhor, basicamente a mesma história e efeitos especiais de ponta, não conseguem fazer de Legião um filme melhor. Ele até utiliza dois bons atores, assim como Anjos Rebeldes: Paul Bethany é Miguel, o anjo que não concorda com o fato de Deus ter ficado de saco cheio da humanidade e de sua decisão de aniquilar a raça humana, e Dennis Quaid, um homem que perdeu a fé (não diga...) assim que sua mulher morreu. Para evitar a extinção da humanidade, eles se refugiam em uma lanchonete no meio do deserto (com o nome de Paradise Falls, ótima sacada), com um estoque de armas de dar inveja à Matrix, esperando pelas hordas de anjos que pretendem matá-los. Pra variar, Gabriel é o babaca que acha que todo mundo tem que morrer mesmo, enquanto Miguel vai tentar convencer Deus de que ele está errado.
Você pode pensar "Uau, ótima ideia!". E realmente funciona. Até os 30 primeiros minutos do filme. Depois de apostar em um pouco de Gore e uma cena sensacional quando um carrinho de sorvetes se aproxima da lanchonete, o filme vira uma breguice melodramática e totalmente B. São cenas com fotografia iluminada por velas, soluções fracas (a horda de humanos zumbis), enrolação em todas as histórias secundárias e um final tosco de fazer dormir. Nem por Paul Bethany vale assistir. Ou seja, entre esse e Anjos Rebeldes, fique com o antigo.

Dogma - Dir.: Kevin Smith
Ano: 1999

Nota: 7,5 / 10

Kevin Smith vinha de uma carreira de obras de baixo orçamento, prestigiada pela crítica por seus ótimos diálogos e o mergulho na cultura pop que faltava nos anos 90. Essa foi a década de ouro do diretor que teve nos anos 2000 uma queda radical de qualidade. Dogma, infelizmente, parece prenunciar isso. A trama, novamente, é interessante: Dois anjos caídos descobrem a promoção de uma igreja que promete perdoar qualquer pecado e decidem viajar até lá para para voltarem ao paraíso. O problema é que se fizerem isso, o universo será destruído. Um grupo de desajustados (entre eles Jay e Silent Bob) tem a missão de impedi-los a qualquer custo. A dupla de protagonistas é de botar inveja em qualquer diretor: Matt Damon e Ben Affleck, ambos vencedores do oscar de melhor roteiro por Gênio Indomável no papel dos anjos que decidem fazer uma limpa no mundo, assassinando inclusive uma megacorporação que planeja construir o parque do bezerro de ouro.
O problema é que o filme promete muito e cumpre pouco. Como Kevin Smith é um católico assumido, não tem coragem de ir mais fundo justamente nos dogmas e parece raso. Assim, tudo que acontece é revertido quando ao final, tudo acaba da melhor maneira possível e todos ficam bem.
Ainda assim, Kevin Smith é Kevin Smith e o filme vale pelas ótimas referências e até pelo elenco que não deve em nada para filmes de grande orçamento. Mesmo quando faz um filme menor, Kevin Smith ainda é um dos maiores roteiristas e diretores do cinema mundial.

O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus - O último expressionista do cinema

O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus - O último expressionista do cinema

Nota: 10 / 10

The Imaginarium of Doctor Parnassus
France | Canada | UK , 2009 - 122
Drama / Fantasia

Direção:
Terry Gilliam

Roteiro:
Terry Gilliam e Charles McKeown

Elenco:
Heath Ledger, Johnny Depp, Colin Farrell, Jude Law, Christopher Plummer, Lily Cole, Tom Waits, Verne Troyer, Andrew Garfield

A loucura é sempre um tema recorrente nos trabalhos do cineasta norte-americano Terry Gilliam. Desde sua participação no grupo britânico Monty Python, com animações surrealistas e tresloucadas, o diretor utiliza basicamente o non-sense nos seus roteiros e privilegia uma estética expressionista que pode fazer dele um dos últimos verdadeiros utilizadores desta técnica no cinema atual. Brazil - O Filme é o seu auge em popularidade, em uma obra que mostra uma sociedade autoritária que reprime qualquer liberdade e incentiva valores falsos, como a estética e o dinheiro (...). De lá pra cá, o diretor viveu uma espiral descendente terrível. A falta de incentivo a seu trabalho chegou ao cúmulo de fazer com que o diretor fosse mendigar patrocínios nas ruas de Hollywood como forma de protesto. Convenhamos, os filmes de Gilliam são intragáveis para o público leigo, apesar de serem peças de arte irretocáveis. Seu Medo e Delírio em Las Vegas só aconteceu por influência de Johnny Depp e Irmãos Grimm, seu último grande filme com orçamento inchado, falhou miseravelmente nas bilheterias mundiais, apesar de ser apreciado como análise de cinema. Graças a imensa amizade com os atores que trabalha, Terry Gilliam sempre consegue auxílio de artistas que normalmente cobrariam um cachê abusivo em suas empreitadas. Depois de Contraponto, que contou com participação de Jeff Bridges, Gilliam produzia mais um filme que aparentemente não teria grande repercussão na mídia, junto com seu amigo de Irmãos Grimm, Heath Ledger, ator que estava para se tornar um dos mais importantes do ano de 2008, no papel do Coringa, em Batman - Cavaleiro das Trevas. Durante as filmagens de O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus, Heath Ledger morreu.

