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A Última Tentação de Cristo - Uma das melhores adaptações, da maior história de todos os tempos


Chega a época de Páscoa, voltam as adaptações sobre a história de Cristo, assim como no natal, os cinemas e locadoras enchem de diversas histórias malas e sem graça do feriado. A Globo exibe o mesmo santo filme a 10 anos, a Record passa agora a Paixão de Cristo, mas todo mundo renega uma das melhores obras baseadas na história de Jesus. Adaptado do romance de Nikos Kazantzakis pelo polêmico diretor Martin Scorsese, o filme oferece uma visão muito mais humana e menos misteriosa do messias, enfocando a batalha entre alma e espírito que fazem parte de nossa natureza.

Como todos conhecemos a história, basta dizer que o filme mostra essa luta do homem predestinado a ser o messias e morrer na cruz e aquele que deseja simplesmente ter uma família, filhos e viver sua vida.

Encabeçando o elenco, o excelente Willem Dafoe(o Duende Verde, de Homem-Aranha), que começa estranho e parece perdido no papel principal. Acontece que isso faz parte da composição do personagem. Aos poucos, o messias conhecido das escrituras vai surgindo através do carpinteiro relutante. O encontro com João Batista, em um culto primitivo no Jordão é a confirmação da divindade e posterior batismo do Cristo. A partir daí, a estética delicada do diretor joga com fatos conhecidos da vida de Jesus de forma única. A cena da tentação no deserto é uma das melhores já feitas. A convocação dos discípulos, as primeiras missões e a revolta no templo são cenas grandiosas, que não tiveram o destaque merecido no cinema mundial.

O que mais choca as pessoas, talvez seja essa humanização de Jesus, que incomoda a maioria dos cristãos e fez com que a Igreja Católica considerasse o filme herético, assim como diversos países que proibiram a sua exibição. Isso porque, em seus momentos finais na cruz, surge a verdadeira última tentação do messias: um anjo, que se diz mandado por Deus, tira Jesus da do seu sacrifício e o leva a ter uma vida normal. Lá ele casa com Maria Madalena, que desejara por toda sua vida, tem filhos e mesmo amantes. Vive uma vida plena e mostra-se satisfeito. Velho já, prestes a morrer, recebe uma visita de seus discípulos e descobre a duras penas a verdade: o anjo era na verdade Satanás e o Messias sucumbira.

Arrependido, o Cristo caído arrasta-se por escombros e implora o perdão de Deus e a chance de concluir sua missão. Em uma cena grandiosa, vê-se de volta à cruz, no exato momento onde fora buscado. Um Jesus feliz e completo aceita seu sacrifício e morre.

Falho em seu momento final, Jesus reflete a natureza humana já conhecida. Não é mais aquele ser tantas vezes retratado como misterioso, intocável. É humano, padece das mesmas dificuldades e horrores. Tem medo. Erra, tenta consertar. Como nós, não entende a mensagem de Deus em muitas partes de sua vida. Vê rapidamente sua mensagem ser deturpada pelas pessoas próximas e até mesmo por seus futuros seguidores(Paulo em certa cena declara que "As pessoas fazem o que eu mandar, se for em nome de Cristo").

Apesar do filme declarar-se ficção, é difícil o espectador não se envolver com a história. Por isso mesmo, uma excelente dica que fica para a Páscoa, mais um período de reflexão abolido pelo consumo e por obras que mesmerizam o público, sem oferecer qualquer tipo de elemento diferencial para o espírito.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom seus comentários, sempre q quero assistir um filme dou uma olhadinha aqui antes!!!