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Fúria de Titãs - Remake digitaliza clássico do stop-motion... e só.

Fúria de Titãs - Remake digitaliza clássico do stop-motion... e só.

Nota: 5 / 10

Clash Of Titans
EUA, Aventura.
118 min.

Direção:
Louis Leterrier

Roteiro:
Travis Beacham, Phil Hay, Matt Manfredi, Beverley Cross

Elenco:
Sam Worthington, Ralph Fiennes, Liam Nesson

Até o final do ano passado, Sam Worthington não era uma cara recorrente em Hollywood. Apesar da presença em Terminator 4, ele veio a ser reconhecido como o Jake Sully de Avatar. Logo, outros projetos com seu nome começaram a tornar-se foco dos grandes veículos de comunicação. O primeiro foi Fúria de Titãs, refilmagem do clássico de efeitos stop-motion de 1981. A direção seria do irregular diretor francês, Louis Leterrier(Carga Explosiva 1 e 2, O Incrível Hulk), que sabe como conduzir uma boa ação, mas não sabe dirigir um bom filme. Os trailers empolgaram o público que ao sinal de primeiras críticas negativas, não reagiu bem à imprensa especializada. Apesar do sucesso de bilheterias, o filme provou que de boas intenções não se faz cinema.

A história acompanha o semideus Perseu, em vingança contra o Olimpo, principalmente o deus do mundo inferior Hades. Ele tem dez dias para descobrir como destruir a arma secreta dos deuses, o Kraken, antes que a princesa Andrômeda de Argos, seja sacrificada.

A grande polêmica do filme foi sua apressada conversão em 3D e como ela havia deformado as cenas. A verdade é que isso é quase impossível de se distinguir. A diferença para outros filmes no formato quase não existe. Mesmo assim, ele não foi preparado para esse tipo de cinema e o que acontece é que as cenas são tão cortadas ou tão rápidas que o efeito 3D falha em muitos momentos. Em compensação, na batalha com o Kraken, é possível sentir o bafo do monstrengo na sua cara...

O grande defeito da direção é justamente perder o ritmo entre uma cena de ação e outra. Muita conversa, diálogos cheios de efeito e grandiosos, arremedados por draminhas pessoais que não colam, desviam o filme do seu potencial de ação. E mesmo quando as cenas de luta acontecem, os efeitos parecem terem sido feitos na pressa e mal acabados.

O elenco é reforçado de estrelas: só pra apontar os mais famosos, estão lá Liam Nesson(o Aslam de Crônicas de Nárnia) e Ralph Fiennes(Voldemort, de Harry Potter), impecáveis como os irmãos Zeus e Hades. Outras pontas ficam em aberto, como Poseidon, que tem apenas uma fala no filme, e mesmo assim, uma das mais importantes. Worthington mostra que é o herói do ano e o rosto dos blockbusters, mas sem muito brilho. Por fim, as mulheres do filme que pouco fazem, mas são lindas.

O problema de Fúria de Titãs é ser politicamente correto em uma época em que God Of War, o sangrento jogo para Playstation, tem uma visão muito mais sádica e blasfema da mitologia grega. Perseu e Kratos buscam por vingança. Mas Kratos não tem limites. Seu crime é imperdoável(ele foi iludido por Ares e matou sua mulher e filha), sua vingança não tem fim. Nesse contexto, a sanguinária aventura joga tripas, sangue e vai atrás dos deuses até que não sobre pedra sobre pedra no Olimpo. Já Perseu, tem sua família assassinada por Hades, mas não nos faz sequer sentir raiva do deus. O que parece é que há uma associação entre o Deus cristão e Zeus e com isso em mente, a produção decidiu poupar também o Olimpo. Falta ousadia a Fúria de Titãs. Falta a busca de uma produção mais adulta. Mas, acima de tudo, falta um roteiro que tenha a capacidade de honrar um clássico da década de 80, que continua superior ao remake digitalizado.

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