Aglomerando

Aglomerando - Agregador de conteúdo

Bobloteca: A cabana - William P. Young


Para inaugurar esta parte do blog, é interessante falar sobre um dos best-sellers de maior sucesso no último ano. Após tornar-se um fenômeno de venda nos EUA, o livro chega aqui discreto, mas emplaca. Rapidamente alcança sucesso parecido e mantém-se durante boas semanas na lista de mais vendidos. Seria mais um sucesso calcado unicamente na temática cristã que tanto atrai leitores norte-americanos? Ou realmente o livro tem algo diferente a oferecer?

A história parte de uma premissa simples: Após o desaparecimento e brutal assassinato de sua filha, Mack Allen Phillips afasta-se emocionalmente de sua família e culpa Deus pelo seu terrível destino. Após 4 anos, ele recebe um misterioso bilhete o convidando para um fim-de-semana na cabana, onde os indícios do assassinato de sua filha foram encontrados. E esse bilhete é assinado por Deus.

A narrativa começa simples, pelas palavras de um amigo de Mackie, e posteriormente, narração em 3ª pessoa. Os primeiros dois capítulos do livro seguem o know how da literatura americana, nada de espetacular ou inovador. Lembra bastante a linha seguida por Frank Peretti e Sidney Sheldon. Mesmo assim, a história acaba envolvendo aos poucos e surpreende na ousadia com que encara os diversos temas propostos.

A verdade é que qualquer literatura que lembre vagamente o meio gospel parece esbarrar em um muro invisível de dogmas e idéias conceituadas ao longo de 4 séculos. A natureza de Deus, o significado do pecado e as relações humanas são conceitos que não são abordados pela maioria dos escritores desse estilo por medo. Se o público alvo(na maioria dos casos, o cristão norte-americano médio) pensar que o escritor está com idéias diferentes demais do que sua tradição permite, pode sofrer rejeição e ter seu material abolido, tanto do meio que se propõe quanto do chamado meio secular.

São poucos autores que escapam dessa amarra com sucesso. C.S. Lewis, um dos maiores escritores ingleses do século passado, conseguiu com suas metáforasem as Crônicas de Nárnia e outras obras como o Grande Abismo, enxerga a religião sobre um novo prisma. William P. Young, o autor de A cabana, mexe em um vespeiro quando joga por terra muitas das tradições que o povo insiste em não aceitar um novo olhar. Mas, com um resultado extremamente positivo em dois público diferentes.

O livro é basicamente sobre o amor. Denuncia muitas vezes a falsa moralidade tão imposta como método para o céu e chega ao âmago da questão. Tudo se resume ao "ama ao teu próximo como a ti mesmo". A partir disso, o personagem começa descontruir-se em um turbilhão de emoções e sentimentos conflitantes. E aos poucos, essas emoções o forçam a entender a grande questão: Se Deus é tão poderoso, porque não acaba com o sofrimento da humanidade.

Não pretendo neste pequeno espaço esboçar todos os temas abordados no livro, mas ele oferece uma boa percepção que vai além do comum. Tanto para iniciados como para iniciantes. Um bom livro para o fim de semana, leve e descompromissado.

Assim como essa coluna.

Nenhum comentário: