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Livro: Ensaio sobre a cegueira


Não costumo postar resenhas de livros, mas a influência que alguns deles geram em minha pessoa, não consigo evitar. Após ler várias notícias sobre o novo longa-metragem de Fernando Meireles, baseado no livro de José Saramago, Ensaio sobre a cegueira, procurei imediatamente o livro. Me surpreendi com a visceridade que o escritor dá a sua obra. É um livro forte, com uma narrativa perturbadora.

Basta dizer que cada parágrafo é enorme, não há travessões para indicar falas, o texto é dividido praticamente por vírgulas e alguns pontos finais. Essa primeira impressão já causa estranheza e ajuda a criar o clima de perturbação que nos acompanhará no decorrer da história. A síntese já é caótica: uma epidemia começa a cegar a população, de uma maneira diferente. Ela não afeta o globo ocular e diferente da cegueira comum, cria uma névoa branca na visão da pessoa. Os primeiros doentes são rapidamente isolados em um manicômio abandonado e deixados a própria sorte. Entre eles, apenas uma pessoa consegue enxergar, e ela será o personagem central do livro.

O escritor não se preocupa em colocar nomes nos personagens, mas identificá-los por aquilo que nós os conhecemos. Cheia de metáforas e alusões, o livro mostra o declínio do homem perante uma adversidade natural. Da organização plena ao caos completo. A metade do livro é a mais pesada, mostrando os internos do manicômio vivendo em meio a fezes e violências ultrajantes. Saramago impõe um ritmo intercalado por conversas humanas e filosóficas, com cenas que mostram cada vez mais a parte negra da alma do homem. É no final dessa segunda parte do livro que após a morte de um personagem que o caos começa a dominar.

Nos últimos capítulos, contemplamos o futuro apocalíptico para aqueles que estavam soltos no mundo. Carros abandonados, cadáveres espalhados pela cidade. A humanidade em um estágio nunca visto antes, reduzidos a menos que animais, cada um lutando pela sobrevivência. Poucos traços de uma raça intelectualmente superior, acham-se nesses poucos sobreviventes.

Ensaio sobre a cegueira nos faz refletir sobre como realmente somos. Quando as cascas sociais começam a desaparecer, enxergamos a parte negra do nosso interior de uma forma que não esperávamos. Resta saber se o filme de Meireles, será tão forte quanto o livro de Saramago. O escritor se emocionou nas últimas cenas...

4 comentários:

Juliane Soska disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Juliane Soska disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Juliane Soska disse...

Eu curto histórias de epidemias e zumbis e etc
acho que eu vou curtir esse, caso eu leia
tem um filme bem legal, que chama O Exterminio. Passa na cidade de Londres e todo mundo vira zumbi, mas é um troço instantâneo...demais!Recomendo!!!

Juliane Soska disse...

TO LENDO!!!!


Bem bom!!!