Diretor de talento excepcional, Darren Aronofsky sabe como ninguém conduzir atores e posteriormente, enchê-los de prêmios. Foi assim com Ellen Burstyn, em Réquiem Para um Sonho, e é assim com Mickey Rourke. Ator famoso nos anos 80, enfrentou uma série de problemas na década seguinte, e passando por más escolhas, acabou por encerrar uma carreira de impacto no cinema. Tudo por tentar realizar o sonho de sua vida e ser um lutador de boxe. Depois de papéis pequenos em várias produções recentes, finalmente veio sua chance de redenção. E é ela que o coloca no lugar mais alto novamente.
A história acompanha Randy "The Ram" Robinson, lutador veterano de luta-livre, que teve um passado glorioso, mas continua na ativa sem tanto sucesso. Apesar de trabalhar em um emprego humilhante de supermercado, Randy ainda se prepara durante toda a semana, tingindo o cabelo, fazendo bronzeamento artificial e usando anabolizantes para fazer aquilo que sabe nos finais-de-semana. É numa dessas lutas que ele sofre uma parada cardíaca e é aconselhado pelo médico a não lutar mais. Mas, surge a oportunidade de uma revanche com seu mais antigo inimigo, o Aiatolá.
Longe de todos os experimentalismos realizados pelo diretor em seus diferentes filmes, O Lutador opta por um tipo mais cru de filmagem. Como se fosse um documentário, a câmera segue o ator, filmando ora por cima de seus ombros, ora fora de enquadramento, deixando que a opoluência e presença de Rourke faça o seu trabalho. O roteiro é bem delineado com ótimas falas, que revelam mais sobre esse personagem em busca de redenção.
A primeira comparação que surge a mente, é obviamente Rocky Balboa. Mas, no decorrer do filme nós vamos descobrindo que ambos são personagens bem diferentes. E Randy vive em um mundo muito mais cruel e real do que Rocky. Trabalhando em um balcão de frios, ele tenta manter o bom humor e trabalhar na reconstrução de sua vida longe das lonas. Reencontra a filha que abandonou desde jovem, tenta construir uma família por uma stripper que é apaixonado.
É no decorrer dessas experiências que descobre um mundo mais egoísta que ele mesmo construiu durante anos, e que agora retribui na mesma moeda. The Ram, sabe desde o começo qual o seu lugar. O lugar onde é amado e reconhecido. São os maravilhosos os momentos finais do filme.
A atuação empenhada de Rourke chega ao clímax nos minutos finais. A redenção do lutador? Ou sua derrota? Em um último momento ele ainda olha para o lado em busca de um fio de esperança que o tire dali. Mas é em vão. Randy está no seu lugar. E ninguém jamais irá tirá-lo agora.
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