Como no ano passado, este ano participo da exibição dos concorrentes no Festival de Gramado, tanto latinos, quanto brasileiros. Começando no domingo, até o momento foram 6 filmes exibidos, dentre os quais, não assisti ao documentário brasileiro Cildo, em virtude de um churrasco com o pessoal do FL. Mesmo assim, nesse ano, a seleção de longas brasileiros tem deixado a desejar, como você confere agora:
Memórias do subdesenvolvimento, de Tomás Alea: Fora de competição o filme é considerado o melhor da cultura ibero latino americana. E não sem razão: No ápice da revolução cubana, ele contesta não somente o sistema capitalista, mas mesmo os problemas que a revolução socialista traz em seu ventre. E mesmo assim, foi exibido tanto em Cuba quanto na união Sovitética. Infelizmente, a sala praticamente vazia não agradou quem pretendia apenas conseguir um pedaço da global Dira Paes, homenageada da noite.
Quase um Tango..., de Sérgio Silva: A história de um homem que sai do campo em direção à cidade, depois de ser abandonado pela mulher, contava com Marcos Palmeira no elenco e o veterano Sérgio Silva por trás das câmeras. Resgistrado com ótima fotografia em câmeras digitais, o filme perde força em diálogos fracos e resoluções confusas, mas a competência dos atores gera carisma. Filme bom, mas poderia ser muito melhor. Vale ressaltar que a falta de nudez nos filmes do diretor pode representar uma perda da autoralidade e mesmo da independência de Sérgio.
A próxima estação, de Fernando Solañas: A crise no sistema ferroviário argentino após sua privatização, faz parte de uma série sobre a Argentina contemporânea do diretor. Apesar da longa duração, o curta pede um levante da população contra a falta de punição contra um governo agressivo e vendido. O tom irônico de certas passagens, mais a fotografia belíssima captam o espectador e o levam pra dentro da história cheia de incertezas e desgraças que não só nossos vizinhos, mas nós mesmos estamos passando.
A Canção de Baal, de Helena Ignez: Fomos avisados: esse seria o filme mais polêmico do Festival. Alguns amariam, outros odiariam. Faço parte daqueles que odiaram. Sem nexo, com diálogos teatrálicos e situações desnecessárias a diretora conseguiu extrair um sentimento dos presentes: o tédio. É o típico filme que as pessoas não dizem que não gostaram, por terem medo de serem taxadas de ignorante. Mas, não se engane: ele é ruim mesmo. Nos debates, quando confrontada, Ignez apenas repetia "não entendi...". Nós também não, Ignez.
A teta assustada, de Claudia Llosa: O melhor filme do Festival. Sensível, com uma bela fotografia, o ganhador do Festival de Berlim surpreende pela simplicidade, a calma e a excelência técnica que apresenta. A história mostra Fausta, uma peruana afetada pela doença imaginária que dá título ao filme, e que é transmitida pelo leite materno de mulheres estupradas durante a guerra. Aprisionada por esse medo e com a morte repentina de sua mãe, ela vai descobrir aos poucos que o medo é apenas uma escolha. Aplaudido com o entusiasmo da casas cheia, o filme é consagrado em Gramado como um dos melhores do ano.
Esse é o resumo dos 3 primeiros dias do Festival. Voltamos em seguida!
Um comentário:
Uau, Misael! Quase chegando aos seis mil acessos... Legal!!! "Cildo" é o documentário sobre Cildo Meirelles?!? Eu queria ter visto... : )
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