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O que fazer em caso de incêndio? - Nostalgia dos tempos de idealismo


Os EUA tiveram um período de produções nostálgicas com o findar da era hippie. Muitos norte-americanos viveram ainda por um longo tempo, sustentando o sonho de um mundo melhor, baseado na paz e amor. O punk surgiu logo depois, como forma de critica à sociedade consumista, à padronização do povo, à perda de identidade. Na Europa comunista, isso chegou mais tarde do que o esperado e essa revolta mostrou-se ainda mais violenta, apoiada pelo movimento anarquista, no final da década de 80, fim do comunismo e perto da queda do Muro de Berlim. A abertura de O que fazer em caso de incêndio, relembra de forma incrível esses momentos de resistência. Os créditos iniciais apresentam uma energia que surpreende e empolga, com paródia aos quadrinhos franceses, além de apresentar um elenco de desconhecidos, de forma criativa. Mas, depois disso, o filme parece não se achar mais em sua proposta.

O filme mostra um grupo de anarquistas que monta uma bomba em 87. O problema, é que ela só detona 13 anos depois, quando a maioria dos 6 já têm emprego, família e outras responsabilidades, e apenas dois mantém viva a chama da revolução. Quando a polícia suspeita do grupo, invade a antiga casa e leva todos os vídeos feitos na década passada, o que pode levar todos à prisão.

Como eu disse, o filme tenta imprimir o tom nostálgico. Mas, por algum motivo, falha. O diretor Gregor Schniltzer tenta nos fazer entender a força que todos abandonaram a antiga vida e estão tentando parecer felizes, mas sentem um vazio no fundo da alma. Isso irrita bastante, a certo ponto. O roteiro também não contribui, quando desenvolve mal bons personagens e fixa-se somente no inexpressivo protagonista Till Schweigger, que por acaso tem um personagem raso demais em suas emoções e conflitos. O mais interessante deles, o publicitário amalucado, é tratado de forma confusa e volúvel, não dá pra entender muito bem.

O visual audaz do filme e a mensagem anti-americana, lembra bastante o excelente Clube da Luta, que critica de forma muito mais forte e potente o comportamento consumista, e, lógico, um visual muito mais elaborado. No final das contas, O que fazer em caso de incêndio? apresenta vários clichês, buracos no roteiro e personagens estranhos, mas diverte. Decepciona também e não se redime no fraco final. Afinal, se é pra protestar, vá com Tyler Durden.

3 comentários:

Juliane Soska disse...

parece ser legal.

lendo o post lembrei da falsa idéia que as pessoas têm sobre a anarquia.
cabe um programa de rádio. que tal?
hahahahaha

Misael Lima disse...

Exato. só parece. Olha os créditos iniciais e desliga.

Juliane Soska disse...

aaah, é esse que tu citou ontem?

mas o tema anarquia ainda me emociona...