A história mostra um monge que adora apostar com o diabo. Quando perde a sua filha, faz uma nova aposta e contará com a ajuda de um estranho desmemoriado para salvá-la.

Terry Gilliam retoma a linha de fantasia utilizada em Irmãos Grimm e faz um filme bem menos intrincado e denso do que Contraponto. Graças a Deus, acredite. Apesar das inúmeras qualidades do filme anterior, a viagem é pesada demais para ser suportada por espectadores despreparados e o clima leve e aventuresco que Parnassus estabelece é ideal para sua história. Estão lá as características expressinonistas do trabalho de Gilliam, mas ficam mais acentuadas apenas do outro lado do espelho, onde são aceitas por sua forma cartunesca. O importante aqui é ressaltar esse clima aparentemente leve que o filme cria. Os efeitos especiais (graças ao razoável investimento no "último trabalho de Ledger") são competentes e mostram o dedo do diretor em cada design de produção.

O elenco é irretocável. Heath Ledger está tão bem em sua última atuação que não se destaca do quadro geral, mas consegue se amalgamar de tal forma à história e o resto do elenco, que preenche a história ao invés de ser mais do que ela. Essa é uma grande tarefa para um ator que precisa de filmes gigantescos para não se destacar da história e mesmo assim, é marcante. Quero dizer que em Batman sua performance é tão forte que nenhum ator consegue superá-lo e, por mais que não pareça, a história do filme perde com isso. Por isso, em Parnassus ele consegue algo tão díficil: acomodar seu talento e deixar a história ser contada.

Dito isso, seus sósias chamados para completar o filme...
(Ps: como o ator morreu durante as filmagens, 3 amigos seus assumiram a tarefa de substituí-lo quando o personagem entra no mundo imaginário)
estão à altura da tarefa. Johnny Depp, sem trejeitos desnecessários mostra que nas mãos do diretor certo, consegue voltar às raízes de sua atuação sutilmente bizarra. Jude Law também chama a atenção bem como Colin Farrell, que completam a história e não deixam nada a dever para o ator. Já Cristopher Plummer, apesar de uma atuação bastante abafada por esses outros nomes é um ótimo Parnassus, que nos dá vontade de conhecer mais de seu mundo imaginário. O outros membros do elenco cumprem bem suas funções.

O grande mote do filme é justamente imaginar. Não só imaginar, como saber fazer suas escolhas, quando todos estamos inclinados a pender para o mal. Mais fundo ainda, analisa a natureza de cada um e mostra que mesmo os desejos mais sombrios podem ser transformados em uma forma de felicidade se bem utilizados. Essa gama enorme de sentidos faz da história um filme para ser revisitado várias vezes. Um visual belíssimo, tanto nas cenas cinzas e feias de Londres, contrastando com o mundo colorido e sombrio da imaginação. Destaque para o tango do diabo, cena onde uma dança é refletida por diversos pedaços de espelho quebrado pela sala, enquanto o capeta tenta impedir um sacrifício de uma alma "pura". Roteiro com ótimas reviravoltas, personagens ricos, tudo que um filme precisa para entrar na memória do cinema.

Em sua última cena, aparece: "Um Filme de Heath Ledger e seus Amigos". Uma homenagem póstuma em um filme que não teria chances sem ele.

Filmografia completa de Monty Python's Flying Circus

40 anos de Monty Python, 10 resenhas do grupo para você

Chegou a hora. Depois de completar a filmografia em DVD é hora de criar coragem e falar do grupo que é com certeza o mais influente da comédia mundial e da minha vida (sem exageros), o Monty Python.
Foi lançado neste mês de junho, o último lançamento em comemoração aos 40 anos da trupe inglesa, Not The Messiah, o musical sobre o longa-metragem A Vida de Brian. Criado por Eric Idle, o músico do grupo, ele transporta para os palcos do Royal Albert Hall toda irreverência dos Pythons, mas antes, vamos analisar todo o trabalho do grupo, temporada por temporada até ele.
Afinal, Anything goes in, anything goes out!

