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A Lenda dos Guardiões - Diretor de 300 e Watchmen aposta em animação adulta para renovar o gênero

A Lenda dos Guardiões - Diretor de 300 e Watchmen aposta em animação adulta para renovar o gênero

NOTA: 8,5 / 10

Aventura/Fantasia/Animação
EUA/Austrália. 90 min.

Direção:
Zack Snyder

Roteiro:
John Orloff, Emil Stern, Kathryn Lanski

Elenco:
Jim Sturges, Ryan Kwanten, Helen Mirren, Emilie de Ravin, Hugo Weaving, Sam Neil

Adaptar um livro para o cinema pode estar entre as tarefas mais estressantes já criadas. Primeiro, você tem que condensar uma história lenta e longa os bastante para preencher um livro, preservando pontos principais, mas simplificando a narrativa para que o público espectador se identifique em 1h40 com os personagens que leitores degustaram por semanas. Mais do que isso, tem que agradar os fãs e cativar os novatos. A adaptação então consiste em não apenas transpor o livro para o cinema, mas sim, em criar uma nova história com os elementos conhecidos. E é por isso que tantos naufragam nessa tentativa. Aliar uma boa história também depende da capacidade do diretor em saber manter o pulso firme nos pontos mais relevantes. E nesse caso, A Lenda dos Guardiões sai na frente com bons personagens e a competência habitual do diretor Zack Snyder que transforma um livro aparentemente infantil em uma história para adultos e crianças.

Soren é uma coruja que desde cedo foi criada ouvindo as lendas dos Guardiões de Ga'Hoole. Quando acidentalmente ele e seu irmão caem do ninho onde vivem, se descobrem em um mundo onde as lendas são verdadeiras e o mal é maior do que se imaginou.

Novamente Zack Snyder dirige um trabalho que não escreveu, adaptado de uma série de livros de sucesso em 2005. A produção ganha em ousadia pois o diretor sabe como tornar uma história sombria o suficiente sem cruzar a tênue linha da violência explícita, visto que as batalhas entre corujas no livro tendem a ter inúmeras lacerações e sangue espirrado. Snyder sabe dominar também a tecnologia 3D que neste filme permite a visualização de cenários excepcionais, vôos com profundidade e o mais interessante de tudo, a marca do diretor: O Slow Motion. Como fã da técnica e do diretor, nunca canso das cenas com esse efeito e A Lenda dos Guardiões tem overdoses do estilo. Slow em tudo, até em algumas cenas banais, mas dane-se, o resultado é incrível. Snyder também consegue imprimir as diferenças plásticas e psicológicas entre os personagens ao representar cada um com suas diferentes representações na tela. O exército de St. Aeggis é sinistro como os 300 de Esparta, enquanto os guardiões, não menos estilosos, utilizam suas navalhas e capacetes de forma a usar a luz como arma.

No elenco, é difícil julgar visto que a cópia disponível era dublada. Nada que comprometa o filme, mas fica difícil levar a sério a cobra-cega, Mrs. P. Com uma voz infantil e uma modelagem bastante estranha, não consegui me acostumar com ela, apesar de sua importância na série de livros. No mais, a animação dos personagens, que já era excepcional em Happy Feet, filme anterior do estúdio, continua muito boa. Aliás, a textura dos personagens consegue ser ainda mais real que a do primeiro filme e sua movimentação é algo que poucos estúdios conseguem atualmente.

Como falei antes, realizar uma adaptação é sempre complicado. Acompanho a série há pouco mais de um mês. Nos primeiros minutos, pude notar que o filme toma um rumo diferente dos livros. É difícil entender essa mudança, mas aos poucos ela faz sentido. E não apenas isso, mas cria sua própria mitologia, coerente e que agrada por justamente surpreender todos os espectadores. Nos pontos onde o livro torna-se didático ou desinteressante, o filme passa de forma rápida e interessante. Lamenta-se, infelizmente, que alguns pontos fortes também foram esquecidos, como a tortura psicológica de St. Aeggis e alguns outros momentos fracos e clichês do gênero, repetidos.

Ainda assim, A Lenda dos Guardiões mantém um nível e cria um novo rumo para as animações. Tira do cenário infantil e começa a posicioná-la de forma a recuperar seu elemento de entretenimento para todos. Não se acovarda pelas cenas fortes. Mesmo quando entra o clichê que todos esperam a história toma outro rumo muito mais intenso e deixa um gancho inteligente no final do filme. Essa introdução de diretores conhecidos por filmes que em nada se assemelham com a cultura infantil transforma as animações em uma mistura bastante curiosa.

Se algo tira um pouco do encanto do filme é a trilha sonora, que além de suave demais para o teor da história, não parece se encaixar em nenhum momento. Fora isso, vale curtir o filme e ainda ganhar de brinde, a exibição de um curta do Coyote e Papa-Léguas, bem no estilo Warner Bros. de antigamente.

Um comentário:

Natalia Xavier disse...

Qdo vi o trailer nao botei tanta fé no filme. Mas parece bem mais interessante...

abs