Aglomerando

Aglomerando - Agregador de conteúdo

Netto Perde sua alma - Na semana Farroupilha, não há filme melhor para alimentar o espírito gaaúcho


Lançado no ano de 2001, Netto perde sua alma demorou mais de dois anos para sair em dvd. Depois de todo esse tempo, não é de se admirar que o filme não tenha feito tanto alarde, mesmo porque seu auge foi nas premiações do Festival de Gramado. Além disso, o filme só saiu para o público do DVD pela força que a série A Casa das Sete Mulheres teve na Globo e no resto do país.

A história acompanha duas guerras que o general Antônio de Souza Netto, participou, entre os anos de 1836-1866. Enquanto recupera-se de um grave ferimento na perna, recebe a visita de um antigo sargento com quem relembra as façanhas de guerra.

Os diretores Beto Souza e Tabajara Ruas dividem-se na direção do filme. Enquanto Beto cuida das partes técnicas, Tabajara se encarrega da adaptação do roteiro, baseado em seu romance de mesmo nome. Vemos como diverge a direção de cada um. Beto Souza é detalhista. Trabalha com uma bela fotografia, sabe fazer cenas grandiosas e belíssimas. Destaque para a cena da bandeira  que atravessa os dez anos de guerra que é de uma beleza poética muito forte. Assim como a bandeira foi destruindo-se, assim também a república rio-grandense perdeu seus objetivos e metas, depois de uma árdua guerra. Todos os prêmios e indicações foram bem merecidos.

Já a roteirização e os atores deixam muito a desejar. Apesar das grandes batalhas e cenas épicas, há também muitas partes desnecessárias no filme. A começar pela cena dos escravos no acampamento, que parece muito mais uma cena satírica, além do desinteressante e aquímico relacionamento do protagonista. Romance xoxo e sem sal, que acaba mal como começou. Claro, que quem colabora com esse monotonismo são os atores. Werner Schüneman é não mais do que um robô em cena, que decorou as falas de seu roteiro. Mesmo assim, as cenas finais dão um tom mais humano e menos duro para o general Netto. Outro desastre em cena, é o médico inglês do hospital, que chega a ser constrangedor de tão ruim. Um personagem importante, mal interpretado e mal utilizado. Por último, mas não menos importante, o interesse romântico do general que além de estranha, consegue usar um castelhano mais estranho que a própria personagem. 

Em compensação, outros personagens seguram bem em seu papéis. Mesmo que menores, é eles que levam o filme nas costas. Destaque para o sargento Teixeira, que guia Schüneman com habilidade pelas cenas. Destaque para o mirim que interpreta o escravo Milonga, também com boa interpretação, em certos pontos amedrontadora.

O resultado final do filme não é de todo ruim. Divertido e emocionante, lembra bastante do espírito gaúcho, sem ufanizá-lo demais. 

Nenhum comentário: