Titanic estabeleceu recorde de público, insuperável até hoje. Mas, um filme conseguiu ter melhor desempenho que ele nos EUA, pouco tempo depois. Cidade dos Anjos, com Meg Ryan e Nicholas Cage, foi a febre do verão de 98. A história mostrava um anjo que se apaixonava por uma humana e desistia da imortalidade para passar o resto de uma vida mortal com ela. Com um final triste, o filme arrebatou corações e lançou o hit único da banda Goo Goo Dolls, Iris, que até hoje é uma das trilhas de filmes mais tocadas nas rádios. Brad Siberling, na verdade não tirou a história do nada. Cidade dos Anjos é um semi-remake de outro filme, do polêmico e diferente Wim Wenders. Muito mais filosófico, mas mesmo assim com igual ou até mais interessante romance, Asas do Desejo rendeu em 87 a palma de ouro de Cannes, para o diretor.
A história mostra os anjos como seres naturalmente invisíveis a todos, mas que acompanham cada pessoa, aconselhando e observando-as, durante todos os dias. Dividindo as experiências mais comuns do dia-a-dia, passam assim a eternidade, em seu mundo desprovido de cor e sentido. É quando um deles apaixona-se por uma trapezista de circo e decide tornar-se humano.
Utilizando uma película em preto-e-branco, Wenders conta uma história sensível e potencialmente filosófica. O eterno é enfadonho e desprovido de significado quando longe das pequenas coisas que nos tornam humanos. Dentro de um conversível os dois anjos recitam um para o outro, pequenas trivialidades que para eles parecem algo além da compreensão. Uma interpretação curiosa de cada um para aquilo que para nós parece simples. Acompanhando diversas pessoas ao redor da cidade, é quando buscam em suas memórias que o mundo parece adquirir cor. Quando a visão torna-se humana, deixa o preto-e-branco e fica colorida.
Além de tantos sentimentos e pensamentos desenvolvidos pelos personagens, é a paixão platônica do protagonista que chama a atenção. Ao desistir da imortalidade, é bombardeado por inúmeras sensações. O sangue coagulado em sua cabeça é uma diversão! Essa descoberta mostra o quanto a insensibilidade que cada vez mais desenvolvemos é perigosa.
Sem grandes efeitos, mas com ótimas tomadas, o diretor transforma a simples mudança de coloração no filme, em um movimento apoteótico que presenteia os pacientes. Sim, porque apesar de tudo, o filme pode ser um pouco cansativo para quem não estiver preparado. O resultado final é avassalador. A dança do protagonista com sua consorte no trapézio, enquanto seu colega anjo assiste, já dá idéia do que o "To be continued" significa daí pra frente. Os anjos continuarão se surpreendendo e aprendendo a cada dia com a humanidade...
2 comentários:
Olá, Misael! Gostei do comentário de "Asas do Desejo", um filme que vale sua classificação entre os 100 mais importantes da história do cinema.
Abraços
amo nicolas ele ta mais lindo q nunca neste filme bjs
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