Monty Python's Flying Circus: a 1ª Temporada Completa (1969)

Nota: 10/10

"It's...", diz um mendigo esfarrapado para a câmera antes da entrada de uma animação com pitadas de surrealismo e doideira. De forma violenta e bem-humorada, entrava nas televisões britânicas naquele 5 de outubro de 1969 o Monty Python's Flying Circus, um programa que inicialmente escandalizou o público com sketchs sem pé nem cabeça e um humor ácido, mas logo tornou-se febre entre todo o Reino Unido. Os ingleses John Cleese, Graham Chapman, Eric Idle, Michael Palin e Terry Jones, e o norte-americano Terry Gilliam eram a trupe mais estranha da TV e não se preocupavam em zoar a própria BBC, produtora do seriado, que teimava em tentar censurar suas sketchs. O primeiro episódio começa com o sensacional quadro "It's Wolfgang Amadeus Mozart", onde o músico lista as mortes mais famosas da história. O episódio ainda contém uma das mais famosas sketches do grupo, A Piada mais engraçada do mundo, que você confere aqui. Nessa temporada, destaque para os quadros "A man with two noses", a misteriosa "A scotsman on a horse", a simplicidade "The Larch", a depravada "Marriage Guidance Counselour", a bitolada "Confuse a cat", "Dead Parrot", "Lumberjack Song" e uma de minhas preferidas, a entrevista com o filho do famoso compositor alemão, Johann Gambolputty de von Ausfern- schplenden- schlitter- crasscrenbon- fried- digger- dingle- dangle- dongle- dungle- burstein- von- knacker- thrasher- apple- banger- horowitz- ticolensic- grander- knotty- spelltinkle- grandlich- grumblemeyer- spelterwasser- kurstlich- himbleeisen- bahnwagen- gutenabend- bitte- ein- nürnburger- bratwustle- gerspurten- mitz- weimache- luber- hundsfut- gumberaber- shönedanker- kalbsfleisch- mittler- aucher von Hautkopft of Ulm.


Monty Python's Flying Circus: a 2ª Temporada Completa (1970)

Nota: 9,5 /10


Quem esperava o velho mendigo com seu "It's", tem uma surpresa com John Cleese sentado em uma mesa, com um terno impecável e disparando aquela que seria a frase mais marcante dos Python's: And now, for something completely different...Assim começa a segunda temporada, que mantém um tom ainda mais subversivo, apoiado pela massa inglesa que já amava a série. Entre os pontos altos dessa temporada, destaque para Ministry of Silly Walk com John Cleese em plena forma, realizando um de seus passos mais famosos, que inspiraram as passeatas Silly Walk pelo mundo. Vale lembrar a você que nobody expects "The Spanish Inquisition"! Ou quem não lembra da ótima aparição dos Gumbys? A paródia de seriados de espionagem em "The Bishop" e dos programas de TV de prêmios em "Blackmail". É nessa temporada que "SPAM" inspira anos depois a adaptação do nome para emails indesejáveis. Apesar de muitos quadros marcantes, a segunda temporada parece perder o foco em alguns momentos. Por mais que me joguem no fogo depois dessa declaração, alguns momentos são entediantes. Mas, pra variar, o resultado final sempre nos faz lembrar os melhores momentos, que são bem mais abundantes do que os maus.

Monty Python's Flying Circus: a 3ª Temporada Completa (1972)

Nota: 9,5 / 10

Essa é a menos conhecida temporada do grupo. John Cleese já queria ter encerrado o grupo na segunda temporada e após o primeiro longa-metragem, And Now For Something Completely Different (uma repaginação de quadros das primeiras temporadas), não pretendia continuar. Os conflitos do grupo aumentam, principalmente na rivalidade entre Cleese e Terry Jones, que divergem demais sobre o estilo de humor a ser utilizado. Apesar disso, a 3ª temporada tem quadros marcantes, mas não tão familiarizados para os fãs. Entre elas, a "Fish-Slapping Dance", "Argument Clinic", "Gumby Brain Specialist", "Cheese Shop", "Dennis Moore". Ótimos momentos, o ápice da equipe.

Monty Python's Flying Circus: a 4ª Temporada Completa (1973)
Nota: 9 / 10

Sem John Cleese que abandonou o grupo por pensar que estavam se repetindo demais, resta aos Pythons restantes protagonizar Seis episódios para uma quarta temporada da série. A mais enlouquecida de todas as temporadas, os Pythons parecem perder um pouco da classe sem a presença poderosa de Cleese. Restam bons momentos, mas nem tantos assim. Destaque para "Different endings", a música "When does a Dream Begin" e a última sketch, "BBC NEWS(Handover)". Marca também a música que titula este blog, Anything goes in, anything goes out!

Fawcett (clearing his throat and going into an extraordinary tuneless and very loud song)
Anything goes in.

Anything goes out!
Fish, bananas, old pyjamas,

Mutton! Beef! and Trout!
Anything goes in...

Longa-metragens: Monty Python e o Cálice Sagrado (Monty Python and the Holy Grail) (1975)

Nota: 10 / 10


Dirigido por Terry Gilliam e Terry Jones que (surpresa!) brigaram durante a produção do filme, O Cálice Sagrado foi cercado de problemas e falta de orçamento, para ser considerado hoje por muitos, o melhor filme de comédia de todos os tempos. Também, pudera, depois de encerrar a série, os Pythons pareciam afiados, avacalhando com a mitologia inglesa como podiam. A lenda do Rei Artur é destroçada nos primeiros frames do filme quando o rei aparece com seu escudeiro, mas sem cavalo. Por conta do orçamento do filme, eles tem que bater cocos para simular o trote do cavalo...esse simples arremedo constitui uma das melhores gags do cinema e por 1h30, a trupe nos brinda com quadros inesquecíveis. As atuações estão ótimas, com Chapman como o inocente rei Artur, Cleese como o bravo Lancelot, Eric Idle como o medroso sir Robin, Michael Palin como Galahad, o puro e Terry Jones, o genial sir Bedevere (se ela tem o mesmo peso de um pato, ela flutua na água, portanto é feita de madeira e então... A WITCH!). Terry Gilliam aparece como escudeiro do rei Artur e nas animações do filme. Sem dúvida, o reinício dos Pythons com chave de ouro.

A Vida de Brian (Life of Brian) (1979)


Nota: 10 / 10


O segundo filme do grupo é ainda mais polêmico do que o primeiro. Tudo porque em uma entrevista logo após a estreia do primeiro filme eles afirmaram preparar uma história sobre a vida de ninguém menos que Jesus. Para não pegar tão pesado, criaram Brian, um erro desde o início de sua vida, onde é confundido com o messias, em Jerusalém. A história não tem nada a ver com Jesus Cristo, mas é uma crítica feroz à religião que cria um povo acéfalo e cego para outras verdades. Critica também as escaramuças políticas entre partidos para ao final, dizer aos especatdores para aproveitarem a vida, sempre olhando o lado bom. A cena final nas cruzes assoviando e entoando a clássica "Always look on the bright side of life" faz você acompanhar a letra por horas. No funeral de Graham Chapman em 1987, é arrepiante o momento onde todos cantam a música juntos...

Monty Python ao vivo no Hollywood Bowl (Monty Python Live at the Hollywood Bowl) (1982)

Nota 9,5 / 10


Monty Python é uma febre mundial. Suas apresentações ao vivo lotam estádios e a consagração é no Hollywood Bowl, one em pouco mais de 1h20 o grupo reapresenta quadros clássicos com pequenas modificações e principalmente quadros especialmente desenvolvidos para apresentações ao vivo. Mais do que isso, dá mais espaço para os Pythons reservas, Carol Cleveland e o músico Neil Innes, em momentos musicais como a música, How Sweet, to be an idiot. Excelente espetáculo, um dos melhores DVDs do grupo. Mas, a curta duração e a inexistência de extras derrubam a nota em meio ponto.

Monty Python e o Sentido da Vida (Monty Python's Meaning Of Life) (1984)

Nota 10 / 10

Última associação do grupo, o filme fecha grandiosamente a história de Monty Python. No estilo de esquetes, a trupe tenta entender qual afinal é o sentido da vida desde o milagre do nascimento. TODAS as esquetes são memoráveis, desde o parto, a canção Every Sperm is Sacred, aplaudida de pé em Cannes, o debate protestante em plano-sequência, a escola, educação sexual, igreja, exército, até o fim da vida, em um momento marcante do encontro com a morte, por conta de um musse de salmão estragado. Ao final, lady Palin conclui que o sentido da vida é ser feliz comer vegetais e fazer exercícios, afinal, quem se importa quando pode-se ter nudez gratuita???

Demais obras:


Monty Python - Almost the truth (The Lawyers Cut) (2009)

Nota 9 / 10


Documentário em homenagem aos 40 anos do grupo, The Lawyers Cut vai fundo na história do Monty Python, investigando o cenário político da época e entrevistando os membros vivos e gravações de Graham Chapman. É interessante especialmente para fãs. Mostra as característica de cada um dos componentes, sua preferências em termos de comédia, seus conflitos, suas lembranças. Pena que o documentário não explore o presente ou as relações entre o grupo, tocando apenas superficialmente nesses assuntos.

Not The Messiah - Ao vivo em Londres (2009)


Nota 8,5 / 10


Ópera baseado na Vida de Brian, adaptada por Eric Idle para os 40 anos do grupo, é sem dúvida o material definitivo para fãs. Quem não conhece o grupo deve evitar assistir este dvd antes de entender Monty Python. Apesar de alguns números musicais sensacionais, participações especiais (destaque para a tremenda contribuição de Terry Gilliam) e de inúmeras piadas escondidas e homenagens aos fãs, alguns momentos são bem entediantes. São músicas longas demais que irritam um pouco, mas nada que estrague a experiência. O melhor de tudo? O dvd possui a opção sing along...Não perca!

Poucas linhas para exprimir o quanto amo a história de Monty Python, mas posso dizer ao final, Missão Cumprida!

Toy Story 3 - Tienes un amigo en mi!

Toy Story 3 - Tienes un amigo en mi!

Nota: 10 / 10

Toy Story 3
EUA, 2010 - 103 min.
Animação/Aventura

Direção:
Lee Unkrich

Roteiro:
Michael Arndt, John Lasseter, Andrew Stanton, Lee Unkrich

Elenco:
Tom Hanks, Tim Allen, Joan Cusack, Michael Keaton

Curta antes do filme: Day e Night

Uma mistura de animação 2D e 3D, Dia e Noite é um curta de técnica experimental que remonta à década de 50 na construção de seus personagens e em seu estilo. Tem uma mensagem forte sobre aceitar aqueles que são diferentes de nós, porque afinal, ninguém é melhor do que ninguém.

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Foi mais ou menos na época em que Os Incríveis saiu em VHS para locação. Aluguei o filme sentei no sofá e duas horas depois, estava chocado. Tudo, absolutamente tudo no filme parecia ter explodido minha mente. A história original, o visual absurdamente lindo, os efeitos sonoros realistas e, principalmente, a sinceridade e humanidade dos personagens que não pareciam projeções de computador, mas pessoas de carne e osso. Naquele momento tomei a decisão de assistir os próximos filmes da Pixar no cinema. Excetuando Carros, segui a risca essa promessa que inclui os novos filmes dos estúdios Disney como A Princesa e o Sapo e Bolt. Veio o ótimo Ratattouille, seguido de Wall-E e Up. Não há como falar sobre esses filmes sem rasgar a seda. Todos, filmes que revolucionaram o modo de ver a animação moderna e colocaram a Pixar em um patamar que poucas animações do mundo podem alcançar. Ainda assim, apesar de fã da série Toy Story, não sabia o que esperar. Ao final da sessão, não tive dúvidas. A Pixar conseguiu. De novo.

No último (?) capítulo da série, Woody, Buzz e os outros brinquedos não sabem seu futuro já que Andy vai para a faculdade. Durante a mudança, acabam indo para doação, em uma creche que aparentemente é o paraíso para brinquedos, mas em breve, verão que é na verdade uma prisão cruel...

Toy Story consegue se superar mais uma vez. Sem perder tempo com apresentações desse mundo, o diretor mergulha direto na aventura. A sequência inicial do filme é de deixar qualquer diretor de filmes de ação e aventura de boca aberta. As piadas tem um tom irreverente e arrancam risadas mesmo do adulto mais sisudo. E não falta a ele emoção. A amizade fiel, o abandono e a nova chance, está tudo lá, bem distribuído entre as quase duas horas de filme.

O nível técnico da Pixar é um elogio à parte. Novamente aqui, o 3D não se importa em ficar dentro da tela. O importante é a profundidade que ele consegue e as sensações que transmite perfeitamente. Destaque para a cena do incinerador, assustadoramente real e dramática, um dos momentos mais marcantes de todos os filmes da produtora.

Assim como um ótimo elenco completa um filme, em Toy Story 3, os brinquedos não deixam a desejar. Quem nunca sonhou em ver Buzz Lightyear dançando e cantando em espanhol? (eu! Por isso fiquei tão impressionado...). Mesmo os personagens secundários têm personalidades tão marcantes quanto Woody e Buzz, que aqui dão mais espaço ao drama de seus colegas também. O grupo de vilões também conquista espaço com o metrossexual Ken e o misterioso Lotso, um ursinho de pelúcia com intenções desconhecidas.

Desde o começo de Toy Story 3, predomina o sentimento de nostalgia. Saudade de um tempo onde era tudo mais simples. Onde brincar era a prioridade, onde passávamos a maior parte do tempo nesse mundo de fantasia. E Toy Story não deixa esse clima estragar a aventura, mas nos momentos finais, nos faz encarar a realidade da qual não há escapatória. É preciso crescer, mas nem por isso, deixar de ter essa criança dentro de nós. Mas, mais do que isso, é saber reconhecer que nossos amigos dividem o melhor da nossa vida e sempre vão estar lá para nós. Woody enfim compreende sobre quem a música tema da história trata. Afinal, essa sempre foi a mensagem de Toy Story.

Amigo, estou aqui.

