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Tudo pode dar certo - Pessimisticamente otimista

Tudo pode dar certo - Pessimisticamente otimista

Nota: 9,5 /10

Whatever Works
EUA , 2009 - 93 min.
Comédia / Romance

Direção:
Woody Allen

Roteiro:
Woody Allen

Elenco:
Larry David, Evan Rachel Wood, Patricia Clarkson, Ed Begley, Conleth Hill, Michael McKean, Henry Cavill, Jessica Hecht, John Gallagher, Carolyn McCormick, Christopher Evan Welch



Woody Allen é um dos poucos diretores que continua sendo absolutamente autoral. Suas produções não estabelecem paradigmas estéticos, nem revolucionam a narrativa cinemática. Seus personagens e diálogos, no entanto, são profundamente marcantes e originais. É na simplicidade, em histórias interessantes e curiosas que ele mostra porque é um mestre da 7ª arte. Sempre com bom humor, seus personagens normalmente pessimistas discorrem sobre a futilidade da vida, do mundo e do amor. Quem poderia interpretar alguém tão chato quanto o escritor do filme? Somente o próprio. Por isso, em seus primeiros 20 anos, Woody Allen representou ele mesmo em boa parte de seus filmes. Dessa vez, só mesmo outo pessimista para assumir a carga do nova iorquino ranzinza: ninguém melhor que Larry David, co-criador de Seinfeld: a personificação do homem de meia idade irritantemente provocador.

Tudo pode dar certo é uma história otimista: Boris Yellnikoff é um velho rabugento, indicado ao Nobel de física, que deixa uma garota dormir em sua casa por uma noite. Ela continua morando com Boris por algum tempo, até revelar que está apaixonada por ele.

O filme começa com Boris dissertando sobre o mal que a religião representa sobre a sociedade moderna. É um assunto que voltará mais vezes em debate ao filme, mas já demonstra o tom que o personagem irá assumir como, principalmente quando menospreza todas as outras pessoas com quem convive. A direção é sempre minimalista. Se Woody Allen poupa em efeitos de transição ou ferramentas visuais, aplica todo o caráter cartunesco na direção de seus atores. É um desfile de personalidades tão marcantes quanto a anterior.

O elenco é respeitável. Quando podemos pensar que David irá obscurecer seus companheiros, vemos atuações brilhantes, principalmente da linda Evan Rachel Wood. Ela é ao mesmo tempo inocente e diabolicamente sensual. Tanto que é ela que reinicia o protagonista sexualmente. Já os pais da moça, são os estereótipos divertidos de religiosos norte-americanos(e devo dizer, não muito diferentes da geração brasileira de pentecostais). É claro que Larry David é a grande pedida do filme e não poupa um minuto sequer os personagens que ama.

Na sua definição de vida, não interessa a conjunção de gostos ou sua completa alienação. O amor é apenas aquilo que funcionar. Não importa se de um lado existe um existencialista supremo e do outro um racionalista fundamental, ou se mesmo duas pessoas que poderiam coexistir no mesmo espaço e tempo. O que importa para ele é que em todas essas conjunturas a pessoa seja feliz. Tudo pode dar certo!

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