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Quanto menos, melhor... – Uma crítica ao Festival de Gramado

Em entrevista, o crítico de cinema Carlos Merten declarou que deixou de vir a Gramado durante vários anos, justamente porque a cidade não se importava com o cinema, mas com as estrelas que passavam pelo tapete vermelho. Essa mudança do foco, fez com que o Festival chegasse a beira do fracasso total. Nos últimos anos, no entanto, a organização conseguiu melhorar um pouco esta situação, exibindo filmes de melhor qualidade e investindo no cinema independente. Julio Bressane realçou essa crítica, declarando ao receber o troféu Eduardo Abelin, que finalmente o Festival deixou de ser ranzinza com o cinema marginal e a apostar nesses filmes.
A verdade é que, por mais necessária que seja essa mudança, ela ainda vai demorar pra ser total. Boa parte dos filmes exibidos no Festival, pecam em qualidade por ganharem em elenco de reconhecimento nacional. As coletivas de imprensa com melhor qualidade e com melhor elenco, normalmente não refletem um melhor filme. Na tentativa de se auto-afirmar, produtoras enviam seu “The Best Of”, para atrair investidores e tentar arrecadar a confiança e carinho do público. Até o momento, os melhores filmes em exibição nesta edição, foram aqueles, onde estiveram presentes poucos membros do elenco e direção. Durante os intervalos, os apresentadores(devidamente, globalizados), realçam a presença das “estrelas” que estão no evento. O medo reflete-se também em coletivas e debates, onde os próprios jornalistas têm receio de expor sua opinião à respeito de algum longa, pela censura dos próprios colegas e elenco do filme.
Na exibição do longa nacional Pachamama, viu-se claramente quanto do público realmente estava interessado no cinema, quando muitos abandonaram a sala, por não entenderem o documentário. O saguão do palácio de Festivais é mais uma vitrine social, do que uma vitrine do cinema nacional...

2 comentários:

Juliane Soska disse...

achei legal o Bressane dizer que o mesmo festival que há anos o "apedreajava", agora o premia...
mais uma daquelas ironias que nem Freud Flingstone explica...

Juliane Soska disse...

achei legal o Bressane dizer que o mesmo festival que há anos o "apedreajava", agora o premia...
mais uma daquelas ironias que nem Freud Flingstone explica...