Futebol no Cinema: 2 filmes ótimos e 1 vergonhoso

Futebol no Cinema: 2 filmes ótimos e 1 vergonhoso

Tempos de Copa do Mundo, lembram é claro, filmes sobre futebol. Definitivamente, não é meu gênero preferido. Agrega os clichês de qualquer filme de esportes com a diferença de atingir o público viciado pelo soccer. Por isso, destaquei dois filmes que tem uma qualidade única e um que merece o completo ostracismo, apesar da popularidade.
Vamos a eles:

Deve ver:

Kung Fu Futebol Clube (Shaolin Soccer)


Nota 10/10

Primeiro filme de sucesso dirigido por Stephen Chow (do ótimo Kungfusão) e
sucesso de bilheterias, Kung Fu Futebol Clube mostra uma equipe de mestres de kung fu que resolve aplicar seus conhecimentos da arte marcial no futebol. Protagonizado pelo próprio diretor, que na história tem um chute poderosíssimo, o filme se utiliza de forma divertida dos efeitos visuais cartoonizados para fazer movimentos impossíveis em qualquer time de futebol. Não apenas visualmente, mas em seus diálogos e estrutura do roteiro o filme é engraçado demais! Os arqui-rivais da equipe são denominados Team Evil, literalmente, time do mal. Brincar com os clichês do gênero é a regra em Shaolin Soccer e se você não assistiu, não perca essa oportunidade.

Todos os Corações do Mundo


Nota 8/10

Documentário oficial da FIFA sobre a Copa de 94 (minha favorita por ser minha
primeira), mostra jogo a jogo a trajetória do Brasil e de outros países até a final. Mais do que isso, bota o pé na estrada e acompanha torcedores do mundo e principalmente dos EUA, já que por lá, o Soccer não era muito apreciado. As jogadas em ultra-slow, os depoimentos e a boa narração e edição só podem ser descritas como emocionantes. Impossível não marejar os olhos ou sentir aquele aperto na garganta com a derrota de seleções que acompanhamos em pouco mais de uma hora e meia. No final, a alegria do Brasil é a chave de ouro para fechar o documentário, essencial para quem gosta do esporte.

O que você deveria evitar...

GOL! - O Sonho Impossível (GOAL)

Nota 1/10


Filmezinho cretino esse, hein? Um roteiro mais furado que calça de punk britânico, atuações lamentáveis e efeitos especiais cretinos, Gol! consegue tornar a experiência de um filme esportivo deplorável. A história mostra um rapaz hispânico que tem a chance de jogar no Newcastle United, na Inglaterra, após ser encontrado por um olheiro em jogo entre amigos. A história da gata borralheira é até aceitável nos primeiros momentos. Quando o garoto chega à Inglaterra, o filme dá uma guinada vergonhosa e fica entediante pouco depois. O protagonista sabe que tem apenas uma chance e sabe disso. Mesmo assim, o roteiro teima em repetir isso indefinidamente. Ele vai mal no primeiro treino. Vem o técnico e dá mais uma chance. Ele vai mal no segundo, novamente outra chance. Na vigésima vez, ah, raios, dá mais uma chance pro garoto...Se Bruno (o protagonista) fosse real, já teria virado lavador de pratos na primeira. O futebol não te dá segundas chances. Ok, adiante. Ele vai pra festas, perde a garota que ama ele e o amigo que o levou para as festas vem com lição de moral para cima dele agora??? Fora as aparições descessarimanete vergonhosas de Zidane e Beckham. Pode ficar pior? Pode. As cenas das partidas de futebol são muito mal feitas. Os atores correm artificialmente e a história termina de maneira convencional e esperada.
Um filme definitivamente desnecessário para o mundo que pretendia explorar um filão do mercado pouco visitado. Teve uma continuação mas parou por aí. Ainda bem.

Especial dia dos namorados: Os casais mais incríveis dos filmes, nos últimos 20 anos!

Especial dia dos namorados: Os casais mais incríveis dos filmes, nos últimos 20 anos!

Listas, listas e listas. Quem não adora uma boa lista?(EU!!!) Mesmo assim, decidi dar uma chance e abrir uma exceção.
Talvez seja o clima de amor no ar (não), talvez seja o fato de ter visto um filme realmente incrível (Yep, Amor em Pedaços) que me fez preparar uma lista com os casais mais incríveis/fofos/bonitos/estranhos/bizarros dos últimos 20 anos (até porque faltou muita gente ainda...). Sem mais delongas, vamos lá!

Carl e Ellie (Up - Altas Aventuras) - Eles se conhecem quando pequenos. Ela fica apenas 10 minutos no filme, mas quando sai, leva você a incontroláveis lágrimas. Difícil dizer o que Up representa na escala do amor... Esse é um casal que você gostaria de conhecer, ser amigo, ou que fossem seus avós. Mais do que isso: Nós queríamos ser como este casal. Todos somos Carls procurando nossas Ellies. Aquela que vai envelhecer conosco e aguentar nossa rabugice. Essas qualidades colocam o casal de Up no topo dessa lista.


