Nota: 9,4 / 10
The Road
EUA , 2009 - 111
Suspense / Drama
Direção:
John Hillcoat
Roteiro:
Joe Penhall, Cormac McCarthy (livro)
Elenco:
Viggo Mortensen, Kodi Smit-McPhee, Charlize Theron, Robert Duvall
Na história, um pai e um filho peregrinam por um mundo pós-apocalíptico em busca de comida, abrigo e um lugar seguro para sobreviver.
Sobreviver. Não existe nesse mundo (que parece ter sofrido um grande terremoto e agora passa por constantes tremores) indícios de felicidade, esperança ou mesmo salvação. Cada barulho é o prenúncio de um novo perigo. Ninguém é confiável. Apenas pai e filho contra tudo. Desde os primeiros frames, o ar de desespero e caos predominam. A mão do diretor conduz um roteiro fiel ao livro e impõe uma fotografia fria e cinzenta. Não há suavidade. Cortes secos, sujeira, e mesmo um arco-íris parece desbotado. John não poupa na riqueza de detalhes e cria momentos de suspense sufocante e perseguições que deixam o espectador grudado na cadeira.
Nesse mundo, a falta de comida e de animais é tão violenta, que a única fonte real de alimentação é a carne humana. Grupos de pessoas caçam seus compatriotas para aplacar a fome e não poupam crueldade. Em determinada cena, os protagonistas apenas assistem incólumes uma mulher e seu filho serem perseguidos e assassinados por canibais.
Viggo Mortensen(Senhor dos Anéis, Senhores do Crime) é um personagem machucado e sombrio. Desde a morte da mulher, sua única obsessão é ajudar o filho a sobreviver. Para isso, condena qualquer tipo de laço com andarilhos que possam ser criados e não poupa hostilidades com aqueles que cruzam seu caminho. Seu revólver na cintura tem apenas duas balas. Ele se pergunta se terá coragem de utilizá-la no filho quando forem capturados. Mortensen é brilhante ao revelar as fraqueza e a moral destruída que esse homem carrega. Volta e meia, relembra com nostalgia o passado pré-crise, momento em que seu filho sequer chegou a conhecer.
O garoto, como toda criança, ainda carrega uma chama de esperança em uma humanidade que não existe mais. Acredita que ainda existem pessoas boas e tenta acreditar que tudo pode acabar bem. O homem mantém apenas fé na criança. Seus laços são tão fortes que não consegue enxergar além, cego para o próprio conceito de homens bons que tanto prega.
Essa viagem densa ao centro da condição humana torna A Estrada um dos melhores filmes de ficção pós-apocalíptica já construídos. É exemplar a forma como nos sentimos destruídos ao final da projeção. Estamos condenados por nossa própria natureza.