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Anjos ou demônios? - Quando seres celestiais são meninos muito, muito levados

Anjos ou demônios? - Quando seres celestiais são meninos muito, muito levados

Religião é parte da vida da maioria das pessoas. Contar uma história no cinema com elementos religiosos é pedir pra levantar polêmica. Alguns filmes resolveram apostar nos anjos, não como crianças barrigudinhas seminus ou homens altos, loiros, de cabelos encaracolados e cobertos com um lençol, mas como seres ciumentos, vingativos e de saco cheio de Deus. Claro, que por ser um assunto muito delicado, a maioria desses projetos acaba sofrendo com o baixo custo de produção. Os investidores sabem o perigo de uma empreitada dessas...Por isso, nada melhor que separar 3 filmes que retratam a guerra dos primeiros filhos contra os "macacos falantes" que infestam a terra!

Anjos Rebeldes (The Prophecy / God's Army) - Dir.: Gregory Widen
Ano: 1995

Nota: 9 / 10

Produção de orçamento modesto, dirigida e escrita pelo roteirista da série Highlander e pioneira em mostrar o lado sombrio das forças angelicais, Anjos Rebeldes é um clássico inegável que beira a tosquice em boa parte do filme. A história surpreendentemente original, mostra um detetive que não conseguiu se sagrar padre investigando uma série de mortes estranhas. Ele descobre que o céu está em guerra há quase um milênio, pois Gabriel (Cristopher Walken) se rebelou contra Deus por sua preferência pelos seres humanos. Agora, o detetive deve proteger uma garota que serve de receptáculo para a alma de um cruel general e que irá acabar com a guerra, criando um segundo inferno nos céus. Em sua estreia na direção, Widen não poupa a mão no clima sombrio e pecaminoso do filme. Os anjos arrancam corações, violam túmulos, beijam homens e crianças (na boca!), torturam, empalam e tem uma fixação por postar-se como corvos em cima de túmulos. Nos céus, a moda parece ser o sobretudo de couro e coturnos. Ainda assim, o filme continua assustador e talvez até mais profano do que dez anos atrás. Não há redenção para Gabriel, apenas Lúcifer (Viggo Mortensen, excelente) comendo seu coração e gemendo de prazer. Aliás, as interpretações de Walken e Mortensen são o prato principal do filme, junto com as cenas estilosas (Gabriel incinerando o colega no necrotério é uma cena estilosa!) e efeitos bem feitinhos. Anjos Rebeldes vale pelo pequeno desafio que proporciona, sem se perder demais no melodrama.


Legião (Legion) - Dir.: Scott Charles Stewart
Ano: 2010

Nota: 3 / 10

Quinze anos depois, um orçamento consideravelmente melhor, basicamente a mesma história e efeitos especiais de ponta, não conseguem fazer de Legião um filme melhor. Ele até utiliza dois bons atores, assim como Anjos Rebeldes: Paul Bethany é Miguel, o anjo que não concorda com o fato de Deus ter ficado de saco cheio da humanidade e de sua decisão de aniquilar a raça humana, e Dennis Quaid, um homem que perdeu a fé (não diga...) assim que sua mulher morreu. Para evitar a extinção da humanidade, eles se refugiam em uma lanchonete no meio do deserto (com o nome de Paradise Falls, ótima sacada), com um estoque de armas de dar inveja à Matrix, esperando pelas hordas de anjos que pretendem matá-los. Pra variar, Gabriel é o babaca que acha que todo mundo tem que morrer mesmo, enquanto Miguel vai tentar convencer Deus de que ele está errado.
Você pode pensar "Uau, ótima ideia!". E realmente funciona. Até os 30 primeiros minutos do filme. Depois de apostar em um pouco de Gore e uma cena sensacional quando um carrinho de sorvetes se aproxima da lanchonete, o filme vira uma breguice melodramática e totalmente B. São cenas com fotografia iluminada por velas, soluções fracas (a horda de humanos zumbis), enrolação em todas as histórias secundárias e um final tosco de fazer dormir. Nem por Paul Bethany vale assistir. Ou seja, entre esse e Anjos Rebeldes, fique com o antigo.

Dogma - Dir.: Kevin Smith
Ano: 1999

Nota: 7,5 / 10

Kevin Smith vinha de uma carreira de obras de baixo orçamento, prestigiada pela crítica por seus ótimos diálogos e o mergulho na cultura pop que faltava nos anos 90. Essa foi a década de ouro do diretor que teve nos anos 2000 uma queda radical de qualidade. Dogma, infelizmente, parece prenunciar isso. A trama, novamente, é interessante: Dois anjos caídos descobrem a promoção de uma igreja que promete perdoar qualquer pecado e decidem viajar até lá para para voltarem ao paraíso. O problema é que se fizerem isso, o universo será destruído. Um grupo de desajustados (entre eles Jay e Silent Bob) tem a missão de impedi-los a qualquer custo. A dupla de protagonistas é de botar inveja em qualquer diretor: Matt Damon e Ben Affleck, ambos vencedores do oscar de melhor roteiro por Gênio Indomável no papel dos anjos que decidem fazer uma limpa no mundo, assassinando inclusive uma megacorporação que planeja construir o parque do bezerro de ouro.
O problema é que o filme promete muito e cumpre pouco. Como Kevin Smith é um católico assumido, não tem coragem de ir mais fundo justamente nos dogmas e parece raso. Assim, tudo que acontece é revertido quando ao final, tudo acaba da melhor maneira possível e todos ficam bem.
Ainda assim, Kevin Smith é Kevin Smith e o filme vale pelas ótimas referências e até pelo elenco que não deve em nada para filmes de grande orçamento. Mesmo quando faz um filme menor, Kevin Smith ainda é um dos maiores roteiristas e diretores do cinema mundial.

Um comentário:

Anônimo disse...

E ainda temos Alanis fazendo o papel de Deus! hehehehe

Verdade, acho Dogma meio fraquinho pra uma dupla de protagonistas tão bons...

Anjos Rebeldes é um clássico. Gosto muito dos filmes com Christopher Walken.

Já esse Legião não assisti ainda... Melhor eu nem perder meu tempo também né? rs...