Jesse e Celine (Antes do Amanhecer / 1995 - Pôr-do-sol / 2004) - Essa é a utópica história de amor. Duas pessoas, completamente desconhecidas, decidem se conhecer durante um dia, caminhando pelas belíssimas ruas de Viena. Ali, eles discutem seus planos para o futuro, sabendo que nunca mais se verão, após aquela noite. Ótimas atuações e diálogos repletos de sinceridade, fazem com que aqueles dois na tela sejam a personificação daquilo que sempre sonhamos. A segunda parte do filme, feita 9 anos depois, mostra o reencontro deles, agora adultos, maduros e com suas próprias vidas. Mais que isso, derrete ambos luxuriosamente para o espectador, sem qualquer dó. Nesse momento eles revelam o quanto uma noite significou na vida de cada um. Tudo expresso na bela canção "Waltz for a night". É sério, esse filme só fará sentido se você estiver com a pessoa certa, portanto, cuidado.

Clarence e Alabama / Pumpkin e Hooney Bunny (True Romance - Pulp Fiction) - Para Tarantino o amor só leva à loucura. O casal de protagonistas (Clarence e Alabama), no primeiro roteiro do diretor (True Romance) mata o chefe de uma boca de fumo, foge com uma pasta de cocaína, apanha de tudo quanto é forma, promove uma carnificina em Hollywood e faz sexo selvagem em uma cabine telefônica. Alabama é a mulher que pode transformar o mais pacato dos homens em um perfeito lunático capaz de tudo por ela. Já Pumpkin e Hooney Bunny são um pouco mais sensatos: apenas assaltam lanchonetes pela emoção de trabalharem como casal em um ramo que você só pode contar com seus comparsas. Eles pouco aparecem em Pulp Fiction, mas tem os melhores diálogos e uma das melhores cenas do filme inteiro. Tudo, da mente doentia de uma única pessoa...

Ennis e Jack Twist (O segredo de Brokeback Mountain) - Ang Lee chocou ao contar a história de Romeu e Julieta, trocando Julieta por outro Romeu. A verdade é que a competência do diretor é tanta que ele tornou o amor proibido de Ennis e Jack Twist em uma marca a ser lembrada pelo cinema por uma eternidade. Os dois cowboys gays de Brokeback Mountain não parecem se entender durante todo o filme e Ennis só descobre tarde demais que o amor é uma força verdadeiramente libertadora. Inquietante e ao mesmo tempo tocante, esse é um casal que merece figurar em qualquer lista de filmes de romance, não importa o gênero, idade ou tempo.

Jack e Rose (Titanic) - Tão fácil como dizer João e Maria, Jack, Rose e Titanic fizeram seu estrago em 1997 quando apresentaram às menininhas de todo o mundo o menino Leonardo di Caprio. A verdade é que Kate Winslet é muita areia para o caminhãozinho de Jack, mas ninguém dá bola pra isso. O romance dos dois em um navio é um sonho para qualquer mulher se lavar em lágrimas de tristeza. Não há muito o que dizer, fora que o filme pode ser resumido na bela cena de ambos se beijando na proa do navio, frente a um sol que desaparece no horizonte, levando todo o calor e representando o crepúsculo do belo casal.

Joel e Clementine (Brilho eterno de uma mente sem lembranças) - Eles eram o casal que tinha tudo para dar errado. Ele, tímido e conformado, ela, espontânea e extrovertida. Realmente, deu tudo errado. Frustrada com o relacionamento, Clementine procurou a Lacuna Inc., uma empresa que prometia retirar as desilusões amorosas (e Joel) da sua vida. Quando ele descobre, decide realizar o mesmo procedimento. Acontece que, conforme o relacionamento caminha de traz para frente nas memórias de Joel, ele começa a se arrepender de tentar esquecê-la e vai fazer de tudo para preservar pelo menos uma memória. Uma das histórias mais bizarras de amor, vinda de um dos roteiristas mais criativos de Hollywood nos últimos anos, Charlie Kauffman. Joel e Clementine têm tudo para dar errado. Mesmo assim, decidem dar outra chance a eles, sem se importar com o que pode acontecer.

Harold Crick e Anna Pascal (Mais estranho que a ficção) - Harold Crick era um fiscal da receita, que levava uma vida monótona até o dia que ouviu uma voz narrando sua vida. Aos poucos, ela começa a confrontá-lo com a bela Ana Pascal, uma padeira que deve ao governo e quando Harold Crick começa a se apaixonar por Ana, descobre que irá morrer em breve. Na luta por tentar descobrir quem escreve o livro da sua vida, Crick vai aprender que mais do que simplesmente ter uma vida é preciso viver ela. A história lembra um pouco Brilho Eterno e Will Ferrel mostra talento, com Maggie Gyllenhaal, em um papel sério que vai fazer você rever a sua vida.

