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O Hobbit - A versão 2.0 do cinema

O Hobbit - A versão 2.0 do cinema
Nota: 10




Eu lembro que assisti Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel, em duas fitas vhs locadas na minha cidade. Não esperava muito. Me surpreendi. Fiquei hipnotizado. Fui absorvido. Era uma visão do fantástico catártica, elevava os filmes do gênero a outro nível. Nunca mais um filme épico seria igual, Peter Jackson garantiu isso. Foi uma trilogia perfeita, provavelmente, o que Star Wars simbolizou em uma outra época, O Anel marcou a geração dos anos 2000. E quase como Star Wars, a trilogia tornou-se um projeto de hexologia. Mas O Hobbit não tem nada da decepção que foi a Ameaça Fantasma. Pelo contrário, é provavelmente um novo patamar no cinema épico. Provavelmente o melhor filme de fantasia já feito.

Antes de Frodo, Bilbo Bolseiro participou de uma aventura quase tão épica quanto a da Sociedade do Anel. Junto com um grupo de anões, o relutante hobbit, parte em direção a Montanha Solitária, na tentativa de reaver o tesouro e o lar de toda uma civilização. Mas, antes, um dragão terá que ser derrotado.

Diferente do que costumo relatar em minhas críticas, vou enfatizar os pontos fracos do filme antes de me aprofundar nos pontos positivos. Em relação ao excelente livro de J. R. R. Tolkien, O Hobbit difere em alguns pontos que compõe a personalidade do Bolseiro e que considero fundamentais para a narrativa. Existe uma dualidade poderosa em Bilbo, uma guerra entre o lado Tûk  e o lado Bolseiro, que senti falta nessa primeira parte. O protagonista ficou meio esquecido entre a grandiosa história de Torin, as proezas de Gandalf e até quando ganha espaço maior, no duelo de adivinhas, Gollum e sua atuação soberba digital se sobressai. Uma pena. Martin Freeman é um grande ator que poderia levar o filme nas costas se necessário.

O filme também simplifica as lições disseminadas pelo livro para tornar cada parte independente. Heroísmo piegas, resoluções simplistas quase são um problema ao longo das quase três horas de projeção e poderiam diminuir a qualidade de O Hobbit, não fosse suas curtas durações.

Acho que é isso.

Peter Jackson conseguiu novamente. Melhor, ele criou um novo limite no que se refere a adaptações, efeitos especiais e cinema blockbuster. Na adaptação, o filme reúne não apenas a linha principal do livro, mas se dá ao luxo de utilizar seu tempo para investigar inclusive os subtextos e histórias secundárias que despertam completamente o interesse do leitor, e, nesse caso, espectador. Radagast, o mago marrom, tem espaço de sobra na tela para mostrar seu bom humor e sua própria mitologia. Gandalf, o cinzento, mostra porque era tão temido e amado, e muito mais interessante do que sua versão como Gandalf, o branco, que sempre considerei bem insossa. Mais do que isso, o tom do filme é divertido como o livro, as canções são emocionantes e tudo isso levando adaptação a um nível de fã doentio.

Os efeitos especiais, desde a abertura arrebatadora nas cavernas dos anões, aos flashbacks (que você anseia recorrentemente durante a projeção), superam as cenas de batalha de O Retorno do Rei inclusive. A fuga pela caverna de orcs é outro momento que mistura a aventura de Goonies, com a linguagem videogame de tantos jogos de aventura e a emoção de uma montanha russa. O que nos leva às criaturas digitais. O Rei Orc da caverna e o Rei Orc de Moria seriam o suficiente para apavorar o Peter Jackson de 2001 com a perfeição sutil de suas interpretações. Mas ele vai além. A briga dos trolls é crível. Dá nojo e até pena. O Gollum está fenomenal. Andy Serkis faz por merecer uma indicação ao prêmio de melhor coadjuvante. É crível, conquista nos detalhes, nas expressões.

Por fim, tornar a história divertida e agradável ao público comum é a cereja do bolo de Peter Jackson. Quem é fã, vai amar. Quem só assistiu os filmes, vai delirar. Quem se apaixonou por O Senhor dos Anéis após os 180 minutos de duas fitas VHS, vai entender, que a nova trilogia, pode ser a maior aventura de sua vida.

Um comentário:

papi disse...

Eu estava receoso com a ideia do Peter Jackson em realizar três filmes, mas ele acertou em cheio. Concordo basicamente com tudo o que você falou, a única coisa que não é o Radagast. Apesar desse mago sempre ter me despertado curiosidade, achei que a representação dele deixou a desejar.

Sobre o Martin Freeman, tb acho ele ótimo. Acredito que nosso amigo Bilbo vai crescer nos próximos filmes e o Martin Freeman tem tudo pra se destacar mais.


Abraços!

/bruno knott
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