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Valente - Nova animação da Pixar de novo deixa a desejar

Valente
7/10


Em 1995, a Pixar, um estúdio que começava seus trabalhos em parceria com a Disney, lançou o primeiro filme em computação gráfica da história do cinema, Toy Story. Muitos anos e seis Oscar de melhor animação depois, a situação é completamente inesperada. A empresa se fundiu com a Disney, dominou o mercado de filmes animados e seus criadores já migraram inclusive para produções live action, tamanho o respeito que a empresa conquistou com uma base de fãs aficcionados e produções que inclusive disputaram palmo a palmo premiações com filmes do cinema tradicional. Toy Story 3 foi o ápice. A primeira animação a quebrar a barreira do bilhão de dólares, uniformidade da crítica mundial, um filme de qualidade indiscutível e que traçou um padrão problemático para a empresa: como superar? Carros 2 foi um baque forte para a Pixar. O completo oposto de Toy Story 3. Valente, desde o primeiro trailer, prometeu resgatar o "elemento Pixar" que surpreendeu o mundo desde sua criação. Começando pela primeira protagonista feminina da empresa, passando por um tema difícil de não atrair a atenção (cenário medieval, magia e mitologia céltica).

Merida é uma princesa cansada de ser tratada como tal. Ela quer mais do que aquilo que sua mãe planejou para ela. E para isso, pede para uma bruxa mudar seu destino. O problema é que, pra variar, o feitiço sai errado.

A direção é de Mark Andrews, Brenda Chapman e, ainda, Steve Purcell. A divisão entre diretores é algo comum nas produções da Pixar e já alcançou ótimos resultados. Neste caso, Chapman é a única com experiência em longa-metragens, vinda de O Príncipe do Egito, animação em 2D da rival DreamWorks. O problema começa pelo fato de que Chapman saiu do filme em 2010, devido a divergências criativas. Logo, essa mudança se torna visível na produção.

Valente começa de forma divertida, rápida, irreverente e conseguem capturar a atenção do espectador. Aos poucos, as piadas de humor físico e a predileção por personagens fofinhos e inclusive canções(algo que até então era apenas pano de fundo nos filmes da Pixar) acabam por criar desconfiança no espectador sobre o destino que a história deve tomar. É quando surge a reviravolta que irá determinar o rumo do filme da metade em diante e, quando ela acontece, é decepcionante.

Talvez, o pior defeito de Valente seja o potencial desperdiçado. Os bons personagens, a trama, que apesar de já observada em tantos outros filmes da Disney, tem momentos de tirar o fôlego (o torneio de arco e flecha tem uma cena Robin Hoodiniana de dar inveja) e a sempre esmagadora qualidade visual da Pixar, não seguram o filme quando ele deslancha para o processo de restauração familiar que a mãe a filha precisam passar. Todo o tom de bravura do filme acaba por tornar-se quase uma comédia romântica, com situações engraçadinhas, mas sem peso dramático e muito menos um final climático. Basicamente o mesmo background foi trabalhado em Como Treinar o Seu Dragão, mas ali sim, com um crescimento ritmado até culminar em um final épico que condiz com o resto do filme. Valente tem um ou outro momento de tensão, mas ao final da sessão a impressão que fica é de que tudo foi feito com pressa e sem a escalada adequada. A conclusão do filme, que acaba se rendendo ao piegas também não ajuda e acaba por, novamente, não cumprir as expectativas criadas pela Pixar.

No fim, Valente ainda consegue ser um filme diferenciado, mas longe de se comparar a outras produções da Pixar, que no próximo ano tenta mais uma vez retornar a suas origens com a continuação de Monstros S.A.. Uma pena que as histórias originais andem em falta, mas que ao menos, ela reencontre seu caminho.

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