Amélie Poulain e Nino (O Fabuloso Destino de Amélie Poulain) - A endiabrada garota que decide consertar a vida de todos, esquece de arrumar a própria vida. Ela encontra o álbum de um estranho, mas não consegue de forma alguma encará-lo. Parece condenada a viver eternamente solitária. A cena final(não há spoilers) resume todo o filme:




Mr. Darcy e Elizabeth (Orgulho e Preconceito) - Clássico da literatura inglesa de Jane Austen, Orgulho e Preconceito foi adaptado para o cinema por Joe Wright e logo tornou-se um fenômeno. O filme tem um clima único e repete uma das histórias de amor mais conhecidas do século. Elizabeth vive em uma família onde só nasceram garotas. Ela, é a mais inteligente e não acredita no amor. Quando um jovem rico vem morar na cidade, ela conhece Mr. Darcy, melhor amigo do jovem e um homem tão ranzinza quanto ela, que parece querer estragar o namoro de sua irmã. O acaso e o destino jogam o casal de um lado para o outro, lutando contra antigos dogmas da sociedade e mesmo da natureza dos dois até que enfim, nos últimos segundos do filme, o beijo faz todos na sala se renderem ao amor verdadeiro. Não há filme melhor para o dia dos namorados...

Chris e Annie (Amor Além da Vida) - Um casal se conhece, casa e tem filhos. O amor de Chris e Annie nunca pareceu encontrar barreiras, os dois sentiam como se estivessem destinados a ficar juntos para sempre. Mas um acidente que mata os dois filhos abala profundamente a relação. Annie se afoga na depressão e Chris, no trabalho. Chega o dia de uma dura decisão: o dia do D duplo. Ou eles realizam o divórcio ou decidem tentar novamente na vida. Eles ficam juntos. E Chris morre. No céu, descobre ter uma ligação especial com Annie por ambos serem almas gêmeas e presencia o suicídio da sua esposa. Resta agora a ele, desistir do paraíso e buscar o amor de sua vida nos abismos do inferno, podendo perder-se por lá para todo o sempre. É uma história visualmente belíssima e uma história de amor que derruba qualquer certeza sobre céu e inferno, vida e morte. Provavelmente o casal mais corajoso de toda essa lista.

Lola e Manni (Corra Lola Corra) - Lola não via sentido na vida, até conhecer Manni. Agora, ela tem 20 minutos para entregar 100 mil marcos ao chefe de uma quadrilha para que ele não mate seu namorado. E se não conseguir na primeira vez, é só começar tudo de novo. Filme alemão excêntrico e genial, com um casal que lembra até personagens de Tarantino. Uma garota desesperada para salvar o amor de sua vida que não se importa de ser baleada, atropelada ou até rejeitada pelo pai. Desde que não pare de correr por sequer um minuto...

Barry e Lena (Embriagado de amor) - Quem olha Adam Sandler, não o vê protagonizando uma das comédias mais densas da década. Talvez por isso o público não tenha entendido o ótimo Embriagado de Amor. Sandler é um homem cheio de tiques nervosos, oprimido por sete irmãs, que começa a ser perseguido por um dono de tele-sexo, enquanto junta milhas de avião comprando pudins e conhece o estranho amor de sua vida. Lena é misteriosa mas parece dividir o estranho masoquismo de Barry. O estranho amor dos dois dá uma guinada quando em um ataque de capangas, Lena é ferida e Barry usa um pé-de-cabra e anos de fúria contida para abater 3 caipiras em uma das melhores cenas do filme. A declaração de amor dos dois é única e incontestável...
Barry diz: Você é tão linda. Eu te amo tanto que quero destruir seu rosto com uma marreta.
E ela responde: Amo você tanto que quero arrancar seus globos oculares, chupá-los e depois dar um soco nas suas bolas.
Simplesmente lindo.

Adam e Kate (Amor aos pedaços) - Díficil achar um casal com tanta química em cena quanto Jon Favreau e Famke Janssen em Amor aos pedaços. Eles simplesmente funcionam muito bem. Os diálogos são naturais, os problemas são de verdade, eles são engraçados e dramáticos. O filme tem erros de direção, acaba de maneira confusa e até é previsível, mas e daí? Ajuda ainda o fato de o espectador desenvolver de tal maneira uma identificação com o personagem que é impossível não torcer loucamente pelos dois. Começa pelo fato de Favreau não ser um galã. Nenhum homem que assistir o filme vai se sentir intimidado por barriga de tanquinho ou qualquer outra coisa do gênero. Ele é gordinho! Mesmo Famke não é o estilo de mulher normalmente protagonista de comédias do tipo. Ela é alta demais e magra demais. Nem por isso deixa de ser desastradamente sensual com seu pé 41. Os diálogos inspirados e as situações que o casal passa fazem parte do cotidiano e econtrá-los é quase como assistir a si mesmo. O filme pode ser resumido em uma conversa que Adam e Kate tem, onde comentam que quando as pessoas ficam velhas, dizer "eu te amo" é como dizer "sanduíche de queijo". Adam então olha para Kate e pouco antes de beijá-la, declara: "Eu te sanduíche de queijo".