Aglomerando

Aglomerando - Agregador de conteúdo

Atividade Paranormal - O fenômeno não consegue superar o original


Atividade Paranormal - O fenômeno não consegue superar o original

Paranormal Activity
Nota 5 / 10

2007, 86 min.
EUA / Horror
Direção:
Oren Peli
Roteiro:
Oren Peli
Elenco:
Micah Sloah e Katie Featherstone

Uma das primeiras cenas de Atividade Paranormal mostra a porta do quarto mexendo lentamente enquanto o casal dorme. A platéia se prepara. Fade. O casal analisa. Na outra noite, nada acontece. A platéia desanima.

Um casal é atormentado por estranhos barulhos durante a noite. O namorado decide então, gravar com uma câmera e microfones especiais o que acontece. O resultado é uma experiência perturbadora sobre o único lugar onde nos sentimos seguros: nossa casa.

Ou melhor, deveria ser. Falta ritmo ao estreante Oren Peli, que diz ter gasto apenas 15 mil dólares na produção do filme. O plot é genial: acabar com a sensação de segurança em qualquer lugar. A bruxa de Blair se passava em uma floresta abandonada. REC e Cloverfield revisitavam mitologias do cinema de terror de uma nova forma, mas ainda distante. Mas o quarto de uma pessoa tem o quê de lugar sagrado, intocável. Ter uma força penetrando nesse recinto é quase uma violência psicológica. Fato que já foi mostrado com muita maestria pelo genial Tobe Hopper em Poltergeist. Mas os cortes lentos de câmera, junto às fracas atuações, tornam Atividade Paranormal, uma decepção.

O filme mantém uma linha narrativa com poucos ápices e quando constrói a tensão, ela é rapidamente quebrada por repetições exaustivas e mudanças desnecessárias na história. Outras cenas que realmente assustam(e, infelizmente, estão todas no trailer), não são aproveitadas tão bem como deveriam. Quando chega o momento final, são apenas 3 minutos de tensão elevada e pequenos sustos. Atividade Paranormal pode até ser assustador, mas só para quem não está acostumado com filmes de terror.

O ponto de maior interesse nesse tipo de filme, gravado com câmeras portáteis em forma de realidade é a tensão e o assombro que causam nos espectadores. Parece que ao sair dos estúdios limpos e preparados e tomar um personagem como seu alter-ego, ele causa uma interação quase sincrática com o espectador. A bruxa de Blair iniciou com uma campanha viral que enganou boa parte das pessoas que assistiram o filme, fazendo-os acreditar que o fato realmente acontecera. Acompanhar tudo em primeira mão com um final espetacular deixou este crítico, na época, alguns dias sem dormir direito. REC e Cloverfield conseguem criar o mesmo sentimento, com a mesma sensação de um jogo onde o espectador parece ter algum poder, e ao mesmo tempo é vulnerável.

Por mais fraco que Atividade Paranormal seja, por justamente causar um distanciamento com a câmera, as últimas cenas vão deixar você com uma leve suspeita na hora de dormir, o que mostra o poder das handycams no imaginário cinéfilo.

Nenhum comentário: